Palhaços comemoram e protestam nas escadarias do Municipal
Em frente ao Teatro Municipal de So Paulo, palhaos celebraram o dia do circo - comemorado hoje - epediram o fim das leis de incentivo fiscal e a aprovao de uma lei de fomento ao teatro nacional
Agência Brasil - Muito riso e muita alegria. Mais de 50 palhaços tomaram conta das escadarias do Teatro Municipal de São Paulo para celebrar o Dia do Circo e relembrar os 90 anos da Semana de Arte Moderna. As apresentações, que ocorreram durante todo o dia, chamaram a atenção das pessoas no centro da capital paulista. Por volta das 13h, como parte da programação comemorativa, palhaços, artistas circenses, crianças e curiosos saíram em caminhada, chamada de “palhasseata”, pelas ruas da região.
Ao som de músicas e apitos, os palhaços fizeram o percurso entre o Teatro Municipal e o Largo do Paissandú animando as pessoas que passavam pelo local, entre elas, Regiane Rodrigues, que acompanhava o filho Cauã, de 8 anos. “Viemos prestigiar este dia tão especial. Um espetáculo maravilhoso. O Cauã está adorando”, disse.
No Largo do Paissandú, os palhaços fizeram uma breve parada, dando as mãos em círculo para festejar a data com a população e relembrar o antigo Circo Piolin, que ficava no local. No Brasil, o Dia do Circo é comemorado no dia do nascimento do palhaço Piolin, símbolo do circo brasileiro, personagem criado por Abelardo Pinto (1897-1973).
No Teatro Municipal, logo após a caminhada, os palhaços deram início a um banquete antropofágico, onde “comeram” o palhaço Piolin, repetindo o banquete feito em 27 de março de 1929 por 32 artistas modernistas. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, o ato simbólico de “comer Piolin” representava, para os modernistas, os antropófagos comendo o inimigo para adquirir suas qualidades.
A comemoração teve também a presença de palhaços de outros países, como o chileno Condorito. “Sou de família circense. Trapezista não deu por causa da barriga grande. Cama elástica cansa muito. Melhor é ser palhaço, que dá alegria às crianças”, declarou.
O brasileiro José Odair Casarin, palhaço há 33 anos, não parava de mexer com as pessoas. “Eu sou o palhaço Bacalhau, aquele que é bom e não faz mal”, brincava, fazendo o público ri. “O circo é nossa vida. Temos o circo no coração, na alma e é a coisa mais linda saber que ainda se comemora o dia do circo”, disse.
Encantadas com o ambiente, as crianças não tiravam os olhos de tudo o que acontecia em frente ao teatro. “Vim ver o circo e o teatro. Acho super divertido”, disse Dora Percassi, de 8 anos, que declarou adorar os palhaços. “Eles deixam as outras pessoas felizes. Elas riem e ficam mais alegres”, completou.
A comemoração também teve o seu momento de protesto e reivindicação. Vários atores se juntaram aos palhaços nas escadarias do Teatro Municipal para pedir o fim das leis de incentivo fiscal e a aprovação de uma lei de fomento ao teatro nacional. “Hoje é o Dia Internacional do Teatro e estamos nos manifestando contra a privatização da cultura, a falta de verba, o corte de orçamento do Ministério da Cultura e a falta de visão para a cultura nos âmbitos federal, municipal e estadual”, disse Fernanda Azevedo, atriz de uma companhia de teatro.
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