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Economia

Dólar fecha em menor patamar em um ano; Ibovespa cai

Queda acontece após a decisão do Banco Central de levar a taxa Selic a 4,25% ao ano.

Dólar (Foto: Leonardo Lucena)
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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar cedeu terreno contra o real nesta quinta-feira, fechando em seu menor patamar em pouco mais de um ano após a decisão do Banco Central de levar a taxa Selic a 4,25% ao ano e abandonar o uso da expressão "normalização parcial" da política monetária, sinalizando mais alta de juros à frente.

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O dólar spot caiu 0,62%, a 5,0251 reais na venda, seu menor patamar para encerramento desde 10 de junho de 2020 (4,9398). Na B3, o contrato mais líquido de dólar futuro caía 0,60%, a 5,029 reais.

O BC promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros no início da noite de quarta-feira, levando a Selic a 4,25%, e anunciou a intenção de dar sequência ao aperto monetário com uma nova alta de pelo menos a mesma magnitude em sua próxima reunião, em agosto.

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também abandonou o uso da expressão "normalização parcial" para se referir ao atual ciclo de alta de juros, explicitando que pretende fazer um aperto maior do que vinha sendo sinalizado até então, levando a Selic para patamar considerado neutro.

Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, disse que o posicionamento mais duro da autarquia foi favorável à moeda brasileira. "Quando os juros domésticos estão mais baratos (...)é natural que haja fuga de capital, então o dólar se fortalece. Agora, quando acontece o contrário, e os juros sobem, o que tende a acontecer é um desconto na moeda norte-americana em relação ao real", afirmou.

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Segundo especialistas, há uma maior entrada de capital estrangeiro no mercado local com o aumento de juros principalmente devido a estratégias de "carry trade". Elas consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo (iene japonês, por exemplo) e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.

Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, lembrou que, até recentemente, o Brasil estava "numa situação de um prêmio muito baixo para o risco que o país oferece", referindo-se às mínimas históricas a que a Selic foi rebaixada em 2020. "Com esse ajuste do Banco Central, é natural que o real volte para patamares mais altos em relação ao dólar."

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Além disso, "dados do PIB melhores do que o esperado catalisaram a queda do dólar para os patamares atuais", afirmou. "Os números surpreenderam o mercado positivamente, destravando muitos investimentos, e o fluxo cambial favoreceu o real."

No início deste mês, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,2% entre janeiro e março, terceiro trimestre seguido de ganhos. O resultado foi suficiente para levar o PIB de volta ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia.

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Na segunda-feira desta semana, outros dados mostraram que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do PIB, subiu 0,44% em abril na comparação com o mês anterior em dado dessazonalizado.

Agora, disse Bergallo, "o real está se beneficiando com uma janela temporária de trégua que pode perdurar ou não de acordo com os próximos passos do governo".

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Segundo ele, embora a percepção sobre o crescimento econômico e a saúde fiscal do país esteja melhor, alguns investidores temem que a aproximação das eleições possa fazer o Executivo "abrir mão" de sua agenda de reformas estruturantes.

Analistas têm chamado a atenção para os riscos de o governo Bolsonaro, enfraquecido pela crise da pandemia e pressionado pela estreita janela de oportunidade antes do período eleitoral, insistir em avançar com versões modestas ou distorcidas de pautas vistas como cruciais pelo mercado.

A moeda norte-americana à vista teve alta de 0,29% na quarta-feira, a 5,0562 reais na venda, mas chegou a tocar 4,9926 reais na mínima intradiária, queda de 0,97%.

Ibovespa fecha em queda após sinalizações de aperto monetário mais forte no Brasil e nos EUA

Por Ricardo Bomfim, do Infomoney - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (17) depois de passar boa parte da manhã em alta. No radar, acabou mesmo pesando as notícias de sinalizações de apertos monetário maiores do que o esperado tanto aqui como nos Estados Unidos.

Até as ações de bancos, que começaram a sessão em terreno positivo, viraram para baixa no final, somando seus desempenhos aos papéis de Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3), que recuaram mais de 2%. Os papéis das duas empresas respondem por 21,6% da composição da carteira teórica do benchmark.

Lá fora, o petróleo caiu, com o barril do Brent se desvalorizando em 1,84% a US$ 73,02 depois de ontem a commodity registrar sua quinta alta consecutiva, atingindo US$ 75.

Sobre juros, na véspera o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que pode elevar a Selic em ritmo mais acentuado e até acima do que o mercado espera atualmente para o fim do ano.

O Copom aumentou a Selic em linha com o esperado, com alta de 0,75 ponto percentual, a 4,25%, mas deixou a porta aberta para uma alta até mais acelerada dos juros na próxima reunião de agosto, com a Selic podendo encerrar 2021 acima do atual patamar previsto pelo mercado no último relatório Focus, de 6,25%.

