A Grande Depressão
As lições do "crash" permanecem como um exemplo a ser observado por todos os que têm bom senso diante dos tempos de incertezas da economia
As lições do "crash" da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929 permanecem como um marco e exemplo a ser observado por todos os que possuem bom senso diante dos tempos de incertezas da economia. A insegurança gerada pela atual crise financeira e seus sinais de alerta indica a muitos observadores que o cenário político de hoje guarda muitas semelhanças com o tempo sombrio daquele período histórico da Grande Depressão.
Durante a primeira guerra mundial, os EUA se tornaram na grande potência que ainda é hoje. Mas eles só entrariam na guerra em 1917, ou seja, ao final dela. A Europa, que já estava em guerra desde 1914, quase só produzia armas e importava tudo da América. Quando a guerra terminou e a Europa voltou a produzir seus bens de consumo, os EUA continuaram a produzir desenfreadamente, gerando uma superprodução e provocando um desequilíbrio econômico.
Os seus cidadãos compravam muitos papeis na bolsa de valores, sem saber que isso levaria a um grande colapso. Os EUA estavam com estoques gigantescos de produtos prontos para serem exportados e, com a parada repentina das suas exportações e sem compradores, a economia entrou em recessão gerando um desemprego em massa.
O preço das ações caiu subitamente, o que fez muitos dos acionistas entrarem em pânico. E, quando cerca de 16,4 milhões de ações foram postas à venda, no dia que ficou conhecido como a Quinta-feira Negra, em 24 de outubro de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou. Com o excesso de ações à venda e falta de compradores, o mercado fez o valor destas ações desabarem cerca de 80%. Com isto, milhares de pessoas perderam enormes somas de dinheiro e os preços das ações continuaram a cair gradativamente por ainda mais de três anos.
Milhares de pessoas, que detinham boa parte das suas riquezas sob a forma de ações, perderiam eventualmente tudo o que tinham e, muitas daquelas famílias que foram destruídas nunca mais recuperariam o seu patrimônio. Isto causou uma grande incerteza em toda a população americana quanto ao futuro do seu país.
Muita gente decidiu cortar seus gastos supérfluos e as pessoas que haviam comprado produtos através de empréstimos e prestações reduziram ainda mais esses gastos para poder economizar dinheiro e efetuar seus pagamentos. Diante da súbita queda nas vendas do comércio, a recessão se estendeu ao setor industrial, o que levaria muitos parceiros comerciais dos EUA a uma drástica redução das suas exportações.
Esta é a semelhança da Grande Depressão – que causou uma pobreza generalizada nos EUA no início da década de 30, quando muitas famílias viviam em condições miseráveis, lá e em diversos outros países - com os fatos que ocorrem hoje em dia, no mundo todo, e já preocupam tantos economistas e investidores. Que a semelhança não deveria ser vista como se fosse apenas uma mera coincidência...
Os anos de euforia acabaram. Estamos agora diante de uma economia globalizada e enfrentamos os tempos de murici, onde cada um só pensa mesmo é em cuidar de si.
José Carlos Alcântara é colaborador do Jornal Primeira Hora, do Rio de Janeiro, e consultor de empresas
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