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Apostando contra Dilma, mercado corrige Petrobras

Ações da estatal disparam até 6,6%, em movimento de alta atribuido à pesquisa Datafolha, publicada no domingo, que indica vitória da presidente Dilma Rousseff em primeiro turno; escalada, porém, tem base na perda de pontos de Dilma em relação a levantamento anterior; torcida de especuladores é para que presidente enfrente cada vez mais problemas; no entanto, correção de preço nos papéis da estatal demonstra que derrubada de valor teve altas doses de artificialismo

Ações da estatal disparam até 6,6%, em movimento de alta atribuido à pesquisa Datafolha, publicada no domingo, que indica vitória da presidente Dilma Rousseff em primeiro turno; escalada, porém, tem base na perda de pontos de Dilma em relação a levantamento anterior; torcida de especuladores é para que presidente enfrente cada vez mais problemas; no entanto, correção de preço nos papéis da estatal demonstra que derrubada de valor teve altas doses de artificialismo (Foto: Ana Pupulin)

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247 – O mercado financeiro representado na Bolsa de Valores de São Paulo deu novas mostras nesta segunda-feira 7 de toda a sua esquizofrenia, provocada pela mistura da análise de balanços com torcida política-eleitoral. O índice Bovespa subiu 2,10% após as ações da Petrobras registrarem alta de 6,6% no fechamento dos negócios. Com esse impulso, não há como não prever nova alta para a terça-feira 7. Até aqui, a recuperação dos papéis já devolveu cerca de R$ 25 bilhões em valor de mercado à estatal.

O que houve nesta segunda foi uma verdadeira disparada, mas que, segundo os analistas, não teve a ver com o recorde de extração de barris de óleo do pré-sal, atingido pela estatal na sexta-feira 4.

A festa do mercado aconteceu porque, no domingo 6, pesquisa Datafolha apontou perda de pontos da presidente Dilma Rousseff nas preferências do eleitor. Na cabeça dos chamados investidores, mas que, para o público em geral, mais são relacionados com rematados especuladores, a presidente tem sua reeleição arriscada, o que faria bem para a Petrobras.

Ao projetar um cenário ruim para Dilma, ao menos o mercado corrigiu seu erro com a própria Petrobras. Há meses multiplicam-se as análises de que as ações da estatal estavam ultra baratas quando romperam, para baixo, a barreira dos R$ 20 cada uma. Somente ao chegarem a R$ 13, num sangramento bilionário sobre valor de mercado da companhia, os papeis voltaram a subir.

A retomada de alta da Petrobras demonstrou, mais do que a aversão do mercado a Dilma, o quanto ainda carece de parâmetros técnicos o vai-e-vem do Ibovespa e de seus principais personagens.

O sucesso bilionário da estatal na partilha do pré-sal, o plano de investimentos adequado à realidade de R$ 94 bilhões para os próximos três anos ou mesmo o recorde de extração de barris não contaram em nada para que os papéis da empresas se recuperassem.

Mas bastaram um Ibope e um Datafolha, ambos com previsão de vitória de Dilma em primeiro turno, mas com perda de pontos dela em relação aos adversários, para a escalada começar sem data para terminar.

E depois os capitães da BM&FBovespa e os xerifes da CVM querem que o público em geral participe do mercado de ações com suas poupanças. Para perder tudo ao sabor das especulações?

Abaixo, notícia do portal Infomoney, parceiro de 247, a respeito: 

Ibovespa retoma rali com Datafolha e sobe 2,1%
Pesquisa mostra recuo de 6 pontos percentuais nas intenções de voto para Dilma e impulsiona estatais, com Petrobras subindo mais de 6%

Por Marcos Mortari

SÃO PAULO - Após duas quedas seguidas no final da semana passada, o Ibovespa retomou seu rali de alta nesta segunda-feira (7), novamente puxado pela corrida eleitoral, terminando o dia com ganhos de 2,10%, a 52.155 pontos – seu melhor fechamento desde 29 de novembro do ano passado, quando terminou o dia em 52.482 pontos. Entre os destaques de mais um pregão positivo, chamaram atenção as ações das estatais e bancos, com a Petrobras (PETR3, R$ 15,85, +6,38%; PETR4, R$ 16,46, +6,61%) impulsionando os ganhos do índice. O giro financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,35 bilhões.

