Fidelização econômica
Infelizmente, o governo insiste em forçar um "protecionismo burro" para nossa economia: apenas se investe na criação de barreiras à entrada de produtos internacionais e nada se faz para alterar a conjuntura industrial brasileira
O cenário econômico brasileiro, via política econômica que prioriza o consumo das famílias, vem paulatinamente crescendo em volume de recursos transacionados e atraindo assim as grandes marcas e grandes conglomerados produtivos de todo o mundo.
Sejam as margens de lucros mais atraentes ou simplesmente por expandirem os locais de atuação, é inegável a verticalização dos produtos importados frente ao mercado interno tupiniquim. Credita-se nesta conta a expansão de empresas internacionais que buscam implantar aqui sua linha produtiva e passar a oferecer o mesmo produto que comercializa lá fora.
Ressalvo que, infelizmente, o governo insiste em forçar um "protecionismo burro" para nossa economia, ou seja, apenas se investe na criação de barreiras à entrada de produtos internacionais e nada se faz para alterar a conjuntura industrial brasileira na área de pesquisa e desenvolvimento.
Logo, com tal política míope, acabamos aferindo custos maiores e produtos de menor qualidade, uma vez que nosso produtor nacional não se sentirá incomodado ao ponto de alterar sua produtividade e ampliar a competitividade para ai sim disputar mercado com os produtos importados.
Sei que alguns produtos brasileiros são extremamente defasados frente ao nível de competitividade dos importados, mas de toda forma, se houver a barreira comercial, há necessidade expressa de induzir o produtor nacional a investir no desenvolvimento pleno de sua mercadoria, e não apenas criar reservas de mercado, paralisando a busca por melhorias. Ou seja, protecionismo por protecionismo, apenas emperra o giro da roda econômica.
Demograficamente, já fomos e somos extremamente atrativos para os negócios, principalmente para as indústrias de bens de consumo. Agora, rompemos a barreira geográfica e agregamos as vantagens econômicas, garantindo um nível de renda crescente para a população e níveis de empregos formais que incluem todos os dias mais e mais trabalhadores, expandindo a base de consumidores potenciais.
Com mais produtos a disposição do consumidor, facilidades de acesso a informação e dinheiro no bolso, a economia da fidelização ganha força como estratégia de mercado e comercialização.
Pelo lado do consumidor, os programas de fidelização oferecidos pelas empresas são importantes armas para se garantir um atendimento personalizado e abaixo dos valores comercializados. Pode-se enxergar nestes programas uma forma de salvar alguns bons Reais que ajudarão nas contas domésticas ao final do mês.
Um dos exemplos da forma como as empresas utilizam a idéia de fidelizar o cliente é o tratamento especial dado a clientes que rotineiramente freqüentam o mesmo estabelecimento: as melhores mesas, a melhor receptividade e o melhor tratamento é uma forma de agradar o cliente, oferecendo mordomias que muitos querem para si e torcem o nariz quando são para os outros. A fidelização, na verdade, constata-se, tem o objetivo de conhecer todas às nuances do cliente, e extrair desta base de dados o máximo de retorno financeiro, aproximando um produto que seria generalista para as características específicas do consumidor.
Mas o que isso pode agregar a economia das empresas? O simples fato que, satisfeito e disposto, tendo produtos alinhados ao seu perfil, o cliente que é bem tratado naquele lugar, dificilmente trocará o seu hábito de gastos ali para buscar em outra empresa concorrente o mesmo produto. Logo, não se vende apenas o produto em questão, o produto final, mas agrega-se a comodidade da personalização do atendimento.
Pergunto o motivo de muitos empresários, por exemplo, preferir voar pela empresa área T em detrimento da G ou A. Em sua maioria, tais viajantes possuem cartões de pontuação de milhas aéreas, mas, além disso, podem pegar suas bagagens antecipadamente quando emparelhados aos outros consumidores.
As empresas concorrentes, também oferecem pontos e programas de fidelidade, mas não sob as mesmas circunstâncias. Logo, a personalização é maior, e opta-se por aquela que, facilite o dia a dia e premie os consumidores que mais utilizam os serviços.
Os programas de fidelidade oferecem as mais diversas informações e soluções. Estão presentes desde os cartões de crédito, débito ao simples cards que apresentamos em farmácias, supermercados, churrasquinhos e sorveterias, por exemplo.
Os programas de recompensas dos cartões de créditos são os mais amplos e normalmente os que oferecem uma gama maior de produtos e mimos para trocas. O gargalo para o lado do consumidor é que muitos, por desinformação, não procedem a troca ou o resgate de seus pontos, fazendo com que ocorra uma perda muito grande destes benefícios.
A gama de produtos segue desde passagens aéreas até mesmo itens e utensílio de cozinha. Outras empresas premiam a quantidade de utilização do produto oferecendo após um número x de utilização a bonificação de um item. Todos estes benefícios, por menores que podem parecer, ajudam no orçamento doméstico.
Observe a quantidade de pequenos pagamentos que fazemos ao longo de 1 mês e calcule o desembolso total. São os lanches, doces, e etc... de dois, três reais, que ao final do mês, sob constantes saídas, poderão causar em casos específicos uma desorganização financeira.
Além dos benefícios, os programas de fidelidade oferecem tanto para o consumidor como para as empresas um levantamento histórico valioso sobre o perfil e a rotina de consumo. Ou seja, se você é um empresário, busque criar um programa que recompense e traga o consumidor mais próximo de sua empresa, criando uma base de informação que personalize o seu produto ao gosto de cada cliente.
Se você é um consumidor, opte por empresas que ofereçam mimos ao cliente, uma vez que, sob o mesmo valor, uma empresa que lhe ofereça um programa de vantagens é mais competitiva que a outra que apenas lhe oferecerá o produto final.
Enfim, existem programas de fidelização de clientes que garantem o pleno atendimento ao consumidor. Recompensas, tratamentos especiais e demais formas que beneficiem nosso cotidiano são válidos e estão ai para serem utilizados. Portanto, escolha os melhores programas que se adaptem ao seu perfil de consumo, economizando um capital que poderá ser alocado em outros pontos.
A economia da fidelização é uma arma dos consumidores para maximizar a utilização de seu dinheiro, e mesmo que um cenário de renda crescente, é fundamental escolhermos empresas que nos tratem e nos ofereçam produtos em acordo ao nosso anseio.
Antônio Teodoro é economista e professor
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