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      Austeridade pós-crise amplia a desigualdade

      A receita de corte de gastos do Estado, de investimentos e despesas sociais, pode aumentar a desigualdade entre ricos e pobres na Europa. O alerta é da organização não governamental Oxfam, que tem escritório em diversos países, inclusive no Brasil

      A receita de corte de gastos do Estado, de investimentos e despesas sociais, pode aumentar a desigualdade entre ricos e pobres na Europa. O alerta é da organização não governamental Oxfam, que tem escritório em diversos países, inclusive no Brasil (Foto: Leonardo Attuch)
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      Gilberto Costa
      Correspondente da Agência Brasil/EBC

      Lisboa – A receita de corte de gastos do Estado, de investimentos e despesas sociais, pode aumentar a desigualdade entre ricos e pobres na Europa. O alerta é da organização não governamental (ONG) Oxfam, que tem escritório em diversos países, inclusive no Brasil.

      ONG divulga hoje (12) estudo que mostra os riscos sociais causados por políticas de austeridade econômica em implementação em diversos países europeus após a crise financeira internacional (2008).

      Segundo a Oxfan, o número de pessoas pobres na União Europeia (UE) pode chegar a até 145 milhões em 2025. Nos cálculos da organização, em 2011 o número de pessoas pobres já somava 120 milhões nos 27 países da UE (antes do ingresso da Croácia nesse ano), total equivalente à população brasileira em quatro regiões (Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste).

      Para a ONG, as políticas de ajustamento em países como Portugal, a Grécia, Irlanda, o Chipre (sob intervenção de credores externos) e a Espanha (com grande número de desempregados) podem agravar o empobrecimento e gerar situações semelhantes ao que ocorreu com o Brasil e outros países do terceiro mundo nas décadas de 1980 e 1990.

      “Os países dessas zonas [América Latina, Africa Subsaariana e o Leste Asiático] receberam resgates financeiros do FMI [Fundo Monetário Internacional] e do Banco Mundial e tiveram que adotar uma série de medidas que incluíam corte de gasto público, nacionalização de dívida privada, redução de salários e um modelo de gestão da dívida [pública] que dá prioridade ao pagamento aos bancos comerciais acima das medidas de recuperação social e econômica”, diz o estudo. O texto destaca que os planos de ajuste econômico do passado “foram um fracasso: um tratamento que pretendia curar a enfermidade matando o paciente”.

      De acordo com o estudo, há sinais preocupantes para os europeus. Entre 2008 e 2010, foram gastos 200 milhões de euros com medidas de estímulo econômico na União Europeia e 4,5 bilhões de euros com ajuda ao sistema financeiro. Na análise da ONG, essas medidas acabam por favorecer a concentração de renda. Assim, em 2011, os 10% mais pobres dos europeus totalizavam 3% da renda disponível, enquanto os 10% mais ricos somavam uma proporção oito vezes maior (24%).

      Além dos efeitos negativos na distribuição de renda, a política restrita de procurar equilíbrio fiscal, cortando gastos sociais e investimento para que os países voltem a ter capacidade de livre negociação de títulos do tesouro nacional no mercado financeiro, acaba por ter efeito reverso e aumentar o peso da dívida pública no total da riqueza gerada.

      Conforme a Oxfan, a dívida pública na União Europeia passou dos 60% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2008 para mais de 80% no mesmo período de 2013. O efeito foi observado individualmente em diversos países como a Espanha, França, Irlanda, Itália, Portugal e o Reino Unido.

      No Brasil, a dívida pública equivale a 41% do PIB (dado do Banco Central), mas a concentração de renda é maior. “Os 20% mais ricos ainda detêm 57,7% do rendimento, em contrapartida a pouco mais de 11% dos 40% mais pobres”, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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