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Economia

Filas retornam a agências da Caixa e preocupam bancários

Convergência de datas para pagamentos do auxílio emergencial, do Bolsa Família e de benefícios concedidos por prefeituras, além da diminuição do número de empregados do banco, resultam no retorno de aglomerações

Caixa Econômica Federal (Foto: Divulgação/Fenae)
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A convergência de datas para o pagamento do auxílio emergencial, do Bolsa Família e de benefícios sociais concedidos por prefeituras, além da diminuição do número de bancários para o atendimento à população, resultaram no retorno de grandes filas em agências da Caixa Econômica Federal, esta semana. As aglomerações vêm sendo registradas em diferentes locais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais. De acordo com dirigentes sindicais, parte do problema é consequência do déficit de empregados do banco, que se aproxima de 20 mil trabalhadores em todo o país.

Em dezembro, segundo a Caixa, 15,8 milhões de pessoas estão elegíveis para receber o auxílio emergencial. Só nesta quinta-feira (17), pagamentos feitos pelo governo federal foram liberados a 8,3 milhões de brasileiros: cerca de 3,4 milhões do chamado “Ciclo 6” do benefício de R$ 600, 3,3 milhões do auxílio extensão de R$ 300 e 1,6 milhão de beneficiários do Bolsa Família/Extensão com NIS final 6. Em São Paulo, por exemplo, os bancários da Caixa ainda fazem o pagamento do Renda Básica Emergencial concedido pela prefeitura.

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“É um volume enorme de pessoas que, na dúvida sobre os calendários de pagamentos, acabam se dirigindo às agências”, destaca o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, ao observar que os depósitos dos benefícios federais são feitos na Poupança Social Digital e os valores podem ser movimentos pelo aplicativo Caixa Tem ou em casas lotéricas. Pelo app, é possível pagar contas e fazer compras online em mais de um milhão de estabelecimentos comerciais.

Em São Paulo (SP), filas se formaram ao longo desta semana em agências das zonas Leste, Sul e Norte da capital, como nas unidades de Paraisópolis e da Rua Parapuã (Brasilândia), além da Itaim Paulista. No Rio de Janeiro, aglomerações foram registradas em Petrópolis, a exemplo das agências do centro da cidade e da Rua Teresa.

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No município fluminense, os afastamentos de bancários com suspeita ou confirmação de contaminação por covid-19 resultaram no fechamento de agências para higienização. Conforme o sindicato da categoria, tal situação também contribuiu para o aumento das filas e do tempo de espera por atendimento.

Nesta quarta-feira (16), unidades da Caixa na cidade de Ceilândia, em Brasília (DF), ficaram lotadas. Em Belo Horizonte (MG), filas se formaram na agência do Bairro Planalto.

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“As pessoas vão às agências, por exemplo, para realizar os saques pela manhã, de acordo com o calendário, e o dinheiro não está disponível. Isso gera muitos transtornos, acumula atendimentos à tarde e aumenta o tempo de espera nas filas”, explica a diretora da Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal em São Paulo (ApcefSP), Vivian de Sá. “Mais uma vez, a falta de planejamento e as trapalhadas do governo são responsáveis pelas filas. É muito assustador ver a quantidade de mulheres com crianças no meio da aglomeração, em plena pandemia, colocando a vida em risco”, acrescenta.

REESTRUTURAÇÃO — Em todo o país, os bancários da Caixa se dedicam, desde o início da pandemia, à assistência para mais de 140 milhões de pessoas, entre beneficiários do auxílio e do FGTS emergenciais e também do Bolsa Família. “É mais que a metade da população brasileira”, pontua o presidente da Fenae.

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Sergio Takemoto observa que, mesmo em uma conjuntura como essa, a direção da estatal iniciou, no último mês de novembro, uma “açodada e abrupta” reestruturação do banco. Cerca de 170 imóveis ocupados pela Caixa não terão os aluguéis renovados e outros serão vendidos. As mudanças também atingem diferentes áreas do banco, como as gerências executivas de Governo (Gigov) e de Habitação (Gihab), responsáveis pelo planejamento urbano dos municípios.

