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São Paulo abre retrospectiva com 145 obras de Lygia Clark

Trabalhos da artista mineira, expoente do concretismo, estão expostas no Itaú Cultural

São Paulo abre retrospectiva com 145 obras de Lygia Clark (Foto: Divulgação)

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Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – As obras sensoriais e neoconcretas da artista plástica Lygia Clark podem ser vistas a partir deste sábado  (1º), no Itaú Cultural.

Os trabalhos da artista mineira, que ficam expostos até 11 de novembro, chegam a São Paulo de forma bastante interativa, disse Paulo Sergio Duarte, um dos curadores da mostra, em entrevista à Agência Brasil. Em se tratando do trabalho de Lygia Clark, a palavra correta não é interatividade: é participação, explicou Duarte. Para ele, nos trabalhos da artista, o público é, sim, parte da obra.

“O sujeito que participa da obra é parte dela. Ele não interage com a obra. Não é uma obra exterior a ele, que ele [simplesmente] manipula. Ele é parte da própria obra. Ela não existiria sem ele”,acrescentou. Na visita à mostra, o público vai ser convidado, por exemplo, a usar um par de sapatos magnetizados para percorrer o solo da obra Campo de Minas e ter a experiência de se sentir grudado no chão. Pode, também, receber um cinturão com ímãs, na obra Cinto Diálogo, para embarcar num jogo de atrai e repele.

A exposição Lygia Clark: Uma Retrospectiva apresenta 145 obras que se espalham pelos três andares do espaço expositivo do instituto. “A retrospectiva abrange todas as fases da obra de Lygia, até sua morte. É uma das mais completas exposições já realizadas sobre a artista”, ressaltou Duarte.

O ideal é iniciar o percurso da mostra pelo primeiro andar, onde se encontra a obra A Casa É o Corpo, uma instalação labiríntica de 8 metros, que permite a passagem de pessoas por seu interior, dando a sensação de reprodução, nascimento e do primeiro contato com o mundo. Neste andar estão ainda obras produzidas entre o final dos anos 1940 e meados de 1950, como as conhecidas esculturas Os Bichos, feitas em alumínio e com dobradiças, que terão réplicas para o público manusear. “Os Bichos não tem nada de representativo: não é cachorro, nem gato, nem cavalo. Nada disso. Essas esculturas abstratas, manipuláveis, são assim relacionadas porque são esculturas vivas”, explicou Duarte.  

Duas maquetes de obras nunca concretizadas, Construa Você Mesmo e Casa do Poeta, estão na mostra, ao lado de dois trabalhos inéditos, não finalizados pela artista, que foram produzidos pelo Itaú Cultural com base em anotações deixadas por ela: O Homem no Centro dos Acontecimentos e Filme Sensorial. Segundo Duarte, na retrospectiva, é possível observar, na obra de uma mesma artista, a passagem do moderno ao contemporâneo ou pós-moderno.

A exposição tem também curadoria de Felipe Scovino, projeto arquitetônico de Pedro Mendes da Rocha e parceria com a Associação Cultural O Mundo de Lygia Clark. A neta da artista, Alessandra Clark, participa do projeto, que inclui seminários, mesas de debate, um ciclo de filmes e a apresentação de um show de Jards Macalé, grande amigo de Lygia, no dia 15 de setembro, no Auditório Ibirapuera.

Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte em 1920 e começou a estudar artes em 1947, no Rio de Janeiro. Três anos depois, foi para Paris e, além de estudar, passou a se dedicar à pintura em óleo. Em 1959, participou da primeira exposição de arte neoconcreta no Brasil, assinando o Manifesto Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Franz Weissmann e Lygia Pape e dos escritores Ferreira Gullar e Reynaldo Jardim.

Em 1972, ela foi convidada a ministrar um curso sobre comunicação gestual na Universidade de Sorbonne, em Paris. Lygia Clark morreu em abril de 1988, no Rio de Janeiro.

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