Demissões na GM estão suspensas até 4 de agosto
Favorecida com cortes no IPI, montadora ameaça cortar 1,5 mil postos de trabalho, mas abriu nova rodada de negociação com os sindicatos
Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Representantes da General Motors (GM), sindicalistas e procuradores do Trabalho participaram ontem (26) de nova audiência para tentar evitar possíveis demissões na fábrica da empresa em São José dos Campos (SP). De acordo com o Ministério Público do Trabalho, sindicato e empresa concordaram em suspender qualquer medida até a próxima reunião, marcada para o próximo 4 de agosto.
A assessoria de imprensa da General Motors retornou contato da Agência Brasil, confirmando que qualquer decisão da empresa será tomada após a nova rodada de conversação.
Em entrevista à Agência Brasil, a procuradora Celeste Maria Ramos Marques Medeiros, do Ministério Público do Trabalho em São José dos Campos, disse que durante a audiência os representantes da GM não confirmaram a demissão em massa e nem apontaram a quantidade de pessoas que poderão ser demitidas.
“Foi dito que eles aguardariam novas propostas do sindicato para serem decididas na audiência que vai ocorrer no dia 4 de agosto”, explicou. Segundo ela, o ministério também verificou se a negociação coletiva, exigida pela legislação brasileira, está ocorrendo entre as partes envolvidas.
A negociação coletiva, segundo ela, está ocorrendo. “Com a possibilidade iminente de demissão em massa, precisamos verificar se está havendo negociação coletiva, o que é um procedimento exigido [pela legislação] e também ouvir as propostas do sindicato e da empresa”, disse ela.
O Ministério Público, no entanto, pretende investigar a denúncia feita por trabalhadores de que houve coação da empresa para que assinassem o plano de demissão voluntária. “Vai ser instaurado um inquérito civil para averiguar isso. Havendo comprovação de que houve coação, o procedimento será chamar a empresa para assinar um Termo de Ajustamento de Conduta para que seja considerado um prazo para reversão [dos contratos] dos trabalhadores que se sentiram coagidos”.
Na reunião de hoje, a procuradora disse que sindicato e empresa não discutiram propostas. Mas caso a empresa pretenda mesmo demitir funcionários, o Ministério Público vai sugerir a busca de alternativas para reduzir os problemas.
“A recomendação do Ministério Público é que se tente, ao menos, a suspensão do contrato para a realização de curso profissional, que pode durar até cinco meses, o que diminuiria o impacto social desta demissão coletiva de, aproximadamente, 1,5 mil trabalhadores”, falou.
Por meio de seu site, o sindicato da categoria informou que amanhã (27) será feito um ato no Parque da Cidade, durante as comemorações de aniversário de São José dos Campos. O ato, segundo o sindicato, pretende chamar a atenção da população para a possibilidade de a GM demitir até 2 mil trabalhadores.
No sábado (28), representantes do sindicato devem se reunir com o secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, Carlos Andreu Ortiz, também para discutir a situação dos trabalhadores da montadora.
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