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Economia

Mantega, o torcedor

Fecho parênteses lembrando que Mantega, de novo, está prevendo crescimento de 5% para este ano. Será desmentido outra vez: se atingir 3%, que nos consideremos todos felizes

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Lisboa – O ministro da Fazenda prefere falar como leigo do que como técnico. Parece torcedor fanático, em pleno estádio de futebol.

No início de 2011, “previu” crescimento de 5% e inflação no centro da meta. Resultado: o PIB avançou algo abaixo de 2,9% e a inflação, apesar de maquiada, ultrapassou o teto da meta, atingindo, provavelmente, 6,55%. Resultado: a diretoria do Banco Central terá de escrever carta à Nação, justificando-se pelo não cumprimento da meta por ela própria estabelecida.

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Abro parênteses para falar da maquiagem da inflação do ano passado: o governo fez o corte na CIDE e adiou a entrada em vigor do imposto sobre o cigarro. Jogou o contencioso para o presente exercício. Com tudo isso, não conseguiu conter o índice nos elevadíssimos 6,5% estipulados para ser o teto de um centro também muito alto (4,5%). E aproveito para lembrar que a inflação de 2012 já está sendo maquiada também: o IBGE cortou do cálculo inflacionário o cigarro, sob a alegação de que as pessoas estariam fumando menos (nem vou discutir esse ponto) e os gastos com educação e com empregados domésticos.

Impressionante como jogam até contra a credibilidade do IBGE. Não vou questionar a retirada do cigarro. Mas pondero que é absurdo supor que os gastos com educação tenham passado a pesar menos no orçamento das famílias. Assim como é risível, agora que o salário mínimo teve aumento acima de 14%, aceitar que as despesas com empregados domésticos tenham caído.

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Fecho parênteses lembrando que Mantega, de novo, está prevendo crescimento de 5% para este ano. Será desmentido outra vez: se atingir 3%, que nos consideremos todos felizes. E a inflação, mesmo expurgada dos itens que acabei de referir, ficará muito acima do centro da meta. Nos dois anos, teremos crescimento médio beirando 3% e inflação média à volta de 6%.

O nosso “torcedor” é infatigável. A última foi a comemoração por termos ultrapassado a Inglaterra em PIB. Tudo seria obra da “genialidade” dele próprio e do esquema de poder aí posto.

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Não fez nenhuma referência aos oito anos reformistas de Fernando Henrique, que preparou o País para novos saltos, nem à bonança internacional extraordinária que bafejou quase todo o período Lula. Que, alias, não aproveitou para concluir o ciclo de reformas estruturais, preferindo a popularidade fácil de animador de auditório a conquistar lugar de estadista na História.

Além desses dos dois fatores acima, o PIB brasileiro se avantajou porque o real se valorizou diante do dólar. Bem diferente da China, que mantém sua moeda artificialmente desvalorizada e, mesmo assim, chegou mais perto dos Estados Unidos.

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Em PIB, somos a sexta maior economia do mundo. Em PIB per capita, todavia, ficamos num medíocre 47º lugar, com apenas US$9.390. Cinco vezes menos que a Bélgica, cinco vezes e meia menos que a Holanda, quase oito vezes menos que Suíça e Luxemburgo, quase nove vezes e meia menos que a Noruega. Ia esquecendo: a Inglaterra apresenta PIB per capita 3 vezes superior ao nosso. E se Portugal estagnar por duas décadas, nesse período de tempo será alcançado por nós.

Em índice de desenvolvimento humano (IDH), ficamos na 84ª posição. Em miúdos: enquanto Mantega fala sem responsabilidade, tem brasileiro morando embaixo de ponte ou morrendo de fome e de doenças típicas do subdesenvolvimento.

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Tento, mas não consigo imaginar Pedro Malan e Armínio Fraga dizendo as coisas que o atual ministro da Fazenda diz.

Mantega, o torcedor. Que bom se fosse só isso. Grave mesmo é ele distorcer dados, visando a iludir a sociedade.

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Isso não é próprio da posição que ocupa. Não é próprio de um verdadeiro homem público.

 

*Diplomata, foi líder do PSDB no Senado

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