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Cultura

Os 25 anos da Tribo de Jah

A banda maranhense que difundiu o Reggae Roots no Brasil completa seu jubileu de prata

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Por Khalil Gibran – A banda não é assim tão desconhecida, porém, você conhece sua obra e sua história? O grupo que contribuiu de forma significativa para que a cidade de São Luiz - MA fosse reconhecida como a “Jamaica brasileira”, chega aos 25 anos de carreira com 14 discos, 02 dvds, turnês pela Europa e uma independência bem articulada que o mantém circulando por todo o território nacional.

A história da Tribo de Jah iniciou-se na Escola de Cegos do Maranhão, onde se conheceram cinco músicos, sendo quatro deles cegos e um com visão parcial. Neste lugar viviam em regime de internato e lá começaram a desenvolver o gosto pela música, improvisando instrumentos e descobrindo timbres e acordes. Posteriormente, os amigos formaram uma banda e passaram a realizar shows nos bailes populares da capital e outras cidades do interior do estado, fazendo covers de seresta, reggae e lambada.

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Nessa mesma época, aportava na ilha Fauzi Beydoun – até então radialista – paulista da cidade de Assis que trazia, além da excentricidade do nome que sua descendência libanesa e italiana lhe conferia, um timbre de voz único, que conquistara o público da ilha.

O movimento do reggae crescia rapidamente no Maranhão e as famosas “radiolas” – potentes equipamentos de som que eram utilizados para festas de reggae em clubes da cidade – já tomavam conta do cenário cultural local. Nesse meio tempo, Fauzi também foi dono de “radiola” e, carismático por natureza, tornara-se uma figura muito querida na cidade, o que o impulsionou a se aventurar num sonho antigo: montar uma banda de reggae.

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O radialista soube de alguém que estava vendendo os instrumentos de uma banda de baile, mas o que ele não sabia é que com a venda desses equipamentos, os músicos Frazão, Neto Enes, Aquiles Rabelo, João Rodrigues e Zé Orlando ficariam desempregados. Fauzi resolveu, então, convidá-los para partilhar um sonho ousado: montar uma banda de reggae roots. Convite aceito de cara. Começaria aí uma história de luta, superação e sucesso.

Fundada no ano de 1986, sem gravadora, sem dinheiro, sem referência nacional no estilo e com cinco músicos deficientes visuais, a Tribo de Jah levaria nove anos até conseguir gravar seu primeiro disco, “Roots Reggae” (1995), de forma totalmente independente. A essa altura, já haviam enfrentando graves dificuldades financeiras, vaias e outras barreiras que fizeram, por vezes, Fauzi e amigos pensarem em desistir de seguir com a banda, o que para a sorte da nossa música, não aconteceu.

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Logo no primeiro disco, o grupo maranhense mostrava a que vinha, emplacando sucessos consecutivos em rádios sem nenhum investimento de “jabá” ou mídia televisiva. Canções como “Babilônia em Chamas”, “Regueiros Guerreiros” e “Neguinha” mostravam todo o potencial criativo do grupo e destacavam Fauzi como grande compositor com canções que traduziam toda a mensagem do reggae de amor, paz e libertação das mentes, aliadas a letras poéticas e melodias pegajosas. Seria uma questão de tempo para uma plataforma muito comum nessa época, ajudar a difundir a música da Tribo pelo restante do país. A fita cassete seria a grande aliada na divulgação do Roots Reggae.

Porém, ao contrário do que pensava a maioria das pessoas, o sucesso de um grupo não trouxe, de imediato, o devido retorno financeiro e o reconhecimento no meio artístico que se imaginava. Fauzi acumulou muitas histórias de moradias precárias em São Paulo, canos de produtores, inclusive até em grandes compras dos seus discos, ou mesmo shows com estruturas que chegavam a colocar em risco a integridade física da banda, mas o tempo passava e a cada disco que o grupo gravava um público maior ainda era arrebatado pela boa energia, que ficava ainda mais evidente durante as apresentações ao vivo.

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Vencidas as dificuldades, a Tribo de Jah estabelecia-se como uma das bandas mais importantes da música brasileira, conquistando discos de ouro, fazendo turnês no exterior e descobrindo novas maneiras de sobreviver no mercado da era digital. Vale ressaltar também que a Tribo foi a primeira banda de reggae a incluir elementos da música nordestina em seus arranjos, gravações e composições.

Passados 25 anos a banda tem seu próprio escritório em São Paulo, produz todo o seu material promocional, realiza seus contatos com produtores em todas as partes do país e partirá, ainda em 2011, para o projeto mais ousado de sua carreira: a gravação do DVD acústico, comemorando seus 25 anos. Projeto que tenho a honra de dirigir.

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Como músico, tive o prazer de dividir o palco com esses queridos amigos em algumas oportunidades. Como produtor, também pude realizar shows da banda e, principalmente, uma belíssima palestra com o grupo na cidade de Fortaleza, onde eles contaram toda a história de luta e superação da banda. Foi um momento emocionante com uma plateia repleta de pessoas com algum tipo de deficiência e que queriam ver ou ouvir, de perto, a história de como é possível realizar seus sonhos apesar de...

Porém, é sem nenhum pesar que o grupo relata, de forma bastante descontraída, toda sua experiência. Um momento que recomendo aos produtores e contratantes. Assim como o show maravilhoso, maduro e que traz em suas luzes e acordes valores que vão além da música. Um show que conta algo sobre amizade, respeito, amor, superação e sonhos bem sonhados.

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Ah! Quase esqueci de falar: a Tribo de Jah é a maior banda de reggae do Brasil! E sou eu quem está dizendo. Não é eleita por nenhuma gravadora, revista Cult, ou canal de tv. Está eleita por mim e por você.

Para conhecer mais sobre a banda, baixar discos, clipes e outras peripécias, acesse: http://www.tribodejah.com.br

Segue uma memorável performance em “Regueiros Guerreiros”.



E “Uma Onda Que Passou”.

 

Khalil Gibran é cantor, compositor e produtor cultural. www.twitter.com/khalilgoch

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