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Cultura

Ricardo Stuckert: “Lula deu dignidade ao brasileiro”

O fotógrafo Ricardo Stuckert abre seu arquivo de memórias e conta como foi e é acompanhar o ex-presidente Lula pelo Brasil e pelo mundo. Ele critica a imprensa, sua censura ao PT - “a grande imprensa não foi correta com a gente” - e destaca o significado de Lula: “quando você tira 35 milhões e pessoas da pobreza, você deu dignidade para essas pessoas”

Ricardo Stuckert fala sobre Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Gustavo Conde, especial para o Brasil 247 - Fotógrafo celebrado no Brasil e no mundo, Ricardo Stuckert abriu seu arquivo de memórias e percepções políticas e revelou que não fala apenas por imagens. Stuquinha, como é carinhosamente chamado por amigos mais próximos e pelo ex-presidente Lula, relatou suas experiências com as comunidades indígenas, criticou a imprensa, lembrou momentos marcantes com Lula e lamentou a polarização política exacerbada que tomou conta da sociedade brasileira. 

Vindo de uma imensa família de fotógrafos (são 33 profissionais pela sua última contagem, possivelmente a mais numerosa família de fotógrafos do mundo), Stuckert nasceu no centro do poder há 50 anos: Brasília, 5 de março de 1970. Seu pai, o fotógrafo Roberto Stuckert, chegava ao planalto central para cobrir a construção e a inauguração da capital federal. 

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De lá para cá, a relação de amor com a fotografia só fez crescer. Stuckert praticamente nasceu com uma câmera fotográfica na mão. Traçou uma carreira intensa. Passou pelas principais revistas e jornais do país (Veja, Caras, Istoé, O Globo) ao mesmo tempo em que ia realizando um trabalho autoral, delicado e singular, já captando o sentimento nas expressões políticas do poder e a humanidade contida nas expressões populares do olhar indigenista. 

Toda essa amálgama estética acabou por compor um conjunto monumental de registros fotográficos na esteira do operário que se tornou presidente e que direcionou o olhar de Stuckert para o povo, numa das simbioses técnicas mais impressionantes já registradas entre fotógrafo e fotografado. 

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Mas Stuckert não é só isso. Seu olhar para os indígenas brasileiros tem fortes marcas políticas, ainda mais quando estes indígenas sofrem um processo de genocídio por parte do governo brasileiro (já são mais de 600 indígenas mortos pela covid e 20 mil infectados, segundo a Apib). 

Stuckert fala pelas imagens, mas também da maneira clássica. Na entrevista de mais de duas horas que concedeu a este missivista, havia a sensação inicial de um acúmulo prestes a desaguar (e desaguou). 

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Stuckert falou da sua relação com os povos indígenas, de seu amor pela fotografia - praticamente sua ‘língua materna’-  e do convívio com uma das mais intensas agendas da história política. 

Stuckert era (e é) unha e carne com Lula. Esteve onde Lula esteve, viu o que Lula viu, sentiu o que Lula sentiu. Nas reuniões de cúpula, na ONU, nos Brics, nos acordos de paz, nas incursões mais ousadas em meio a corredores diplomáticos improváveis - para países com síndrome de vira-lata - como o mundo árabe, o africano e o asiático, enfim, em todas as oportunidades que constituíram um dos maiores fenômenos de luta global pela democracia (as viagens de Lula), Stuckert estava lá, como o protagonista das imagens invisível por ofício. 

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O fotógrafo tem histórias. Quando esteve com Lula na Casa Branca, entrou antes na sala reservada ao encontro de chefes de Estado com Obama. Quando Lula apareceu e viu os dois - Stuckert e Obama - disse ao primeiro, em tom afetuoso: “O que você tá fazendo aí?”

Era a regra, uma vez que Lula tinha (e tem) a admiração do mundo inteiro. Stuckert testemunhou a dimensão da imagem positiva do Brasil no exterior e, sem exceção, por onde a comitiva brasileira passava, era mais do que bem recebida: era tratada com destacada deferência. 

