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Mariana Mazzucato defende ação mais forte do estado e reinvenção do capitalismo

Economista não escondeu sua preocupação com o retorno de políticas de austeridade após a pandemia de Covid-19

Lula e Mariana Mazzucato (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 – A economista italiana Mariana Mazzucato, defensora de uma redefinição do papel do Estado no século 21, esteve no Brasil para participar do 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Durante sua visita, Mazzucato compartilhou suas ideias sobre como o país pode se tornar um ator de destaque na economia global por meio da inovação e da reinvenção do capitalismo.Em entrevista à Folha de S. Paulo, a economista não escondeu sua preocupação com o retorno de políticas de austeridade após a pandemia de Covid-19 e o aumento da popularidade de líderes políticos que apontam o Estado como a fonte de todos os problemas. Em sua opinião, antes de criticar os eleitores que elegem políticos com tais ideais, é fundamental que as instituições públicas assumam um novo papel, direcionando esforços para a inovação e a sustentabilidade.

Uma das principais propostas de Mazzucato é transformar o orçamento de compras de cada ministério em um orçamento de inovação, orientado para programas de mobilidade sustentável e soluções para os problemas urbanos, como congestionamentos. Ela acredita que o Brasil pode liderar um movimento nesse sentido, especialmente com o envolvimento do Ministério da Fazenda.

Segundo a economista, a parceria entre setores público e privado é crucial para o desenvolvimento sustentável, e o Brasil deve evitar a armadilha de se tornar novamente um exportador de commodities, buscando diversificar sua economia e promover a inovação.

Mazzucato também enfatizou a importância de um investimento público inteligente, estratégico e orientado, que catalise o investimento privado, em oposição à austeridade fiscal. Ela argumenta que a restrição real não é o déficit, mas sim a dívida em relação ao PIB.

Além disso, a economista alertou para a onda de populismo em todo o mundo e destacou a importância de não subestimar a perda de confiança das pessoas no governo e nas empresas. Ela defende a busca por soluções mais complexas e sustentáveis em vez de ideias simplistas apresentadas por políticos extremistas.

Mariana Mazzucato encerrou sua visita ao Brasil enfatizando que o Estado deve fornecer direção e exigir inovação em todos os setores da economia, com foco na sustentabilidade, saúde e bem-estar, preparando-se para enfrentar os desafios do século 21, como a próxima pandemia.