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    Anfavea prepara terreno para mais demissões

    Usando expressões como "bastante ruim" e "queda substancial" nas vendas em fevereiro, o presidente da Associação dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Luiz Moan, disse que a situação da indústria automotiva está pior do que o previsto; "Nós já esperávamos um primeiro trimestre extremamente difícil, mas confesso que está mais difícil do que estávamos prevendo"; produção caiu 28,9% neste mês; empregados são os primeiros afetados; entre fevereiro de 2014 e o mês passado, o saldo de demissões já chega a 13.816; para Moan, o setor brasileiro de veículos ainda tem excedente de pessoal "bastante forte"; "Esperamos que o governo decida o quanto antes as medidas de ajuste fiscal para que tenhamos um segundo semestre de certo equilíbrio", disse 

    Usando expressões como "bastante ruim" e "queda substancial" nas vendas em fevereiro, o presidente da Associação dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Luiz Moan, disse que a situação da indústria automotiva está pior do que o previsto; "Nós já esperávamos um primeiro trimestre extremamente difícil, mas confesso que está mais difícil do que estávamos prevendo"; produção caiu 28,9% neste mês; empregados são os primeiros afetados; entre fevereiro de 2014 e o mês passado, o saldo de demissões já chega a 13.816; para Moan, o setor brasileiro de veículos ainda tem excedente de pessoal "bastante forte"; "Esperamos que o governo decida o quanto antes as medidas de ajuste fiscal para que tenhamos um segundo semestre de certo equilíbrio", disse  (Foto: Aquiles Lins)

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    SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira de veículos vai cortar em abril projeções para este ano depois de um primeiro bimestre de vendas ainda piores do que as expectativas já pouco animadoras do setor.

    Usando expressões como "bastante ruim" e "queda substancial" das vendas em fevereiro, o presidente da associação de montadoras, Anfavea, Luiz Moan, disse que a situação não mais se limita à queda de vendas apenas de veículos novos, mas de usados, que comumente servem como entrada em financiamentos.

    "A perda de confiança do consumidor não se restringe mais a veículos novos, mas também aos usados, o que é extremamente preocupante", disse Moan a jornalistas nesta quinta-feira. Ele afirmou que enquanto a queda nas vendas de novos foi de 28 por cento em fevereiro sobre um ano antes, as vendas de usados recuaram 6,6 por cento. "Fazia muito tempo que não víamos queda nas vendas de novos e também de usados", disse Moan.

    No primeiro bimestre como um todo, os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos caiu 23,1 por cento, para 439,75 mil unidades.

    Com isso, o estoque de veículos novos à espera de comprador subiu a 329 mil unidades, suficiente para 50 dias de vendas, considerando o total licenciado em fevereiro.

    Esse saldo ainda pode subir, uma vez que apenas no mês passado a Fiat Chrysler FCHA.MI iniciou a produção de utilitários esportivos Jeep em uma nova fábrica em Pernambuco e a chinesa Chery iniciou no interior de São Paulo a produção de seus primeiros veículos no país.

    A Anfavea, que afirma representar um setor responsável por 23 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro, começou o ano esperando estabilidade nas vendas de veículos novos em 2015, mas depois do desempenho de fevereiro resolveu antecipar do meio do ano para abril o trabalho de revisão das estimativas.

    "Nós já esperávamos um primeiro trimestre extremamente difícil, mas confesso que está mais difícil do que estávamos prevendo", disse Moan.

    Nesta semana, a associação que representa os concessionários de veículos, Fenabrave, já havia piorado sua projeção para as vendas de novos de queda de 0,5 por cento para recuo de 10 por cento este ano.

    CAMINHÕES

    O quadro mais grave é sobre caminhões, um termômetro da intenção de investimento dos empresários. As vendas de caminhões em fevereiro desabaram 50,3 por cento sobre um ano antes e 32,5 por cento na comparação com janeiro, a 5.182 unidades.

    Parte do tombo foi atribuída pela Anfavea à repetição de problemas do governo na definição de novos termos para financiamentos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

    Mas o vice-presidente da entidade Luiz Carlos Moraes citou ainda a conjuntura econômica negativa, preços maiores e combustíveis, tributação mais elevada e baixa atividade no setor de transportes como fatores para "adiamento do investimento em novas frotas".

    Apenas no primeiro bimestre, as vendas de caminhões novos no Brasil acumularam queda de 39,4 por centro sobre o mesmo período do ano passado, para 12.857 unidades, com destaque para o segmento de pesados que despencou quase 62 por cento, a 2.957 unidades.

    PRODUÇÃO E EMPREGO

    Com vendas fracas, a indústria voltou a reduzir o nível de pessoal empregado. Entre fevereiro de 2014 e o mês passado, o saldo de cortes de posições ocupadas é de 13.816, um recuo de 8,8 por cento, a 142.317 funcionários diretos.

    O número de fechamento de postos é ainda maior se se considera os empregos indiretos como os da indústria de autopeças. Moan afirmou que para cada emprego direto nas montadoras existem outros cinco indiretos.

    Segundo o presidente da Anfavea, o setor brasileiro de veículos tem excedente de pessoal "bastante forte", mas ele evitou estimar o tamanho do excesso, comentando que o setor tem evitado demissões em massa de funcionários por meio de mecanismos como férias coletivas e suspensão de contratos de trabalho.

    A produção de veículos em fevereiro caiu quase 29 por cento sobre um ano antes, para 200,1 mil unidades, nível não visto pelo setor desde o início de 2009. No bimestre, a queda na produção foi de 22 por cento sobre o mesmo período de 2014, a 404,9 mil veículos. A projeção da Anfavea atual é de crescimento de 4,1 por cento na produção em 2015.

    "Esperamos que o governo decida o quanto antes as medidas de ajuste fiscal para que tenhamos um segundo semestre de certo equilíbrio", disse Moan.

    MÉXICO

    Enquanto o mercado interno engata a ré, a Anfavea tenta articular acordos comerciais do Brasil com outros países. A entidade espera para até o início da próxima semana a assinatura da renovação do acordo automotivo do país com o México, prevendo a manutenção de sistema de cotas, em vez do livre comércio defendido pelos mexicanos.

    "Defendemos o livre comércio, mas temos que entender o nível de competitividade do Brasil e a situação da economia brasileira como um todo", disse Moan, afirmando que o Brasil não conseguiu cumprir a cota a que tinha direito de exportações de veículos ao México sem incidência de tributação.

    Além disso, Moan afirmou que a entidade negocia com representantes da indústria de países andinos o reforço de acordos comerciais existentes ou estabelecimento de novos.

    Porém, as vendas externas do setor seguem fortemente dependentes da fraca economia argentina. As exportações brasileiras de veículos montados no primeiro bimestre acumularam queda de 7,2 por cento sobre um ano antes, a 47,6 mil unidades.

    (Por Alberto Alerigi)

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