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Esse acúmulo acabou por dar a Stuckert um imenso substrato para compreensão política dos povos do mundo. Mas toda essa vivência só foi mobilizada no desterro em que se transformou o Brasil, na perseguição a Lula (que ele também testemunhou, sentiu e sofreu), nas destruição da democracia, no golpe contra Dilma Rousseff, na propagação do ódio por setores da imprensa tradicional e na eleição fraudulenta do mais abominável dos seres - antítese absoluta de Lula -, Jair Bolsonaro. 

Toda essa dor que está ainda se acumulando em parcela significativa do povo brasileiro é a mesma dor de Stuckert. É a dor que faz disparar a necessidade de se afirmar politicamente, sem medos e sem o terrível constrangimento pequeno-burguês que, afinal, nos assaltou a todos - na omissão coletiva do país diante do golpe explícito e violento de 2016. 

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Stuckert fala através das imagens, mas também fala através do coração - a significação, afinal, é universal, e pode estar presente em uma fotografia e ao mesmo tempo em um enunciado ou discurso. 

Eis a densidade das imagens de Stuckert: suas leituras de Lula junto ao povo, dos indígenas em suas comunidades, são ‘enunciados’: ele mostra ao país aquilo que as elites do país tentam invisibilizar de maneira obsessiva: Lula, os indígenas, o povo negro, o trabalhador, o pobre, a coletividade. 

As imagens de Stuckert falam por si, mas falam também por ele, Stuckert: ele sabe o que fotografa e fotografa sobre o que sabe (sobre o que aprendeu a ‘significar’, através dos enquadramentos, perspectivas e modulações de luz). 

A transcrição da fala de Stuckert, funciona - portanto e por assim dizer - como uma fotografia. Vejam o que ele é capaz de dizer: “a grande imprensa não foi correta com a gente. Se eles mostrassem os dois lados, a gente nem teria uma discussão aqui. Mas eles esconderam. Então, quando você esconde, o que chega para as pessoas num celular o dia inteiro? Informação pela metade.”

Diretor de fotografia do filme indicado ao Oscar, Democracia em Vertigem, dirigido por Petra Costa, Stuckert ainda lembra da excessiva polarização política do país no momento da nomeação: “as pessoas não celebraram um filme brasileiro ter ido à Hollywood concorrer ao Oscar”. O fotógrafo lembra estupefato: “amigos meus pararam de falar comigo [por conta da indicação do filme, que conta a história do golpe de 2016 contra Dilma Rousseff]”.  

Esse é Ricardo Stuckert: 

“Até um tempo atrás, pesquisas diziam que o brasileiro era o povo mais feliz do mundo. E agora, não tem essa felicidade mais.”

“O governo Lula tirou 35 milhões de pessoas da pobreza. Qual governo do mundo que fez isso? Então, você teve um governo que olhou para as pessoas. E hoje você tem o desgoverno, que não olha para as pessoas, que não olha para os indígenas, para os negros”

“A gente tem que olhar para o passado para entender que o passado foi tão importante pra gente e a gente tem que dar valor, porque se a gente não der valor ao passado, a gente vai continuar nesse presente e esse presente vai virar um futuro incerto.”

“Quando você tira 35 milhões e pessoas da pobreza, você deu dignidade para essas pessoas”

“O governo Lula deu condições para as pessoas estudarem. Quando ele dá educação, ele dá dignidade. Só que a imprensa vendeu que isso era mérito da pessoa que estudou. Mas se essa pessoa não tivesse tido condições para estudar - Lula inaugurou mais de 16 universidades, mais de 136 campi - como ela teria esse mérito? Olha o que a gente está vivendo hoje: o governo diz que os 600 reais que estão indo para os atingidos pela quarentena é mérito dele, governo, mas o governo queria dar 200 reais. O mérito é do PT, que brigou para aumentar o benefício e venceu! Isso ninguém fala!”

Assista a entrevista com Ricardo Stuckert: 

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