Dario Durigan surge como sucessor em possível saída de Haddad da Fazenda
Número dois do ministério ganha apoio interno e confiança de Lula para liderar a política econômica em 2026 enquanto Haddad articula papel na campanha
247 - Com a provável saída de Fernando Haddad do comando do Ministério da Fazenda, o secretário-executivo Dario Durigan desponta como principal nome para assumir a pasta em 2026. Considerado sucessor natural, ele conta com a defesa do próprio ministro e aparece bem posicionado no Palácio do Planalto e no PT para liderar a equipe econômica no último ano do governo, embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não tenha formalizado a decisão.
Em entrevista ao O GLOBO na última semana, Haddad afirmou que já conversou com Lula sobre seus planos para 2026. Segundo o ministro, ele disse ao presidente que não pretende ser candidato no ano que vem, mas que gostaria de colaborar com a campanha de reeleição. De acordo com Haddad, a reação de Lula foi “muito amigável”, com a sinalização de que respeitaria qualquer decisão do chefe da equipe econômica.
Pessoas a par das conversas afirmam que Haddad pode deixar o ministério já no início de 2026, antes do lançamento de seu novo livro, previsto para fevereiro. O ministro avalia que já cumpriu as principais entregas esperadas pelo governo, como a aprovação da Reforma Tributária, a ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação de super-ricos.
Em conversas com aliados, Haddad tem sustentado que Durigan deveria ser escolhido para sucedê-lo, permitindo a continuidade da estratégia adotada pela Fazenda nos últimos três anos. Durigan chegou ao ministério em 2023, após a saída de Gabriel Galípolo para o Banco Central, e mantém relação antiga com Haddad, com quem trabalhou na Prefeitura de São Paulo. Advogado formado pela USP e mestre pela UnB, ele também atuou na Subchefia para Assuntos Jurídicos da Presidência no governo Dilma Rousseff.
Antes de retornar à Esplanada, Durigan foi chefe de políticas públicas do WhatsApp, experiência considerada um trunfo nas articulações políticas do cargo atual. Desde sua chegada, avançaram projetos centrais da agenda econômica, como o arcabouço fiscal. Ele também ampliou a interlocução com Lula, participando de debates no Planalto, inclusive durante a discussão do pacote de contenção de gastos no fim de 2024.
Paralelamente, Haddad tem sinalizado os temas que gostaria de levar ao debate eleitoral de 2026, como tarifa social no transporte público, o fim da escala 6x1 e mudanças na tributação da participação nos lucros, além da transição energética. Apesar disso, o PT ainda cogita lançá-lo candidato em São Paulo, seja ao governo ou ao Senado, enquanto o ministro avalia ter cumprido sua missão principal no governo e discute qual papel poderá exercer a partir de 2027.
