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Estado libera R$ 64 milhões para Azaleia continuar na Bahia

Crise da indstria de calados ameaava migrao de fbrica de Itapetinga para Chennai, na ndia; na matriz e filiais baianas, a empresa j realizou cerca de 2 mil demisses

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Victor Longo_Bahia 247 – O governo do Estado espantou nesta sexta-feira (15) a possibilidade de migração da fábrica da Vulcabras/Azaleia da cidade baiana de Itapetinga para Chennai, na Índia. Em encontro sobre Comércio Exterior que discutiu a crise do setor calçadista nacional realizado em Salvador, o secretário de Indústria e Comércio, James Correia, anunciou que o governo vai liberar a quantia de R$ 64 milhões, através do Banco do Nordeste, para evitar o fechamento da unidade de Itapetinga. O temor é que, diante da crise do setor, a fábrica deixe a Bahia aos poucos e os equipamentos da unidade sejam transferidos para a Índia, como ocorreu recentemente com a planta de produção da Vulcabras em Parobé, no Rio Grande do Sul. Se isso ocorresse, cerca de 18 mil empregos de Itapetinga e em outros 13 municípios baianos estariam em jogo.

Desde o fim de 2010, a fábrica realizou cerca de 2 mil demissões na matriz baiana e em outras filiais de municípios próximos a Itapetinga, tem concedido férias coletivas aos funcionários e atingido o limite máximo de estocagem, por conta da concorrência desleal com os produtos chineses, sobretudo os calçados esportivos. Apesar de já existirem medidas antidumping contra a entrada dos produtos chineses no Brasil, o setor calçadista suspeita que a China drible essas regras realizando uma triangulação – ou seja, exportando as peças dos calçados para outros países asiáticos, antes de enviá-los para o Brasil. Como produtos dessas outras nações não enfrentam barreiras antidumping para entrar aqui, eles chegam a preços muito baratos e eliminam a concorrência da indústria local.

"Viramos o paraíso das importações e estamos fechando as nossas fábricas. Temos que defender o nosso setor calçadista", declarou o secretário de Indústria e Comércio do Estado, James Correia, ao divulgar nesta sexta-feira em Salvador a liberação da verba. A Secretaria do Comércio Exterior se comprometeu a abrir uma investigação sobre a entrada dos produtos chineses no Brasil. Para divulgar a liberação dos R$ 64 milhões, Correia visitará Itapetinga na semana que vem.

O presidente da Vulcabras, Milton Cardoso e outros representantes do setor têm pressionado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pedindo prioridade à indústria na desoneração da folha de pagamento e rigor na fiscalização de calçados vindos da China. "A nossa intenção é continuar em Itapetinga, mas se o governo do país não modificar sua política econômica, a tendência é que o ocorrido em Parobé se repita em todo o país", admitiu Cardoso recentemente.

Fábrica na Índia

O temor de fuga da fábrica baiana para Chennai surgiu em novembro de 2010, quando o então gerente-geral da fábrica de Itapetinga, Lauro Saldanha, deixou o posto e mudou-se para a Índia, onde trabalha na implantação da nova planta. A unidade indiana vai ser inaugurada nos próximos meses.

Com os aumentos salariais promovidos durante o governo Lula e o risco da perda de incentivos fiscais, por conta do entendimento do Supremo Tribunal Federal em acabar com a "guerra fiscal" entre estados, o Brasil deixou de ser atraente para o setor calçadista. A mão de obra bem mais barata na Índia é o principal atrativo: o salário de um operário é cerca de US$ 85, dez vezes menos que aqui.

Migrações

A história da indústria calçadista endossa a possibilidade de fuga da fábrica de Itapetinga. Por ter produção essencialmente manufatureira, a tendência é que sempre haja migrações para lugares que misturem industrialização e mão de obra barata. Iniciada na Inglaterra no século XVII, a indústria calçadista só chegou ao Brasil no século XX, instalando-se especialmente na região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Expandiu-se para a região Nordeste – especialmente Ceará – há cerca de 10 anos, atraída pelos incentivos fiscais e pela mão de obra barata. Com a crescente industrialização de China, Índia, Vietnã e outros países asiáticos, a tendência é que essa indústria se desloque para lá, já que os salários são muito mais baixos. "No fim, a indústria calçadista vá para a África", previu o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Calçados e Componentes do Estado da Bahia (Sindicalçados-BA), Haroldo Ferreira.

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