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Cultura

Por uma biblioteca virtual de jornalistas brasileiros

As coletâneas recentes do “Pasquim” são iniciativas que deveriam servir de exemplo e demonstram ser possível eternizar em boas edições o que se esfarelava no fundo de sebos

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Quem já procurou na internet textos jornalísticos de autores como David Nasser, Carlos Lacerda, Elio Gaspari, Joel Silveira, entre tantos outros e após horas de busca desistiu? Acredito que muitos já concluíram, desolados, que pesquisa do tipo é pura perda de tempo e que apenas alfarrábios e bibliotecas são fonte de pesquisa neste setor.

A internet é ainda incipiente em cultura jornalística, pelo menos no Brasil. As empresas ainda disponibilizam somente para assinantes, e mesmo assim as poucas que digitalizaram seu acervo, muitas já fecharam suas portas, tornando assim a tarefa de se recuperar digitalmente seu material missão quase impossível.

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Como digitalizar e disponibilizar na internet toneladas de textos de David Nasser e Millor Fernandes em “O Cruzeiro” sendo que os colecionadores são raros e ciosos (com razão, diga-se) de suas coleções? Ou textos de David Nasser e Carlos Heitor Cony em “Manchete” (revista que no início da década de 50 teve como Diretor Helio Fernandes, com textos memoráveis sobre o segundo Governo Vargas)?

A Biblioteca Estadual da Praça da Liberdade tem a coleção completa (ou quase) da “Manchete”e outro órgão público de BH tem a coleção completa (ou quase) de “O Cruzeiro”, mas a disponibilização deste material na internet parece ser problemática. A burocracia e mesmo a condição física destas coleções torna o processo dolorosamente lento e oneroso. Não se sabe a quem culpar por isto, esta que é a verdade.

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Há casos mais desesperadores ainda: coleções de revistas que desapareceram. Como recuperar os textos de Tarso de Castro na revista “Afinal” (revista com excelentes matérias de jornalismo investigativo da década de ’80)? Não sei se a editora que a publicava ainda existe, e os textos parecem mesmo destinados aos sortudos que por acaso encontrem algum exemplar dando sopa em sebos de revistas (sorte que nunca tive). Falando em Tarso de Castro, seus textos na “Folha de S.Paulo’ e na “Folha da Tarde” (já na fase final de sua carreira e vida) continuam indisponíveis enquanto seu folclore pessoal rende livros .

As coletâneas recentes do “Pasquim” são iniciativas que deveriam servir de exemplo neste setor de livros jornalísticos e demonstram ser possível eternizar em boas edições o que se esfarelava no fundo de bibliotecas e sebos. E o que vira livro pode (e deve) virar conteúdo disponível ainda que mediante algum pagamento.

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Deveria haver algum estímulo para colecionadores e empresas disponibilizarem estes tesouros que são, mais até que muitos “projetos”, parte indispensável da produção cultural deste País, e não vejo intelectuais clamarem para este uso necessário da Lei Rouanet. É como se nossa história fosse algo a ser jogado no lixo, enquanto questiúnculas são discutidas .

Claro que contamos com uma classe política das mais interessadas em tratar este material como papel sujo, a educação política do brasileiro avançaria se contasse com o auxílio de bons textos jornalísticos que escreveram a história de seu tempo e serviriam fatalmente como aliados na compreensão do que se passa hoje com o Brasil. Melhor, portanto, deixar a massa ignorante de história recente, acreditando que o Brasil dos sonhos começou há 9 anos, se tanto Tarso de Castro, Paulo Francis, Helio Fernandes, entre tantos, são incômodo remédio para a amnésia e conformismo.

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Que demais aficcionados se batam por uma verdadeira biblioteca do jornalismo brasileiro na internet, doando acervos para portais, enviando sugestões, organizando manifestos.

É nossa memória coletiva que demanda por este esforço, nosso presente e nosso futuro.

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