A autoridade monetária reconheceu que a pressão inflacionária continua maior do que o esperado, especialmente em se tratando de bens industriais, mesmo com a valorização do real. De acordo com a instituição, a inflação continua impulsionada pela lenta normalização da oferta, a “resiliência” da demanda e a “deterioração do cenário hídrico”, que pressiona os preços com a alta da energia.

Já em Wall Street, os índices fecharam em direções opostas após o Federal Reserve, também na véspera, adotar um tom mais “hawkish” (ou com uma postura mais contundente contra a inflação, sinalizando aperto das condições estimulativas). O índice Dow Jones caiu 0,62% a 33.823 pontos, o S&P 500 teve leve variação negativa de 0,04% a 4.221 pontos e o Nasdaq subiu 0,87% a 14.161 pontos.

O Fed, apesar de manter os juros próximos de zero, antecipou o debate sobre a alta de juros para 2023, após em março indicar que possíveis elevações só ocorreriam em 2024.

Desde o ano passado, o Fomc vinha mantendo um tom grave sobre a pandemia, afirmando que ela vinha causando “tremendas dificuldades humanas e econômicas nos Estados Unidos e no mundo”. Na declaração mais recente, no entanto, ressaltou o progresso da vacinação, e afirmou que “indicadores de atividade econômica e emprego se fortaleceram”.

Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou que acredita que a inflação que vem sendo registrada nos Estados Unidos é transitória. “Nossa expectativa é de que as leituras de inflação irão arrefecer”, afirmou. Mas ponderou que parte da dinâmica econômica associada à reabertura da economia “eleva a possibilidade de que a inflação possa se mostrar maior e mais persistente do que nós prevíamos”.

Ele também disse que projeções sobre altas na taxa de juros deveriam ser encaradas com cautela. Questionado, Powell não sinalizou uma redução no programa de compra de títulos pelo Fed, que vem injetando US$ 120 bilhões no mercado por mês durante a pandemia.

De volta ao noticiário doméstico, os olhos se voltaram também para o Senado, conforme ocorre a votação do texto da MP da Eletrobras (ELET3; ELET6). O relator do projeto, senador Marcos Rogério (DEM-RO), divulgou várias mudanças no parecer, garantindo redução do preço da energia após alterar ligeiramente questões relacionadas à construção compulsória de térmicas a gás, diante de críticas do setor privado com “jabutis” que poderiam elevar tarifas.

O Ibovespa teve queda de 0,93%, a 128.057 pontos com volume financeiro negociado de R$ 34,47 bilhões.

Enquanto isso, o câmbio também escapou da tendência global de valorização do dólar após a decisão do Fomc, com a moeda americana fechando em queda de 0,74% contra o real, a R$ 5,022 na compra e a R$ 5,022 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em julho recua 0,74% a R$ 5,022 no after-market.

Já os juros futuros, principalmente os mais curtos, refletiram a possibilidade do BC acelerar a alta da Selic. Com isso, o DI para janeiro de 2022 subiu 15 pontos-base a 5,58%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de 12 pontos-base a 7,15%, o DI para janeiro de 2025 avançou 16 pontos-base a 8,14% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 15 pontos-base a 8,56%.

Entre os indicadores, o número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA subiu 37 mil na semana encerrada em 12 de junho, a 412 mil, segundo dados com ajustes sazonais publicados pelo Departamento do Trabalho americano. O resultado frustrou analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda a 360 mil solicitações.

Na Ásia, na quarta-feira, a China anunciou que liberará a exploração de metais industriais de suas reservas naturais como forma de regular o preço das commodities. Em Hong Kong, a negociação de ações da Next Digital foi pausada na quinta-feira após a Apple Daily informar que cinco de seus diretores, incluindo o editor-chefe e CEO, foram presos pela polícia de Hong Kong.

Mais cedo, autoridades haviam afirmado que haviam prendido cinco diretores de uma empresa, cujo nome não foi identificado, por “conluio com um país estrangeiro ou com elementos externos, arriscando a segurança nacional”.

Na Europa, a maioria das bolsas também registrou quedas após o Fed sinalizar a possibilidade de elevar das taxas de juros dos EUA mais cedo do que o esperado, em 2023. As ações da empresa alemã de biotecnologia CureVac caíram mais de 45% após testes com sua vacina contra a Covid não atingirem as metas, arriscando uma potencial venda em massa de doses para a União Europeia.

Nesta quinta, também foram divulgados dados sobre inflação em maio na Zona do Euro. Uma forte alta nos preços da energia e serviços mais caros elevaram a inflação ao consumidor na região m maio como esperado, confirmaram dados nesta quinta-feira, levando a taxa de alta dos preços pouco acima da meta do Banco Central Europeu.

A agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, confirmou que a inflação nos 19 países que usam o euro subiu 0,3% em relação ao mês anterior e 2,0% na comparação anual, como estimado mais cedo. O BCE quer manter a inflação abaixo, mas perto de 2%. Leia a íntegra no Infomoney.

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