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Cultura

Sopa de letrinhas

Estudantes e profissionais de todo o Brasil renem-se em Braslia neste fim de semana para debater sobre tipografia e identidade visual. Leia entrevista com Henrique Nardi, criador do DiaTipo

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Anna Halley_Brasília247 – Neste sábado, dia 27, cerca de 200 estudantes, profissionais da área de design e apaixonados por letras vão se reunir na Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB). O tema não soa muito familiar: tipografia. Mas a técnica de compor e sistematizar letras é uma das mais importantes para a eficiência da comunicação visual. Está ali, no letreiro que lhe transmite de imediato o estilo da loja, na revista que dá vontade de ler, no livro que dá sono.

O evento totalmente dedicado à tipografia é o DiaTipo, com palestras, debates e oficinas. A primeira edição ocorreu em São Paulo, em 2008. Esta será a sétima, primeira na capital federal. Os temas principais serão design editorial e identidade visual. Haverá oito palestrantes, sete profissionais brasileiros e um português. Falarão sobre bastidores de projetos de grandes marcas e de veículos de comunicação impressos. Uma das palestras revelará o processo de construção da tipografia na identidade dos Jogos Olímpicos Rio 2016, do conceito ao resultado final. O evento será integralmente transmitido ao vivo pela internet.

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O DiaTipo é um encontro itinerante realizado pelo Tipocracia, que em Brasília tem a parceria do estúdio Grande Circular. O Tipocracia é um projeto do designer paulista Henrique Nardi, que desde 2003 promove a cultura da técnica pelo Brasil, por meio de cursos e outras atividades. A programação completa, incluindo informações sobre os palestrantes, está no site: www.tipocracia.com.br/diatipo.

Entrevista com Henrique Nardi, criador do DiaTipo

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O projeto Tipocracia é resultado de uma carência acadêmica?

Sim, quando me formei em design gráfico senti a necessidade de buscar informação fora sobre tipografia. Vi que o problema se repetia em outras regiões. Apesar da importância da tipografia para o design, a maioria dos cursos não tem uma cadeira específica. Há descompasso, uma vez que houve um boom na área de comunicação visual nos anos 90, mas a formação de professores não o acompanhou.

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Tipografia é técnica ou arte?

A tipografia é parte do design, e design não é encarado como arte. Há um viés técnico muito forte, a tipografia é a criação de um sistema para se adequar a diferentes contextos. Existe metodologia, o trabalho do type designer é uma atividade de projeto.

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Onde está a tipografia no nosso dia a dia?

Em tudo que a gente lê. Desde que acorda, da caixa de cereais à sinalização de trânsito. Quando não está legal, o leitor sente que há algo errado, mas não tem as ferramentas para diagnosticar por que não funciona. Aquele livro que dá sono, por exemplo. Nem sempre o problema é no conteúdo. Tem aquele cardápio bonito, que impressiona, mas não se sabe bem o que é. É como no futebol: se não falarem do juiz é porque deu certo.

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As marcas têm investido em fontes exclusivas. Como é isso?

O Boticário customizou a tipografia, a Nokia também, são dois cases que teremos no encontro. Também foi desenvolvida uma tipografia exclusivamente para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Ajuda a construir a identidade da marca. Há valorização da fonte customizada nos EUA e na Europa, a gente está se desenvolvendo aqui. As agências já têm demandado isso e levam essa cultura para os clientes.

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O que é mais importante, estética ou legibilidade?

Em grandes aplicações e formatos, a estética conta muito. Uma capa, por exemplo, pode ser muito expressiva, trazer a pegada do conteúdo. Em situações mais densas, de muito texto, a tipografia não pode ser tão diversa, é mais limitadora para garantir a legibilidade.

Qual o futuro da caligrafia? O que você pensa sobre a decisão do estado norte-americano de Indiana de tornar o ensino da letra cursiva opcional?

A caligrafia não tende a morrer, não acho que esse modelo vá se expandir como tem sido divulgado. De qualquer forma, as pessoas vão continuar a escrever, o meio para isso vai de cada um. A caligrafia ainda é a forma mais espontânea, a mais pessoal. É a diferença do e-mail para a carta, que é emocional. Para a tipografia, a caligrafia será sempre referência gráfica, muitas fontes são inspiradas nela.

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