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Economia

Com inflação galopante, presidente do BC diz que elevará juros o quanto for necessário

Roberto Campos Neto disse que trará a inflação, que se aproxima de 10% ao ano, de volta para o campo das metas

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em Brasília 07/04/2020 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central fará o que for preciso para levar a inflação para as metas em meio ao avanço de preços na economia brasileira, mas o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, frisou que isso não significa que o BC reagirá sempre a dados novos.

Ao falar no evento MacroDay 2021, promovido pelo banco BTG Pactual, ele destacou que o BC levará a Selic para onde for necessário, mas não irá alterar seu plano de voo a cada número de alta frequência que sair.

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Segundo Campos Neto, choques consecutivos impactaram a inflação no Brasil e isso nunca aconteceu em período tão curto de tempo. Ele reconheceu que houve alta recente nos núcleos de inflação, mas sublinhou que o BC esperava parte desse movimento em preços de serviços.

Questionado se a mensagem de que fará o que for necessário para a inflação era direcionada ao ciclo de alta da Selic e também ao ritmo desse aperto, ou somente ao ciclo, ele buscou esmiuçar a intenção do BC com a comunicação adotada.

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"Quando a gente fala 'whatever it takes' (o que for necessário) basicamente a gente está querendo dizer o seguinte: a gente tem um instrumento na mão que vai ser usado da forma como ele precisa ser usado e a gente entende que a gente pode levar a Selic até onde precisar ser levada para que a gente tenha uma convergência da meta no horizonte relevante", afirmou.

"Mas a gente também gostaria de dizer que isso não significa que o BC vai reagir, que vai ter alterações no plano de voo, a cada dado de alta frequência que sai. Ou seja, algumas coisas a gente tem comunicado, já tinha antecipado, algumas coisas de disseminação (de inflação) estão um pouco piores de fato na ponta, mas a gente tem um plano de voo que a gente olha num horizonte mais longo. Isso não significa que você não vai atingir o objetivo de estabilizar, de fazer a convergência da inflação à frente", completou.

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A inflação brasileira tem surpreendido para cima e nos 12 meses até agosto bateu em 9,68%, muito distante do teto da meta oficial para este ano --IPCA de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O cenário tem feito agentes de mercado ajustarem continuamente suas expectativas também para 2022, ano que integra com maior peso o horizonte relevante do BC. Na pesquisa Focus mais recente, a estimativa é de uma inflação de 8% este ano e de 4,03% no ano que vem, acima do centro da meta que é de 3,5% para 2022, também com margem de tolerância de 1,5 ponto.

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Em função do quadro, a projeção do mercado já é de que o BC terminará 2021 ajustando os juros básicos a um patamar mais alto: 8%, ante nível atual de 5,25% e uma taxa de 2% no início deste ano.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne na próxima semana para sua decisão para a Selic. Desde agosto a sinalização era de que a autoridade antevia um novo aumento de 1 ponto percentual para este mês.

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CÂMBIO

Durante sua participação no evento, Campos Neto também adiantou que o BC provavelmente terá que atuar no câmbio por conta de demanda associada ao desmonte do overhedge (proteção cambial adicional dos bancos) no final do ano.

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Grande parte do fluxo cambial de portfólio que saiu do Brasil ainda não retornou, tendo sido direcionado para a Ásia, com grande parte capturado pela China, destacou o presidente do BC.

Ele avaliou que há quantidade grande de dólar que está represada e que pode voltar em algum momento e ponderou que parte da volatilidade que existe pode estar associada à demanda "muito grande" por questão técnica pontual em torno da virada do ano, em referência à questão do overhedge.

"Provavelmente vai ser importante suprir, fazer intervenções (cambiais) que vão ao encontro de demanda pontual que a gente entende que vai ter no fim do ano. Então basicamente a mensagem é essa", disse.

Uma fonte com conhecimento direto do assunto disse à Reuters que a magnitude da demanda por dólares associada ao desmonte de overhedge é estimada em 15 bilhões de dólares, número que deve ser comunicado com mais precisão pelo BC à frente.

FISCAL

Campos Neto também voltou a dizer que há melhora no quadro fiscal brasileiro, com o resultado primário esperado para o próximo ano muito próximo de zero.

Ele repetiu avaliação feita recentemente de que o temor fiscal do mercado foi guiado por expectativas quanto ao possível viés eleitoreiro de programas do governo, com o entendimento de que seriam feitos apenas para viabilizar um Bolsa Família maior, pontuando ser importante virar essa página.

"(Na) parte de relacionamento com o Congresso, a gente vê que a gente conseguiu passar várias reformas, no entanto isso não se espelhou, não se traduziu numa queda no prêmio de risco, acho que isso é coisa que aos poucos vai se incorporando aos preços", afirmou ele, reconhecendo haver à frente incerteza ligada às eleições presidenciais.

"À medida que a gente passe uma tranquilidade no ambiente fiscal ... acho que a gente consegue recuperar parte desse prêmio de risco do ano passado", completou.

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