Os 20 anos de Nevermind

Natália Rangel_247 – Há três dias do aniversário de lançamento do álbum Nevermind, da banda americana Nirvana, diversas homenagens já estão engatilhadas para lembrar a data em que o grunge seria catapultado das garagens do rock alternativo para a fama, com direito a registro na Biblioteca do Congresso americano como obra “cultural, histórica e esteticamente importante” do século XX. Até então, os roqueiros desleixados com suas camisas de flanela xadrez que frequentavam o underground de Seattle ou Chicago eram tidos como músicos outsiders, que jamais fariam parte das engrenagens da milionária indústria do rock.

Eles próprios encarnavam o estilo “looser” e nem sonhavam em abraçar o mundo, como acabou acontecendo. A faixa que estourou nas paradas, Smells like teen spirit, tem trechos totalmente idiotas, cheios de ironia, como: “I'm worse at what I do best/And for this gift I feel blessed/Our little group has always been/And always will until the end". Em um outro trecho os versos que dariam o título do álbum, e que é a cara do grunge: “And I forget just why I taste/Oh yeah, I guess it makes me smile/I found it hard, it's hard to find/Oh well, whatever, nevermind”. Dependente químico, deprimido e muito perturbado, Cobain morreria três anos depois.

O despretensioso álbum, Nevermind, surpreendeu a própria gravadora vendendo 300 mil cópias por semana – a expectativa é alcançasse 250 mil no ano. Em um mês desbancou, com a música “Smells like teen spirit”, o hit “Dangerous”, de Michael Jackson, como a mais tocada da Billboard.

Em poucos meses, Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl se transformaram em astros do rock e o sucesso de Nevermind fez com que as gravadoras decidissem investir em outros grupos independentes, antes só conhecidos por meio de fanzines e apresentações em clubes pequenos ou festivais universitários. Neste boom dos independentes, ganharam fama outras bandas como Pearl Jam (com o CD Ten) e Soundgarden (com Badmotorfinger), entre outros grupos. O cenário seria rapidamente interpretado como berço de um novo gênero musical que reunia particularidades sonoras, mas também de atitude e comportamento – o pacote completo eleito pela mídia especializada seria batizado de Grunge, embora os seus protagonistas nunca tenham aceitado realmente o rótulo.

Entre as homenagens que o Nirvana ganhará nos próximos dias, está o site Nevermind20 que resgata toda a história da gravação do CD e traz diversas informações de bastidores sobre o álbum. Há também entrevistas e declarações de nomes como Mark Ronson, Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys, Chris Cornell, Eddie Vedder, do Pearl Jam, Flea, do Red Hot Chilli Peppers, e do próprio Dave Grohl, vocalista do Foo Fighters e que foi baterista do Nirvana até o fim da banda em 1994. Outra celebração acontece no festival Scotiabank Nuit Blanche, em Toronto, no Canadá. Nele a música “Smells like teen spirit” será tocada 144 vezes seguidas no evento batizado pelo organizadores de “Uma breve história da rebeldia”. Diversas bandas tocarão suas versões do hino grunge durante 12 horas. Os grupos confirmados até agora são ilustres desconhecidos como Tokyo Police Club, Flatliners, Woodhands, Gallows, D-Sisive, Junior Battles e Buck 65.

O BAÚ DO GRUNGE – Composta por quatro CDs e um DVD, caixa de luxo com 30 mil cópias inclui raridades, versões antigas e remix. Entre as gravações especiais, estão versões de Breed e Polly feitas no estúdio do produtor americano Butch Vig que não entraram no disco, mas eram as preferidas de Kurt Cobain, por serem mais “sujas” que a oficial trabalhada por Andy Wallace. Há também ensaios de faixas como Territorial pissings, Old age e Verse chorus verse. Além do show em DVD do Nirvana no teatro Paramount, em Seattle. O material virá com uma remasterização de demos originais, lados B, reedições de shows.

Ouça versão de Smells Like Teen Spirit mixada pelo produtor Butch Vig e comentários dele sobre a canção Polly, faixa de Nevermind