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      Com cortes menores, Levy quer mais impostos

      Reunião de quatro horas ontem da Junta Orçamentária com a presidente Dilma Rousseff terminou sem decisão sobre o tamanho da tesourada no Orçamento; o ministro Joaquim Levy, que sugeriu maior corte, de R$ 80 bilhões, quer compensar qualquer afrouxamento no ajuste fiscal com mais tributos

      Joaquin Levy, Finance Minister, Brazil, speaks during the seminar The Why, Where and How of Infrastructure Investment during the 2015 IMF/World Bank Spring Meetings on Friday, April 17 in Washington, D.C. IMF Photo/Ryan Rayburn (Foto: Roberta Namour)
      Roberta Namour avatar
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      A reunião de quatro horas ontem da Junta Orçamentária com a presidente Dilma Rousseff, para definir o tamanho do corte no Orçamento aprovado pelo Congresso e capaz de garantir o sucesso da promessa de entregar este ano um superávit primário de 1,3% do PIB (cerca de R$ 66,3 bilhões), terminou sem definição.

      Os ministros que compõem a Junta - Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) - segundo os jornais levaram propostas distintas à presidente. Levy, mais radical, sugeriu uma tesourada de cerca de R$ 80 bilhões. Mercadante, mais político, corte de cerca de R$ 60 bilhões. Barbosa, nem tanto ao mar nem tanto a terra, teria ficado no meio termo entre um e outro.

      As posições antagônicas de Levy e Mercadante evidenciam a disputa entre as duas faces do governo: de um lado, a turma da economia, disposta a fazer um ajuste fiscal duro e o mais rápido possível; de outro, a turma da “política”, o restante do ministério, que deseja que o governo pegue mais leve para que eles possam levar adiantes seus programas de gastos.

      Levy argumenta que o ajuste é essencial e se ele não for suficientemente crível para mostrar que o endividamento público vai se estabilizar inicialmente e depois começar a cair, o Brasil pode perder o grau de investimento – o que poderia ser um desastre maior do que os sacrifícios cobrados agora.

      O pessoal acha que o Brasil não pode passar por um sacrifício desses, pois o aprofundamento da anemia do PIB poderia trazer graves conseqüências sociais e mergulhar ainda em direção do fundo do poço a avaliação da presidente e do governo.

      A proposta de revisão orçamentária deverá ser apresentada até o dia 22, sexta-feira. A arbitragem então ficou para Dilma. Porém, uma decisão ainda depende dos rumos que algumas medidas de ajuste e outros projetos andarem no Congresso Nacional.

      Se as duas MPs de ajuste fiscal sofrerem novas baixas no Senado e a redução dos benefícios da desoneração da folha de pagamento for rejeitada ou mesmo muito alterada, o corte terá de ser maior.

      Dilma vai discutir o tema hoje em reunião do Conselho Político, com Michel Temer, ministros da Casa, inclusive Mercadante, e líderes partidários. Naturalmente as pressões serão para a sugestão da Casa Civil ser acatada. Ainda mais que, segundo informa o “Valor Econômico”, as emendas dos parlamentares devem responder por 30% da tesourada orçamentária.

      Espera-se também articulação e pressões dos ministérios ditos “gastadores”. Todos são totalmente a favor de cortes para o ajuste, porém sempre na casa alheia.

      Menos cortes, mais impostos

      Uma solução, como teria sugerido o ministro da Fazenda na reunião de ontem, seria uma compensação por meio de uma nova rodada de aumento de tributos. Os tributos seriam aumentados por decreto. Quanto maior o corte, menos necessidade de aumento de impostos.

      Antes mesmo da reunião do domingo, no sábado em Santa Catarina, Levy já defendera, publicamente, que a “alternativa” aos aumentos de gastos, como o fim do fator previdenciário, seria o aumento de impostos. “Toda a vez que se cria um gasto novo obviamente, está se contratando novos impostos”.

      Não há definição de quais tributos poderão ser alterados. Mas dá-se como certa a elevação da Contribuição Social sobre o lucro líquido (CSLL) dos bancos de 15% para 17%. De acordo com a “Folha de S. Paulo”, além do aumento de impostos, o governo pode turbinar o superávit com leilões de petróleo fora da área do pré-sal e da folha de pagamento dos servidores e com a venda de ações da Caixa Seguridade.

      O corte no Orçamento de 2015 sugerido pelo Ministério da Fazenda, por mais que se procure negar, inevitavelmente incidirá sobre investimentos e não poupará programas prioritários, obrigando o governo a rever metas, conforme integrantes do alto escalão em Brasília.

      Até uma das principais vitrines das gestões petistas, o Minha Casa Minha Vida, deve ser atingido pelo congelamento de despesas. Por isso, para gosto dos petistas e como uma justificativa para os ajustes na Previdência Social e no seguro desemprego, além da elevação da CSLL dos bancos, o governo poderá sugerir também a criação de um imposto sobre grandes fortunas e outro sobre heranças.

      Ontem, na reunião da Junta Orçamentária, o ministro defendeu que os cortes garantam que o gasto com pessoal e de custeio da máquina fiquem no nível do 2013. Levy considerou que 2014, ano eleitoral, foi um ano atípico nessas despesas.

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