Banco Volks freia crédito e se nega a baixar juros
Instituio da montadora alem, presidida no Brasil por Thomas Schmall, saiu na frente ao pedir reduo de impostos, mas vai pela contramo na hora de colaborar; boicote a pedido do governo para baixa nas taxas afeta financiamento de veculos; crdito caro significa menos vendas, ptios cheios e recesso
247 – O Banco Volkswagen entrou pela contramão na via do corte das taxas de juros e do aumento da oferta de crédito. O movimento iniciado pelos bancos públicos e acompanhado pelos maiores privados, a pedido do governo, não sensibilizou os dirigentes da instituição encarregada, dentro da Volks, de fornecer crédito ao compradores de seus próprios veículos. Sem demonstrar atenção às projeções macroeconômicas, que apontam para uma redução no crescimento caso estímulos não sejam concedidos ao consumo, como avalia o governo, os dirigentes do Banco Volks sairam a campo não apenas para justificar a ausência de cortes nos juros, mas também para disseminar versões de que é muito arriscado agir agora nessa direção.
A recusa em baixar taxas e o freio na oferta de crédito mostram que a empresa chefiada no Brasil pelo alemão Thomas Schmall não sabe retribuir. A Volks foi uma das primeiras montadoras a pedir pela redução do IPI, o imposto que incide sobre produtos industrializados. O governo aceitou os argumentos e cortou as alíquotas, mas na hora de receber uma contrapartida, na forma de baixa nos juros e aumento na oferta de crédito, foi ultrapassado. O movimento do Banco Volkswagen pode ter reflexos diretos nas vendas de automóveis da marca, o que representa o risco de cenas já vistas pelos brasileiros: queda nas compras, pátios cheios e ameaça ao ciclo de crescimento econômico.
Abaixo, notícia a respeito publicada pelo portal iG:
Na contramão da recente onda de cortes de juros pelos grandes bancos de varejo, incluindo para linhas de financiamento automotivo, o Banco Volkwagen, maior banco de nicho do setor, está desacelerando a oferta de crédito.
Sendo levado a provisionar volumes cada vez maiores para perdas esperadas, a lidar com a inadimplência nas máximas desde o fim de 2009 e prevendo que ela seguirá ascendente pelo menos até o final do ano, o banco está olhando com preocupação o movimento dos concorrentes.
"É preocupante ser agressivo num momento como esse", disse à Reuters o diretor executivo e de relações com investidores do Banco Volkswagen, Rafael Teixeira. "Por isso, optamos por não fazer isso (cortar juros) neste momento."
Mais que isso, o banco tirou o pé do acelerador para novos financiamentos. No primeiro trimestre, a instituição aprovou em média menos da metade das propostas recebidas.
Esse movimento pautou a desaceleração da carteira de crédito para uma expansão de pouco mais de 10% no acumulado de 12 meses até março, a R$21 bilhões. É menos da metade do ritmo observado nos últimos anos, de 25%.
Para Teixeira, a postura do Banco Volkswagen, também seguida por outras instituições especializadas no setor, reflete a percepção de um cenário mais complicado à frente, mesmo levando em conta a queda na taxa básica de juros em curso.
"A inadimplência está alta mesmo com o desemprego nas mínimas históricas. Se houver algum evento de desaceleração econômica que eleve o desemprego, a situação pode piorar."
O índice de inadimplência do banco no primeiro trimestre -medido pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias - era de 3,5%, ante 2,7% no mesmo período de 2011.
Dessa forma, mesmo correndo o risco de perder participação de mercado, em meio à ofensiva do governo para derrubar os spreads bancários, instrumentalizada pelos bancos públicos, o Banco Volkswagen prefere manter-se na defensiva e alerta para o risco de tal movimento acontecer agora.
"Se for uma estratégia predadora, inconsequente, pode ser ruim para o setor", conclui Teixeira.
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