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BNDES registra lucro recorrente de R$ 11,2 bilhões até setembro

Ativos totais superam R$ 900 bilhões, crescimento de mais de 32% na atual gestão

BNDES registra lucro recorrente de R$ 11,2 bilhões até setembro (Foto: Agência Brasil )

247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou um forte desempenho entre janeiro e setembro de 2025, impulsionado pelo aumento do lucro recorrente e pela expansão de sua carteira de crédito. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (14) durante entrevista coletiva do presidente da instituição, Aloizio Mercadante, ao lado dos diretores Alexandre Abreu, Helena Tenório e Luiz Navarro, na sede do Banco, no Rio de Janeiro. As informações são da divulgação oficial do BNDES.

Segundo o relatório, o banco registrou lucro recorrente de R$ 11,2 bilhões nos nove primeiros meses do ano — crescimento de 14,2% em relação ao mesmo período de 2024. A carteira de crédito expandida atingiu R$ 616 bilhões em 30 de setembro, o maior valor em nove anos.

Mercadante destacou que o avanço ocorre apesar do ambiente macroeconômico adverso. “O lucro líquido recorrente [...] é um crescimento muito expressivo para essa conjuntura. [...] Mesmo assim cresceu 14%. É um resultado extraordinário para todas essas condições”, afirmou. Ele também explicou a queda no lucro líquido total, influenciada pela redução dos dividendos da Petrobras. “Foi a redução de 53% dos dividendos da Petrobras. [...] Nós perdemos em relação ao período anterior R$ 1,9 bilhão. É isso que explica”, disse.

Crescimento impulsionado pelas MPMEs

O desempenho operacional do banco também continua ascendente desde 2023, com destaque para o aumento do apoio às micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). O volume chegou a R$ 155,1 bilhões, sendo R$ 91,3 bilhões em garantias e R$ 63,7 bilhões em crédito. O crescimento é de 68% sobre 2024 e de 223% sobre 2022. O avanço nas aprovações e operações garantidas — que cresceu 237% em 2025 — movimentou R$ 230,5 bilhões na economia.

Os desembolsos totais entre janeiro e setembro somaram R$ 101,9 bilhões, alta de 17% sobre 2024. A indústria teve destaque com crescimento de 50% (R$ 27,3 bilhões), enquanto a agropecuária desembolsou R$ 24,9 bilhões (+19%) e comércio e serviços, R$ 19 bilhões (+12%). A infraestrutura manteve estabilidade com R$ 30,6 bilhões.

Aprovações e consultas por setor

As aprovações de novos financiamentos alcançaram R$ 139,2 bilhões — crescimento de 111% sobre 2022. Comércio e serviços responderam por R$ 27,4 bilhões (alta de 8% frente a 2024), seguidos pela indústria (R$ 38 bilhões, +3%) e agropecuária (R$ 35,9 bilhões, +3%). Pelo segundo ano consecutivo, a indústria superou a agropecuária em aprovações. Infraestrutura respondeu por R$ 38 bilhões.

As consultas também cresceram, chegando a R$ 266,5 bilhões, um aumento de 3% em relação ao ano anterior.

A inadimplência segue muito abaixo da média nacional: 0,008% no BNDES, contra 3,9% no Sistema Financeiro Nacional e 0,40% nas grandes empresas.

Ativos sobem e carteira de crédito atinge maior nível desde 2016

O total de ativos do Sistema BNDES alcançou R$ 905,8 bilhões em setembro, alta de 7,7% sobre dezembro de 2024. O aumento foi impulsionado pela Tesouraria (+R$ 35,6 bi) e pela carteira de crédito expandida (+R$ 30,9 bi). Desde 2022, a carteira de participações societárias já rendeu R$ 49,4 bilhões.

A carteira de crédito expandida chegou a R$ 615,9 bilhões, influenciada por operações com debêntures, atualização monetária e repasses interfinanceiros.

A carteira de participações societárias somou R$ 83,6 bilhões, puxada pela valorização de empresas como Petrobras, JBS, Eletrobras e Copel. Desde janeiro de 2023, foram alienados R$ 4,8 bilhões em ações e recebidos R$ 23,7 bilhões em proventos.

BNDESPAR volta a investir em inovação e descarbonização

Mercadante enfatizou a mudança estratégica dos investimentos diretos em renda variável, após dez anos. “Estamos saindo de um setor tradicional que é a pecuária [...] E agora o BNDES está investindo em setores de inovação e de descarbonização”, disse. Ele citou novos aportes na EVE, empresa de “carro voador” da Embraer, e em negócios ligados à bioeconomia.

Fontes de recursos e impacto do tarifaço

O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) permanece como principal fonte de funding, com saldo de R$ 469 bilhões. O BNDES também registrou redução da dívida com o Tesouro Nacional, que caiu 5,1%.

No terceiro trimestre, o banco recebeu R$ 11,9 bilhões do Plano Brasil Soberano, voltado a exportadores afetados pelas tarifas adicionais impostas pelos EUA. Entre janeiro e setembro, entraram ainda R$ 10,9 bilhões do Fundo Clima e R$ 5,5 bilhões do Fundo do Rio Doce.

Sobre os efeitos do chamado “tarifaço” nas decisões de investimento, Mercadante destacou: “O fator fundamental foi o impacto do tarifaço [...] O Brasil Soberano amenizou um pouco”, afirmando que novas medidas estão em curso.

Captações internas e externas avançam

As captações internas chegaram a R$ 28,8 bilhões, quase dobrando em relação ao fim de 2024. O banco emitiu R$ 10 bilhões em LCD e R$ 3,4 bilhões em LCA.

No cenário internacional, foram contratados R$ 37,3 bilhões com bancos multilaterais, incluindo CDB, BID, CAF, ICO e AFD.

Mercadante também destacou as captações anunciadas na COP30, em Belém. “Nós captamos na COP30 agora R$ 21 bilhões. [...] Isso nos permite ter uma trajetória muito promissora para 2026”, afirmou.

Patrimônio líquido, Basileia e produtividade

O patrimônio líquido atingiu R$ 168,5 bilhões, alta de 7% sobre 2024. O Índice de Basileia ficou em 25,8%, bem acima do mínimo exigido pelo Banco Central (10,5%). O diretor Alexandre Abreu explicou: “A medida que eu vou crescendo o ativo [...] diminui o índice de Basileia. [...] Mas ele continua muito acima do mínimo regulatório”.

A produtividade dos trabalhadores também foi destacada por Mercadante: “O resultado relativo por funcionário chega a ser 42 vezes mais do que o ‘banco C’. [...] É uma coisa extraordinária”. Abreu complementou que o BNDES teve resultado médio de “R$ 6,21 milhões por funcionário” nos primeiros nove meses de 2025.