Após o golpe, Nordeste concentra 60% dos desalentados do País
O Nordeste do país, que nos governos do ex-presidente Lula despontou no cenário nacional com um avanço econômico acima da média do Brasil, é agora a região com o maior número de desalentados e responde por 60% do total de pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar uma vaga porque perderam a esperança; é o que aponta um estudo do Ipea
247 - O Nordeste do país, que nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva despontou no cenário nacional com um avanço econômico acima da média do Brasil, é agora a região com o maior número de desalentados e responde por 60% do total de pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar uma vaga porque perderam a esperança. É o que aponta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para o secretário-adjunto de Comunicação da CUT, Admirson Medeiros Junior, que também é nordestino, o governo Michel Temer é responsável pela deterioração da economia local e pelo aumento do desemprego e desalento.
“Boa parte das obras está parada, como a modernização e expansão das ferrovias, a transposição do São Francisco, a construção de portos e a ampliação da indústria naval. No caso da Petrobras, por exemplo, que ajudou a desenvolver economias locais, a direção da estatal nomeada por Temer diminuiu a capacidade de operação das refinarias e interrompeu obras importantes”, afirma o dirigente, ressaltando que todas essas medidas contribuíram para o aumento do desemprego, da informalidade e do número de desalentados. Os relatos foram publicados pela CUT.
De acordo com dados do Banco Central, entre 2002 e 2010, o PIB do Nordeste passou de R$ 191,5 bilhões para R$ 507,5 bilhões, uma expansão de aproximadamente 165%, menor apenas que o crescimento do PIB do Norte e Centro-Oeste. A Região Nordeste registrou ainda uma taxa média anual de crescimento do PIB per capita de 3,12% entre 2000 e 2010. No mesmo período, o PIB per capita brasileiro se elevou a uma taxa anual média de 2,22% e no Sudeste, região mais rica do País, cresceu apenas 1,81%.
Mulheres são as mais desalentadas no Nordeste
As mulheres jovens nordestinas de baixa escolaridade são as mais afetadas pela falta de oportunidade no mercado de trabalho e estão entre as que mais desistem de procurar uma vaga, aponta o estudo do IPEA.
De acordo com a técnica da subseção do Dieese da CUT, Adriana Marcolino, com a lenta recuperação do mercado de trabalho e o baixo dinamismo da economia brasileira, quem tem ensino superior completo está ocupando as vagas de quem tem menos escolaridade, o que reflete na ampliação do desalento nas faixas mais vulneráveis, como é o caso das mulheres nordestinas.
“Apesar da média nacional indicar uma maior taxa de escolaridade entre as mulheres, elas continuam sendo as mais afetadas em períodos de alto índice de desemprego, em especial as jovens com o ensino fundamental incompleto que moram em regiões [como o Nordeste] que passaram a ter cortes de investimentos e estão sofrendo mais fortemente as consequências da crise econômica, política e social”.
Além disso, diz Adriana, no caso das mulheres, houve consideráveis cortes em políticas públicas, sobretudo em função do congelamento dos investimentos públicos por 20 anos (PEC do Teto dos Gastos), o que contribuiu para colocar essa parcela da população no desalento, seja por falta de oportunidade, seja pelo aumento das mulheres que optaram pelos afazeres domésticos e cuidados com os filhos por causa da queda na renda da família, entre outros fatores.
“O fato concreto é que a ampliação do desalento, que em períodos de crise como a que enfrentamos atinge mais a população vulnerável, é a imagem mais clara de que não saímos do fundo do poço”.
*Com informações da CUT
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