Governo brasileiro, diplomatas e especialistas esperam que vitória de Milei acelere acordo Mercosul-União Europeia
Negociadores intensificaram os esforços e fazem reuniões semanais por videoconferência para encerrar as tratativas a tempo para o encontro do Mercosul, em 7 de dezembro

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Reuters - A vitória presidencial do ultraliberal de extrema direita Javier Milei na Argentina não prejudicará o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e pode acelerar a conclusão das negociações antes de ele assumir o cargo em 10 de dezembro, disseram uma fonte do governo brasileiro, diplomatas e especialistas em comércio entre a noite de domingo e esta segunda-feira.
Com a vitória de Milei, espera-se que o radical diminua o tom das suas críticas de campanha ao bloco do mercado comum sul-americano e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não gerando perturbações no comércio do Mercosul, disseram.
“O acordo já está em uma velocidade que independe dessa política. E o Milei, por princípio, é a favor desse acordo, é a favor do livre comércio”, disse uma fonte do governo que acompanha as negociações entre os dois blocos.
Os ataques de Milei levantaram dúvidas sobre o futuro do Mercosul e levaram os negociadores a intensificar esforços para superar as diferenças e a realizar reuniões semanais por videoconferência, na esperança de encerrar as negociações a tempo para um encontro do Mercosul em 7 de dezembro.
“Lula provavelmente estará ainda mais interessado em conseguir isso agora”, disse um diplomata europeu com conhecimento das negociações.
Um tratado comercial foi acordado em 2019, após duas décadas de negociações, mas compromissos ambientais adicionais exigidos pela UE levaram o Brasil e a Argentina a procurar novas concessões que prolongaram as negociações.
O ex-secretário de Comércio Exterior brasileiro Welber Barral, em Buenos Aires para acompanhar a eleição presidencial, disse não ver Milei cumprindo suas ameaças de saída do bloco comercial formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
“A abertura dos mercados faz parte do discurso de Milei, então ele provavelmente apoiará o acordo com a UE, apesar das críticas ao Mercosul”, disse ele em entrevista.
O pragmatismo prevalecerá em ambos os lados, disse Barral, uma vez que as relações comerciais são muito importantes. A Argentina é o maior mercado do Brasil para produtos manufaturados, principalmente automóveis e peças automotivas.
Lula, que foi rotulado de “comunista raivoso” por Milei durante a campanha, desejou sucesso ao novo governo do país vizinho e disse que o Brasil está pronto para “trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”, em declaração em que não citou nominalmente o presidente eleito.
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