Sarau “A Plenos Pulmões” promove encontro entre poetas

Pioneiro dos saraus da literatura periférica anima as tardes paulistanas na Casa das Rosas

Marco Pezão
Marco Pezão (Foto: Blog Futbloando)


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Por Paulo D'Auria e Alai Diniz - De um verso do vanguardista russo Vladimir Maiakovski e do  encontro de dois poetas nasce o Sarau A Plenos Pulmões, em 2011. Um  deles era o diretor da Casa das Rosas - Frederico Barbosa - o outro, um  dos pioneiros dos saraus da literatura periférica - Marco Pezão,  pseudônimo de Marco Antonio Iadocicco.

Após realizar, em 2010, junto à Poiesis, o Mapa da Poesia, que  contabilizou sessenta (60) saraus pelas periferias da cidade, Marco Pezão  começa a atuar, mensalmente, na Casa das Rosas, com um sarau inovador pela vocalidade do poema, pela performance e pela ousadia de trazer ao  miolo elitista da cidade tantas vozes periféricas que ali começaram a se  encontrar. A Casa foi se transformando ao ouvir o coco de roda mineiro, o  aboio nordestino, o RAP. 

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Ali no Sarau A Plenos Pulmões ia-se instalando um modo de ler, um  modo de vibrar acordes no âmago do cotidiano diante de uma plateia  ávida de vida em comum. 

A missão do Sarau A Plenos Pulmões sempre foi a congregação de  poetas de todos os cantos da cidade em um endereço central, para  promover uma festa da poesia, em que todos se sentissem acolhidos sem  preconceito algum. 

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Marco Pezão era um poeta de coração imenso que trovejava na voz  da simplicidade, relampejando de alegria a sua existência, por isso ficou  arraigado nas pessoas. Não havia quem não se sentisse abraçado pelo  mestre que animava a todos com seus bordões, como: “Deixe a poesia  entrar na sua vida, não dói nada” 

Marco Pezão partiu para fazer poesia com Maiakovski em outubro  de 2019 e um ano depois é aprovada e sancionada uma lei 17.522 do Dia  da Literatura Periférica para 13 de outubro pela Câmara Municipal de São  Paulo, obtendo Marco Pezão o título de Patrono do Dia da Literatura  Periférica. 

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Em janeiro de 2020 a atual direção da Casa das Rosas, na figura do  também saudoso Daniel Moreira, convidou o poeta Paulo D´Auria para  apresentar o sarau. E uma nova aura entrou com a multiplicação de vozes  dos Poetas do Tietê, coletivo do qual Paulo faz parte desde 2008 e que  está sempre em busca da ampliação dos espaços da poesia, com saraus de  rua, em escolas e penitenciárias. Em 2023, por exemplo, com as poetas e  atrizes Cissa Lourenço, Elide Nascimento e Sabrina Carvalho, montaram  um espetáculo teatral dentro do HCTP I feminino de Franco da Rocha, e o  livro resultante desse trabalho foi lançado no Sarau A Plenos Pulmões. 

Hoje o Sarau tem periodicidade bimestral e acontece no encantado  jardim da Casa, um oásis de presença e de rosas em diferentes tempos na  movimentada Avenida Paulista.  

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E se pairar no ar a curiosidade sobre o que teria dito Maiakovski ao  receber Marco Pezão, que tal?  

“Camarada vida, vamos... 

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Os versos para mim 

Não me deram rublos 

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Nem mobílias  

de madeiras caras. 

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uma camisa  

lavada e clara 

e basta. 

“como um vivo 

aos vivos, 

meu verso 

chegará.” 

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