Mais uma vez, o clima das eleições deu a tônica do mercado, com a pesquisa Datafolha inflando o otimismo dos investidores. Segundo a instituição, as intenções de voto da presidente Dilma Rousseff caíram de 44% para 38% desde o último levantamento de fevereiro. Aécio Neves, do PSDB, aparece com 16% e Eduardo Campos (PSB), com 10% - ambos estagnados nas pesquisas. Com isso, Dilma seria reeleita ainda no primeiro turno em um cenário com os dois adversários mais prováveis à corrida presidencial.

As perdas de Dilma na cobiça pela reeleição animam grande parte dos investidores da Bovespa, tendo em vista o repúdio do mercado às políticas intervencionistas do governo na economia e na gestão de empresas estatais. Desta forma, Petrobras, Eletrobras (ELET3, R$ 7,40, +3,06%; ELET6, R$ 11,98, +1,53%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,90, +5,64%) voltaram a figurar entre os líderes do dia positivo e retomada de um rali que já dura 3 semanas - desde o dia 18 de março, o Ibovespa já subiu cerca de 16%, com as ações destas companhias marcando ganhos entre 30% e 50%.

Ainda no noticiário nacional, também chamou atenção o Focus, que revisou a estimativa de expansão do PIB de 1,69% para 1,63% para 2014, enquanto para 2015 a expectativa foi mantida em 2,0%. Em relação à inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2014, os economistas aumentaram a expectativa para 6,35%, assim como para o próximo ano, que foi para 5,84%, ante 5,80%.

Destaques do pregão

No noticiário corporativo do dia, vale mencionar a Petrobras, segunda empresa com maior alta neste pregão do índice. Do lado da petrolífera, o noticiário também chama a atenção. Ontem, a Petrobras informou que atingiu em março um novo recorde mensal de processamento de petróleo em suas refinarias. A carga média processada foi de 2.151 mil barris de petróleo por dia, representando um volume de 12 mil barris, superior ao recorde mensal anterior de 2.139 mil barris em julho de 2013.

Enquanto isso, as ações da Embraer (EMBR3, R$ 19,34, -2,77%) se destacaram na ponta negativa. Uma das maiores empresas nacionais exportadoras, a empresa tem seus resultados prejudicados por um dólar menos apreciado. Também caíram forte nesta sessão as ações da Sabesp (SBSP3, R$ 21,43, -2,81%), com a companhia amargando cada vez mais com a redução do nível dos reservatórios do Sistema Cantareira e o risco de São Paulo passar por um período de racionamento de água.

Dólar na mínima, mundo no vermelho

Acompanhando o otimismo dos investidores no mercado brasileiro, o dólar atingiu seu menor patamar desde 30 de outubro do ano passado. Nesta segunda-feira, a moeda americana caiu 1,06%, fechando cotada a R$ 2,2200 na venda, dando continuidade ao seu movimento de forte desvalorização.

O dia positivo para a maior parte das ações brasileiras se descolou do desempenho dos principais índices acionários internacionais, com os Estados Unidos registrando perdas entre 0,90% e 1,20% - o Nasdaq, por sua vez, teve a pior sequência de três dias desde 2011.

Também vale lembrar que, na semana passada, os investidores americanos reagiram ao relatório de emprego do país, que ficou abaixo do esperado, criando 192 mil novos postos de trabalho em março. A expectativa do mercado era a criação de 200 mil novos trabalhos.

Na Europa, o FTSE100 fechou com queda de 1,1%, influenciados por fortes perdas no setor de tecnologia, mesmo com dados acima do esperado na Alemanha. índice que mede a produção industrial alemã subiu 0,4% no mês anterior, superando as estimativas de 0,3% de analistas.

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