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Economia

Arida e Esteves, as duas faces do BTG Pactual

Enquanto Persio Arida bate duro na política econômica do governo federal e critica o "excesso de intervencionismo", como em entrevista publicada neste domingo, seu sócio André Esteves es especializa em estar próximo ao poder, comprando até ativos da Petrobras no exterior

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247 - O banco de investimentos BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, padece de dupla personalidade. Neste domingo, em entrevista aos jornalistas David Friedlander e Ricardo Grinbaum, do Estado de S. Paulo, o sócio número 2 da instituição, Persio Arida (ex-presidente do Banco Central no governo FHC), condena o excesso de "intervencionismo" do governo federal.

Em paralelo, Esteves prospera graças a esse mesmo intervencionismo e se especializa na arte de estar próximo ao poder. Além de sócio da Caixa Econômica Federal no problemático Banco Pan (antigo Panamericano), ele, recentemente, adquiriu ativos da Petrobras no exterior, numa operação privada, ou seja, sem um leilão público e aberto a terceiros.

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Abaixo, trechos da entrevista de Persio, em que ele pede até que o governo segure os bancos públicos (como a Caixa, sócia do Pan), na concessão de crédito:

Economia frágil

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O Brasil enfrenta uma conjuntura internacional adversa, provocada pela desaceleração da China e pela normalização da taxa de juros dos Estados Unidos. O freio de arrumação chinês tem consequências na demanda por commodities, portanto, afeta os países emergentes. A economia americana, por sua vez, está em franca recuperação e a taxa de juros de longo prazo já está subindo. É natural que os capitais refluam para os Estados Unidos. Os efeitos desses movimentos no Brasil foram potencializados por uma economia que já vinha fraquejando há algum tempo. É lamentável constatar isso, mas nossa realidade hoje é de baixo crescimento estrutural. Os sinais são claros.

Crédito público e privado

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O crescimento da massa salarial perdeu o vigor, a geração de novos empregos é cadente, o crédito em bancos privados como proporção do PIB (Produto Interno Bruto) já está constante há um ano. A expansão de crédito é feita pelos bancos públicos, que obviamente seguem uma orientação governamental. Isso é mais preocupante quando se leva em conta que a política fiscal é expansionista e a taxa de juros estava baixa. Significa que nem dando muito gás a economia está crescendo.

Intervencionismo

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O potencial de crescimento reflete a situação do País, mas também as políticas macroeconômicas. Acho que o Brasil teria muito a se beneficiar de uma menor intervenção estatal na economia, de uma redução dramática do volume de subsídios às empresas, de uma contração fiscal. Ou seja, da redução do tamanho do Estado, tirando menos impostos da sociedade e gastando menos. A abertura comercial também ajudaria muito. Claro que há entraves diplomáticos, tem Mercosul etc. Mas acho que fazer acordos de livre comércio com os parceiros comerciais que importam, que são Estados Unidos, Europa e Ásia, seria mais produtivo do que insistir no caminho do Mercosul.

Manifestações

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Cheguei a olhar, mas não desci (uma das passeatas passou em frente à sede do BTG, em São Paulo). Confesso que, dado o meu passado, fiquei com muita vontade de descer, mas achei que já tinha passado da idade para isso. Mas, olha, a população brasileira está mais madura para o debate orçamentário do que as pessoas pensam. O debate antes era muito centrado no déficit. Hoje se discute também a qualidade do gasto. Uma coisa é ter um déficit pequeno com o Estado gastando todo seu dinheiro em subsídios. Outra coisa é ter um déficit pequeno com o Estado gastando todo seu dinheiro em infraestrutura. As pessoas estão prestando atenção.

Troca na equipe econômica

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Não cabe a mim avaliar isso. Mas acho que uma política decididamente mais liberal e menos intervencionista, mais pró-mercado, certamente aumentaria nosso potencial de crescimento. Isso passa por uma agenda muito diferente da agenda desenvolvimentista. Por exemplo: o volume de crédito precisa diminuir dramaticamente, os subsídios do Tesouro, a empresas ou setores específicos, têm de diminuir. São coisas que parecem intuitivamente boas, mas na verdade são ruins.

Governo perdido?

Não sei se perdido é o termo correto. Mas certamente ele não teve eficácia nas suas tentativas. Os investimentos em infraestrutura, por exemplo. O governo anunciou as concessões de rodovias, voltou atrás, anunciou de novo, melhorou as condições... Claramente é um processo em que não há sintonia entre o que o governo está fazendo e o que os investidores procuram. Veja as mudanças do quadro regulatório. Algumas delas foram desastradamente implementadas, como no caso de energia elétrica. O efeito sobre os investidores é devastador.

Quadro inflacionário

É fácil analisar depois. Na prática, desde que o sistema de metas foi anunciado, a inflação tem ficado muito mais acima da meta do que abaixo dela. De 1999 para cá, esse é o padrão, o que sugere que o Banco Central dos últimos três presidentes foi menos duro do que poderia ter sido na política monetária. Mas isso não é novo. O novo é a inflação ficar batendo no topo por tanto tempo e o fato de que as expectativas de inflação estão, digamos, desancoradas. Nesse sentido a situação é pior do que antes. Antes, a inflação subia, mas, no longo prazo, as pessoas achavam que ela ia voltar para a meta. Agora, a inflação subiu e as pessoas não acham que vai voltar. Tão grave quanto ter deixado a inflação chegar no topo foi ter deixado as expectativas decolarem e ficarem desancoradas. Isso vai fazer o trabalho de trazer para a meta muito mais difícil do que poderia ter sido. Aliás, acho que a meta de 4,5% é muito elevada. O ideal seria baixar.

PIB baixo

Eu acho que o nível de atividade vai surpreender para baixo, a inflação também, e a taxa de juros vai ter de subir menos do que se imagina. Algo entre 9,5% e 10% no máximo. Recessão, tecnicamente, tem muitas definições diferentes. Com certeza vamos crescer abaixo de 2%. Algo em torno de 1,8%.

 

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