Futuro dono da Delta foi maior doador de Dilma
Grupo JBS Friboi fez doações que totalizaram R$ 12 milhões, bem à frente das demais empreiteiras; nesta segunda-feira, Joesley Batista deve formalizar a aquisição da empresa que era de Fernando Cavendish; reportagem da Folha de 2005 já apontou contrato de gaveta com o BNDES
247 – Nenhum grupo econômico cresceu tanto no Brasil desde a chegada do PT ao poder quanto o JBS Friboi. Com capital do BNDES turbinando sua expansão, a empresa se tornou o maior grupo de proteína animal do mundo. Com apoio de fundos de pensão, constrói também no Centro-Oeste um dos maiores polos de celulose e eucalipto do planeta. E, nesta segunda-feira, deve formalizar sua entrada no mundo da construção pesada, adquirindo, por preço simbólico, a Delta, que era de Fernando Cavendish.
No comando do grupo, o empresário Joesley Batista tem demonstrado habilidade para transitar junto ao poder. Na campanha presidencial de 2010, o JBS foi o maior doador de Dilma Rousseff, com 12 milhões, quase 10% dos R$ 145 milhões que foram arrecadados pela candidata do PT. Mesmo sem ser construtora, à época, o JBS ficou à frente das empreiteiras, que, tradicionalmente, são os grandes doadoras de campanha no Brasil. A Andrade Gutierrez, por exemplo, doou R$ 4,5 milhões, abaixo dos R$ 5,1 milhões da Queiroz Galvão e dos R$ 8,5 milhões da Camargo Corrêa.
Portanto, o JBS Friboi estreará no mundo da construção pesada com relações já azeitadas com os poderosos. Mas a proximidade com o BNDES, que emprestou mais de R$ 3,5 bilhões à empresa, também gera críticas que vêm desde o início do governo Lula. Em 2005, uma reportagem da Folha de S. Paulo, em que os donos do Friboi eram acusados de cartelização, revelou que o grupo tinha um contrato de gaveta com o BNDES – o que foi captado, numa conversa telefônica, de José Batista Júnior, irmão mais velho de Joesley.
Essa relação simbiótica com o BNDES faz do grupo JBS Friboi o melhor exemplo do “capitalismo de Estado” que tem prevalecido no Brasil dos últimos anos. Mas, assim como cria oportunidades de negócio para a família Batista, também põe em risco alguns projetos políticos. José Batista Júnior, por exemplo, quer ser governador de Goiás, pelo PSB. Mas, para um estado já traumatizado com a influência do esquema Delta-Cachoeira, não será tão simples eleger o futuro dono da Delta, ainda que José Batista Júnior alegue ter deixado o grupo há sete anos.
Da carne às obras
Neste fim de semana, Joesley foi capa da revista Istoé Dinheiro, que tratou da nova tacada do grupo e da diversificação dos seus negócios. O grupo, com mais de 50 mil funcionários, já fatura R$ 70 bilhões e compete, com a Vale, pelo posto de maior empresa privada do Brasil.
Com a Delta, virão mais 31 mil empregados. “Nosso objetivo é honrar os contratos e preservar os empregos”, disse Joesley Batista, em comunicado sobre a transação. Henrique Meirelles, contratado para comandar os negócios do grupo, também defendeu a operação. “A Delta, na situação em que está, é uma grande oportunidade para o grupo entrar em infraestrutura, um desejo que já existia antes”, afirmou Meirelles. Fernando Cavendish, que comandava a Delta, mandou carta aos funcionários se despedindo e avisando que saía para preservar os empregos.
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