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Economia

E a confiança fiscal?

A manobra feita para se cumprir a meta fiscal mostra que o governo, apoiando-se em subterfúgios, perde transparência e licitude de suas ações, reduzindo a confiança institucional e piorando sua relação com o mercado

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Em mais uma manobra da série "nunca antes na história deste país", o governo federal articulou para que se fossem cumpridas as metas e as bases da política macroeconômica brasileira no que se refere ao superávit primário. Em mais uma obra criativa de ajuste fiscal, Mantega e sua equipe utilizaram recursos do Fundo Soberano do Brasil para que se gerassem receitas para cobrir a diferença do superávit fiscal. De forma básica, o superávit fiscal é o esforço entre receitas e despesas que o governo se propõe a fazer para pagar os juros da dívida. É literalmente a economia que o governo faz para saldar estes compromissos.

Mesmo cancelando verbas do PAC para fechar as contas, o governo ainda não conseguiria atingir sua meta. Assim, precisaria de um esforço extra para que cumprisse o compromisso fiscal, e em uma engenharia econômica que envolveu uma triangulação com o BNDES, Caixa Econômica Federal, Tesouro Nacional e troca de papéis da PETROBRAS, o governo atingiu seu objetivo.

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A manobra ocorreu no último dia de dezembro, e agora vem aparecendo seus atos, que concretamente se reúnem em um emaranhado de decretos e portarias, publicados em edições extras do Diário Oficial, e aos poucos, elucidam as ações geridas pela equipe fazendária.

É importante ressaltar que tal manobra estava prevista na legislação que rege o Fundo Soberano, onde se lê a possibilidade de utilizar os recursos ali alocados em caso de necessidades estratégicas para sua utilização. Estima-se que tal manobra tenha resgatado mais de 80% do saldo investido do Fundo, algo em torno de 12,4 bilhões de reais.

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O ponto central dessa manobra é a reincidência dos artifícios criativos utilizados pelo governo na condução da política econômica fiscal e a perda total da credibilidade perante aos meios institucionais que performam para consolidarem as ações fiscais que coligam com os objetivos de curto e médio prazo da conjuntura econômica.

Significa por assim dizer que o governo, apoiando-se em subterfúgios, perde a transparência e licitude de suas ações, reduzindo a confiança institucional e piorando sua relação com o mercado. A interação entre expectativas, confiança e credibilidade é um tripé extremamente importante para que o objetivo da macroeconomia seja atingido, e a perda de tais apoios pode enfraquecer um conjunto de ações que mais tarde não conseguirão resultar nos cenários projetados pela equipe do governo.

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Vem ocorrendo um abandono de algumas práticas que foram capazes de garantir as bases da estabilização de nossa economia. Precisa-se lembrar que, a meta inflacionária já vem sendo colocada de lado em benefício do chamado crescimento econômico, que agora aparece em medíocres níveis, contracenando com um índice de inflação acima do indicado para a taxa de crescimento econômico aferido.

O câmbio flutuante livre já se perdeu e hoje se tenta justificar a interferência como política de incentivo à exportação, substituindo uma política de incentivo a inovação industrial que seria capaz de conduzir o setor a patamares superiores ao que estamos hoje apresentando.

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Mais uma vez o governo pauta-se pela política do menor esforço, ou seja, interfere na compra e na venda da moeda estrangeira para alterar sua cotação e melhorar as exportações, indo assim contra o caminho mais longo e mais sólido de se conjecturar uma política industrial de inovação e eficiência.

A perda da confiança nas instituições é outro ponto que venho insistindo devido a sua natureza preventiva. O loteamento político cobra seu preço, com a sistemática demonstração de fragilidade do sistema elétrico, o caos dos aeroportos e a inoperância dos portos.

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A ausência de investimentos concretos que estimulem um progresso econômico é o sentimento que começa a tomar parte do nosso cenário macro, principalmente quando as medidas pontuais não conseguiram melhorar, e mesmo que o governo agora diga que tais medidas não serão tão incisivas em 2013 como foram em 2012, caracterizam a necessidade de se focar em outro ponto do mapa econômico. Uma agenda de reformas precisa ser colocada em pauta, desde as ações microeconômicas até o planejamento de políticas macroeconômicas estratégicas.

As bases para o progresso econômico passam por uma política industrial forte, com baixos custos de produção e alto nível de inovação. Tudo isso precisa estar alinhado a um mercado consistente, aquecido, tanto internamente como no campo externo.

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Permeiam neste mundo instituições fortes, capazes de garantir o mais completo e límpido horizonte de negócios, amplo poder de escolhas e livre iniciativa para tomada de riscos e lucros pelos acertos, mas sempre acompanhados pelas regras claras do mercado, com agências reguladoras fortes e independentes.

As variáveis estão colocadas, o governo conhece seus agentes e precisa agora agir de forma a dar continuidade ao segundo capítulo da estabilização econômica. Lançar mão de uma contabilidade social criativa não ajuda na construção de sua identidade austera e íntegra. O governo precisa fazer cumprir seu papel, ser o exemplo da soberania institucional.

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