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Cultura

Pacotão, sempre na contramão

Livro conta a histria do bloco mais tradicional de Braslia e mostra como folies protestam desde 1978; autor precisa de patrocnio para public-lo

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Natalia Emerich_Brasília 247 – O engenheiro Fernando Fonseca, 58 anos, tem faro e vocação de pesquisador. Já publicou livros sobre o Lago Paranoá, a estação ecológica de Águas Emendadas e o bar Beirute. Agora está esperando patrocinador para publicar "Pacotão na Contramão", um relato dos 33 anos do bloco carnavalesco que tem como marca a crítica a governos e políticos, sem livrar a cara de nenhum.

Em seu primeiro desfile, em 1978, o Pacotão saiu pela contramão na W3. A moda pegou. E desde então não há período carnavalesco em que a imprensa não se refira ao Pacotão como "irreverente". Irreverência que Fonseca incorporou até na paginação de seu livro, que começa pela última página. Se o leitor quiser ler pela mão certa, vai se deparar com a palavra "Fim" na primeira página. 

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Além das famosas frases expressas nas faixas durante mais de três décadas, as 412 páginas trazem depoimentos de foliões, fotografias e curiosidades sobre a história do bloco até a edição deste ano. "A pretensão da obra é resgatar a memória cultural da cidade", diz Fonseca. "Eram informações perdidas, cujos registros estão indo pelo ralo e decidimos preservá-las."

 

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Faixas criadas pelos foliões

O Pacotão foi criado por jornalistas que, reunidos no Clube da Imprensa, decidiram dar uma movimentada no fraco carnaval brasiliense. Pouco tempo antes o governo militar havia fechado o Congresso e editado o "pacote de abril", com medidas autoritárias. No espírito da época, o grupo uniu então a diversão ao protesto. O bloco recebeu então o pomposo nome de Sociedade Armorial Patafísica e Rusticana O Pacotão.

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"Quem participava do Pacotão esculhambava todo mundo que merecia", lembra Fonseca. Ao longo dos anos quase todos os fundadores do Pacotão deixaram o bloco e outros assumiram o comando. Mas o presidente é o mesmo desde 1978: Charles Preto, personagem fictícia criada para ironizar o então diretor do Departamento de Turismo, Carlos Black, que queria enquadrar o bloco em normas de desfile nas ruas – sem o menor sucesso, claro.

"Pacotão na Contramão" está pronto, mas falta dinheiro. Não há patrocinadores para o projeto e o custo para a impressão de 3 mil exemplares é de R$ 150 mil. Uma estatal quase aceitou o desafio, mas desistiu na reta final. O temor foi a exposição escrachada de figurões da política atual na história do bloco.

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Os livros serão doados ao Sindicato dos Jornalistas do DF. O dinheiro arrecadado com as vendas será revertido para o Clube da Imprensa, onde o bloco nasceu. O clube acumula dívidas que somam mais de R$ 660 mil – principalmente com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – e tem fluxo de caixa negativo, de cerca de R$ 25 mil mensais.

"O lucro com os exemplares não quitará os débitos acumulados pelo clube, porém dará condições para investir novamente em atividades culturais", explica o presidente do Sindicato dos Jornalistas do DF e do Clube da Imprensa, Lincoln Macário.

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