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BB já absorve R$ 400 milhões em créditos duvidosos

Política de atrair credores em dificuldades no pagamento a outras instituições deixa técnicos apreensivos; nova carteira já recebe milhares de clientes; ontem, pane impediu acesso de 24,5 milhões de depositantes da poupança; posição em 32º lugar no ranking de juros do BC tensiona relações com o governo

BB já absorve R$ 400 milhões em créditos duvidosos (Foto: Divulgação)

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247 – Nem tudo são flores na ofensiva de marketing do Banco do Brasil para se colocar na vanguarda da guerra contra os juros altos. Dentro da instituição, já é visto com preocupação o estímulo dado à absorção de clientes com pagamentos atrasados em financiamentos feitos em outras instituições, a taxas menores do que as cobradas pelos concorrentes. Esse estímulo, propalado por diferentes agentes do governo, já levou o BB a absorver, nos últimos dias, nada menos que R$ 400 milhões em novos financiamentos – a grande maioria deles em torno de novos clientes que demonstraram dificuldade em pagar as parcelas combinadas em seus bancos de origem.

O governo já anunciou que pretende desenvolver um mecanismo online para a migração de clientes com dívidas em outras instituições. Eles receberiam no BB, automaticamente, o montante necessário para quitar seu débito anterior e, dentro da instituição oficial, fazer uma nova dívida a taxas mais baixas. O receio dos técnicos é que não venha a ser colocado um freio nessa estratégia, o que poderia carregar para dentro do BB uma série de “cavalos de Tróia”, representados pelos clientes duvidosos. Com resultados, no primeiro trimestre, aquém das expectativas do mercado, o banco estaria, a apronfudar esta política, criando uma nova carteira de créditos duvidosos cujo tamanho ainda não pode ser avaliado inteiramente, mas que já começou grande.

Esta semana, a divulgação do ranking do Banco Central em torno das taxas cobradas por todas as instituições financeiras, nas mais diferentes modalidades de crédito, foi recebida dentro do Banco do Brasil como uma ducha de água gelada nos esforços de transmitir a imagem de campeão na luta contra os juros. O banco, afinal, ficou apenas na 32ª posição no ranking geral feito entre 91 instituições – e perdeu para a Caixa e também para concorrentes privados em modalidades específicas. No crédito pessoal, por exemplo, o BB amargou a 34ª posição, vinte postos atrás da CEF. No cheque especial, ficou em 20º, mas desta vez ainda mais distante da Caixa, que ocupou treze posições à frente. Confira o ranking completo clicando aqui.

Na procura por uma política de gestão financeira que atenda os interesses do governo, os diretores do BB foram surpreendidos, ontem, por uma gafe diante de 24,5 milhões de clientes. Durante boa parte da quinta-feira 10, o sistema eletrônico de consultas e saques da caderneta de poupança entrou em pane, impedindo a realização de operações. O sistema só voltou a funcionar depois do final do expediente bancária, deixando para esta sexta 11 a administração de milhares de transtornos ocorridos ontem.

O problema aconteceu no momento em que o BB anunciou uma rodada de cortes em taxas de administração de fundos de investimentos, empanando o efeito buscado pelas medidas. No mercado, avalia-se que, em razão de dificuldades políticas enfrentadas nos últimos tempos diretamente com a presidente Dilma Rousseff – ela foi surpreendida pelo vazamento de dados sigilosos do ex-vice-presidente Alan Toledo e irritou-se ao saber da ausência de diálogo entre o presidente Aldemir Bendine e um dos maiores acionistas da instituição, a Previ presidida por Ricardo Flores –, avalia-se que a diretoria do BB possa mais estar jogando mais para a platéia, em seus movimentos de baixar juros, do que realizando uma ação sustentada capaz de atender sim a orientação oficial, mas sem comprometer a segurança da instituição.

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