A reestruturação ainda abrange áreas ligadas às vice-presidências Rede de Varejo (Vired), Tecnologia e Digital (Vitec) e Logística e Operações (Vilop), além de gerências como as de Tecnologia (Gitec), de Logística (Gilog), de Segurança (Giseg) e de Alienação de Bens Móveis e Imóveis (Gilie), com filiais que devem ser extintas e parte das atividades transferidas para novas centrais.

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Trabalhadores da estatal em diferentes locais do país estão encaminhando denúncias ao Ministério Público do Trabalho para a investigação de prováveis medidas discriminatórias neste processo de mudanças. A principal reclamação ao MPT é quanto à transferência dos empregados para outras unidades, sem aviso prévio.

A reestruturação, sem qualquer discussão com os empregados, causou, entre outros prejuízos aos trabalhadores da empresa, pressão para que os bancários aderissem ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV). 

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DÉFICIT — Com a saída de cerca de 2,3 mil empregados no último PDV, o déficit de trabalhadores na Caixa Econômica se aproxima de 20 mil, colocando em risco real a capacidade e a qualidade do atendimento à sociedade.

“É preocupante o desligamento desses empregados sem uma indicação do banco para novas contratações”, alerta Sergio Takemoto. “Além de piorar as condições de trabalho, a falta de bancários pode prejudicar o atendimento à população; especialmente, neste momento de pandemia e crise econômica”, emenda o presidente da Fenae.

A Caixa, que chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014, conta atualmente com 84,2 mil empregados. Apesar disso, o banco trabalha com a estimativa de desligamento de 7,2 mil trabalhadores, só este ano, tendo reaberto o PDV até o dia 11 deste mês.

“Além de atender 140 milhões de brasileiros em meio a uma pandemia, com filas que expõem tanto os empregados quanto a população, os bancários ainda sofrem pressões absurdas por metas”, conta Takemoto.

SEM PRORROGAÇÃO — Desde abril, no início da pandemia do coronavírus, o auxílio emergencial aliviou as dificuldades financeiras de 67,9 milhões de brasileiros, entre trabalhadores informais, microempreendedores, autônomos, desempregados e beneficiários do Bolsa Família. O valor mensal do benefício, aprovado pelo Congresso em R$ 600, foi pago até agosto. Em setembro, foi prorrogado; mas, diminuído pela metade no auxílio extensão (R$ 300 mensais). 

Somente quem começou a receber o benefício em abril é que teve direito às quatros parcelas do auxílio extensão, pago até este mês de dezembro. Para parte dos beneficiários, o saque só será liberado em janeiro.

Cálculos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) mostram que a redução do auxílio emergencial para R$ 300 provocou o avanço da taxa de pobreza em 19,4%, o que representa 41,1 milhões de pessoas. Conforme o estudo do Ibre, em agosto, ainda sob o efeito do auxílio emergencial de R$ 600, o percentual de pessoas vivendo nesta condição era de 18,4% (38,9 milhões de brasileiros). Essa parcela tem renda inferior a US$ 5,50 por dia — linha de corte adotada pelo Banco Mundial. 

“A Fenae sempre defendeu a manutenção do auxílio emergencial no valor de R$ 600 por mês [R$ 1,2 mil para mães provedoras] e enquanto durassem os efeitos da pandemia”, ressalta Sergio Takemoto. Apesar da crise econômica intensificada pela covid-19 e a possibilidade de uma segunda onda da pandemia no Brasil, o governo vem reafirmando que não pretende manter a assistência à população por meio do benefício.

Esta semana, Bolsonaro voltou a dizer que não haverá prorrogação do auxílio emergencial nem a criação de um novo programa de distribuição de renda. Segundo ele, a ideia é "aumentar um pouquinho" o Bolsa Família.

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