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Economia

Dono da Samcil se mata. Como ficam os segurados?

Suicdio do empresrioLuiz Roberto Silveira Pinto deixa apreensivos 300 mil segurados

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247 – O empresário Luiz Roberto Silveira Pinto, fundador e presidente da Samcil, foi encontrado morto, com um tiro no peito, na manhã desta terça-feira 5 no escritório dele, localizado no Hospital Panamericano, no Alto de Pinheiros, em São Paulo. Pinto, que acabara de completar 74 anos, praticou suicídio – informação confirmada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. O motivo mais aparente é a crise financeira enfrentada por sua empresa de medicina de grupo – a mais antiga do País, com 50 anos completados em 2010. A Samcil, que já teve 700 mil segurados, hoje administra cerca de 300 mil planos de saúde. Surgida em Santo André, na Região do ABC Paulista, a Samcil sempre foi voltada ao público de menor poder aquisitivo. Tinha, portanto, condições para estar navegando de vento em popa com os ganhos de renda obtidos pelas classes D e E ao longo da última década. Sua gestão, no entanto, é arcaica. O fundador e presidente centralizava todas as decisões e a integração entre as diversas áreas e departamentos deixava a desejar.

Os números da Samcil vinham se deteriorando aceleradamente. A empresa, que chegou a contabilizar 730 mil usuários de seus planos, há quatro anos, perdeu cerca de 100 mil só em 2009, quando sua carteira encolheu, na ponta do lápis, de 602 mil para 510 mil – em boa parte, segundo a própria administradoras, por conta dos efeitos da crise financeira internacional. No mesmo período, a sinistralidade, que interfere diretamente nos resultados, subiu de 63% para 68%, reflexo da migração de usuários mais jovens (e, portanto, menos sujeitos a problemas de saúde) para outras administradoras de planos.

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Para piorar a situação, a perda de receitas e usuários ocorreu justamente em um período marcado por grandes investimentos. Em 2004, por exemplo, a Samcil comprou o Hospital Brasil, que em 2007 foi reinagurado, depois de receber investimentos de R$ 20 milhões, com o nome de Hospital e Maternidade Guarulhos. Naquele mesmo ano, outros R$ 52 milhões foram gastos na aquisição de três planos de saúde, Lumina, Sim e AMA.

O pacote de aquisições não parou por aí. Em 2006, a Samcil já havia inaugurado o Hospital e Maternidade Mauá, no ABC. No ano seguinte, adquiriu o Hospital e Maternidade Jardim, em Santo André (SP), reinaugurado com o nome Hospital e Maternidade Santo André, e o Hospital e Maternidade Campos Salles, em Suzano (SP). Atenta às crescentes reclamações dos usuários, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deu início início, em janeiro, a um regime de direção fiscal na empresa, o que corresponde, na nomenclatura do órgão, a uma intervenção branca. A medida já era esperada, pois na avaliação dos convênios feita pela ANS, em 2009, a Samcil ficou na faixa de 0,20 a 0,39 – numa escala que vai de 0 a 1. E mais: fechou 2010 com cerca de 300 mil usuários, o equivalente a 41% do total registrado em 2007.

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Luiz Roberto Silveira Pinto, que demitiu a diretoria em meados do ano passado e reassumiu o controle da operação até a chegada, estava em busca de uma uma salvação. Ele pretendia vender três dos seis hospitais do grupo – o Santa Marta, em São Paulo, o Jardins e o Santo André, ambos no ABC. Assim, poderia arrecadar R$ 130 milhões, mais do que o suficiente para saldar as dívidas da empresa, estimadas em R$ 70 milhões, e injetar algum gás no negócio. Não conseguiu e caiu em depressão e desespero.

Greve dos médicos

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O suicídio do empresário, na prática, escancarou a crise dos planos de saúde. Nesta terça-feira, a APM (Associação Paulista de Medicina) informou que todos os médicos do Brasil que prestam serviço às operadoras de plano de saúde farão um protesto na quinta-feira 7. Os atendimentos de consultas e procedimentos eletivos serão paralisados por 24 horas --as emergências serão atendidas normalmente, segundo a associação.

Ainda segundo a APM, o protesto pede a exigência da "valorização do trabalho e o fim das interferências sobre a autonomia profissional, que prejudicam principalmente os pacientes". "Nos últimos dez anos, os reajustes dos honorários médicos foram irrisórios, enquanto os planos aumentaram suas mensalidades bem acima da inflação. Alertamos a sociedade que tal situação é hoje insustentável, com riscos de sérios prejuízos à saúde e à vida daqueles que decidiram adquirir um plano de saúde, na busca de uma assistência médica de qualidade", diz manifesto divulgado pelo setor. A paralisação, de acordo com a APM, é referendada pela AMB (Associação Médica Brasileira), CFM (Conselho Federal de Medicina), Fenam (Federação Nacional dos Médicos) e pelo conjunto das sociedades de especialidades médicas.

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