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    Brasil é País com mais clientes em bancos offshore

    Afirmativa é de Hervé Falciani, engenheiro de computação e ex-funcionário do HSBC que que vazou a lista de clientes dos Swissleaks, dados das contas secretas mantidas no HSBC da Suíça; "O Brasil é o maior cliente de bancos opacos do mundo", diz Hervé; hoje ele se dedica a pesquisas sobre escândalos financeiros e colabora com partidos antissistema em diferentes países da Europa, para políticas com o objetivo de evitar esquemas de corrupção como o do HSBC

    Former French employee of HSBC Private Bank Herve Falciani is seen on July 2, 2013 during his audition at the National Assembly, in Paris. Falciani was auditionned by socialist deputees Yann Galut and Sandrine Mazetier after being allowed to enter France (Foto: Romulo Faro)

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    Jornal GGN - O Estadão entrou na briga do monopólio das informações sobre os Swissleaks, dados das contas secretas mantidas no HSBC da Suíça, e conseguiu entrevistar Hervé Falciani, engenheiro de computação e ex-funcionário do HSBC, a fonte que vazou a lista de clientes para a imprensa. "O Brasil é o maior cliente de bancos opacos do mundo", alerta ao jornal brasileiro.

    Denunciante do esquema montado pela filial do banco em Genebra, Falciani é a maior autoridade para falar sobre o Swissleaks. Hoje, dedica-se a pesquisas sobre escândalos financeiros e colabora com partidos antissistema em diferentes países da Europa, para políticas com o objetivo de evitar esquemas de corrupção como o do HSBC.

    Hervé Falciani informou que o Brasil era um dos países que bloqueavam o avanço das investigações, além da França, Itália e Espanha, "por razões políticas", e que esse foi o motivo que o levou a vazar os dados para a imprensa mundial. E revelou: "o Brasil é o maior alvo dos bancos que praticam a opacidade financeira no mundo inteiro. (...) é o alvo número 1 dos centros estratégicos de decisão dos bancos".

    "É assim para o HSBC, do qual fiz parte, e também para outros bancos. Me reúno sempre com outros insiders e temos a convicção de que o país mais interessante do mundo para os bancos opacos, os bancos offshore que vendem serviços de opacidade, é o Brasil", disse. O motivo, segundo Falciani, pode ser visto na reação atual do país: "Por que o Brasil só começa agora a se mexer para tomar providências para investigar o caso HSBC se ele é o País mais exposto em termos de capitais? Por que o Brasil abre investigações só sobre os clientes, no momento em que está claro há muitos anos que são os bancos que precisam ser investigados?", questionou.

    Um desses problemas das investigações, aponta o ex-funcionário do HSBC, é que "em muitos países, como no Brasil, acredita-se que uma investigação deve priorizar os clientes dos bancos, os fraudadores. É verdade. Mas o maior tema não são os fraudadores, que são os sintomas da doença". "As causas da doença são as estruturas financeiras, os bancos, que oferecem a intermediação. São suas estruturas que permitem e estimulam a organização do crime, as fraudes, a lavagem de dinheiro, o terrorismo", completa.

    O engenheiro de computação lembrou que o esquema estrapola a lavagem de dinheiro, mas trata-se de um "dinheiro negro", que corresponde à "ocultação" do "traçado do dinheiro", realizado pelos bancos offshore. "Os bancos offshore (em paraísos fiscais) representam a metade da dívida mundial em volume de atividade", afirma.

    O repórter Andrei Netto decidiu questionar Falciani sobre o esquema de corrupção da Petrobras, relacionando-o com o do HSBC: "esse dinheiro parava na Suíça e, podemos imaginar, em muitos outros países em que estão instalados sistemas como o do HSBC. O que esse escândalo revela para o senhor?", perguntou. Falciani restringiu-se a responder que é um exemplo de ocultação de dinheiro, "esquema organizado para partilhar o mercado da concorrência pública", e afirmou que é o maior problema de uma democracia.

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