No seio da família Batista, nasce o “fogo-irmão”

247 – Nas disputas brasilienses, por cargos, ministérios e verbas, muitas vezes o que existe de trás de um escândalo é o chamado “fogo amigo”. Disparos que partem, em geral, dos próprios aliados políticos. Fogo na trincheira.

Agora, no mundo empresarial, nasce o “fogo-irmão”. A expressão foi cunhada nesta terça-feira pela jornalista Sonia Racy, do Estado de S. Paulo, para definir o que pode estar ocorrendo entre os irmãos Joesley Batista e José Batista Júnior, donos do grupo JBS Friboi.

Joesley é o homem do dinheiro. Júnior, o da política, que sonha em ser governador de Goiás, em 2014, pelo PSB de Eduardo Campos. Enquanto o primeiro costurou em segredo a compra da Construtora Delta, o segundo trouxe complicadores para o negócio, ao dizer que a transação teria passado pelo crivo do Palácio do Planalto.

Irritada, a presidente Dilma Rousseff mandou acelerar o processo para que a Delta seja declarada inidônea pela Controladoria Geral da União. Ontem mesmo, a Petrobras também cancelou os contratos da empreiteira, devida à má performance nas suas obras. Ou seja: o grupo JBS Friboi corre agora o risco de comprar um ovo sem gema e sem clara, só com a casca.

Política e negócios

Em Goiás, há sérias dúvidas sobre se os irmãos Batista realmente chegaram a um consenso sobre o projeto político de Júnior. Alguns prefeririam manter boas relações com todas as forças partidárias para, assim, não trazer riscos desnecessários para a atividade empresarial.

Júnior, no entanto, acredita que tem uma missão e fará de tudo o que estiver ao seu alcance para chegar ao Palácio das Esmeraldas em 2014. Sendo dono da Delta, ainda que formalmente afastado dos negócios, será mais difícil. Afinal, se a empreiteira de Fernando Cavendish já mandava e desmandava em Goiás no governo de Marconi Perillo, o que dizer então num governo sem intermediários?