Europa rebaixada?

Roberta Namour – correspondente do 247 em Paris – Os esforços da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da França, Nicolas Sarkozy, não têm sido suficientes para a Europa reganhar credibilidade no mercado. A Standard & Poors elevou ontem a pressão sobre a área do euro. Desta vez, a mensagem não veio acompanhada de uma errata, como há três semanas, ao anunciar a degradação da nota da França “por engano”. A agência de rating anunciou segunda-feira que atribuiu perspectiva negativa à nota de 15 membros da zona do euro. Entre eles, França e Alemanha. O hexágono pode ser degradado em dois pontos, enquanto a nota vizinha Alemanha seria reduzida em um nível.

Entre as razões para o aumento desta tensão sistêmica estão o aperto das condições de crédito em toda a zona do euro; os prêmios de risco elevados registrados em dívidas soberanas europeias (algumas delas com a nota máxima, triplo A); as discordâncias entre os responsáveis políticos sobre como enfrentar, de imediato, a crise de confiança do mercado e, a longo prazo, como garantir maior convergência econômica; os altos níveis de endividamento dos governos e das famílias; e crescente risco de recessão.

S&P pretende concluir sua revisão o mais rapidamente possível, após a cúpula da UE marcada para sexta-feira. O anúncio foi feito no mesmo dia em que Nicolas Sarkozy e Angela Merkel firmaram um acordo franco-alemão sobre o reforço da governança da zona do euro, através da elaboração de um novo tratado, já em março. "França e Alemanha confirmam a sua vontade de tomar todas as decisões necessárias em conexão com seus parceiros e as instituições europeias para garantir a estabilidade na área do euro ", disseram em um comunicado.

A informação da S&P foi anunciada na noite de ontem pela Bloomberg e pelo Financial Times. Logo depois, o euro caiu fortemente em relação ao dólar, de 1,3460 a 1,3308 dólares, por volta das 20 horas (horário de Paris). Wall Street, que acompanhou a alta das bolsas europeias ao longo do dia, apagou seus ganhos para fechar com 0,65%.