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Monica de Bolle: países com controle do vírus terão investimento e irão recuperar suas economias mais rapidamente

A economista, comentarista da TV 247 e professora da Universidade Johns Hopkins, Monica de Bolle, avalia que países onde a pandemia do novo coronavírus está fora de controle, como Brasil e EUA, terão mais dificuldade para receber investimentos e recuperar suas economias

Mônica de Bolle (Foto: Inter-American Dialogue)

247 - A economista, comentarista da TV 247 e  professora da Universidade Johns Hopkins, Monica de Bolle, avalia que os países que conseguiram controlar a pandemia do coronavírus, como os europeus, possuem capacidade de recuperar suas economias mais rapidamente que nações como os Estados Unidos, Brasil ou o México, onde a doença está fora de controle. 

“Ao olharmos os dados mais macroeconômicos, a incerteza leva ao fim dos investimentos. Países como o Brasil não terão investimento, enquanto os países com controle do vírus terão algum investimento. O descontrole com o vírus afeta a capacidade de recuperação futura”, disse a economista em entrevista ao jornal O Globo

“A economia só funciona com pessoas. Se elas não puderem circular livremente, estiverem em risco ou com incertezas, a economia não funciona. O que para a economia é o vírus, não as medidas de controle”, ressalta Monica de Bolle. 

Ainda segundo ela, “países que controlaram melhor a pandemia, como os europeus, estão se saindo melhor que EUA, Brasil ou o México. E a incerteza não afeta apenas comércio e serviços neste momento, tende a piorar o investimento e as contas públicas”. 

A economista observa que no caso do Brasil um dos efeitos da incerteza causada pela pandemia é a pressão pelo aumento da carga tributária para compensar a perda de receitas do governo. “O que o governo gastou para lidar com a crise foi absolutamente ineficaz, com a exceção do auxílio emergencial. A gente já tem uma situação crítica de déficit público, tanto pelo gasto extraordinário do governo como pela queda da arrecadação. Sem ter como cortar gastos, há o aumento da carga”, destaca. 

“Agora, que aumento de carga? Na minha opinião não é esta nova CPMF que o Paulo Guedes quer fazer. Para mim, isso passa por aumento da alíquota do Imposto de Renda e tributação de lucros e dividendos, coisas que podem ser feitas por lei complementar e que têm efeito relevante sobre carga e progressividade. O retorno da CPMF pode ser um complicador para a recuperação da economia, é um imposto que gera ônus, de grande ineficiência”, completa.