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Economia

O abalo de um modelo

O mesmo sistema de produção que levou as montadoras japonesas ao sucesso cria dificuldades para a recuperação delas depois do terremoto

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Desde os anos 60, e com mais força a partir da década seguinte, as montadoras de veículos japoneses vêm encantando os consumidores e assustando os concorrentes. Graças à qualidade dos veículos, à tecnologia de sua mecânica e ao design arrojado de suas formas, marcas como Honda, Nissan e, sobretudo a Toyota, ganharam mercado continuamente. O auge desse processo ocorreu em 2009, quando a Toyota roubou a liderança de décadas da GM e se tornou a maior fabricante de veículos do mundo. Por trás desse sucesso, estava uma azeitado sistema de produção, baseado em técnicas revolucionárias, como just-in-time, kaizen, entre outras. As fábricas japonesas trabalham com estoques mínimos. Para isso, dependem de uma sintonia perfeita com fornecedores, responsáveis por entregar as autopeças poucos minutos antes de serem montadas nos veículos. Esse método garantia uma agilidade e, por tabela, uma estrutura de custos praticamente imbatíveis. Montadoras mais tradicionais, como as americanas GM, Ford e Chrysler, demonstravam enorme dificuldade para entender e copiar o sistema japonês de produção, principalmente devido ao profundo envolvimento que as companhias nipônicas obtinham de seus funcionários.

Pois foi justamente esse modelo, responsável pelo sucesso das montadoras japonesas, que está gerando grandes dores de cabeça para seus dirigentes. Há cerca de dois anos, uma onda de recalls sem precedentes colocou em dúvida a sustentabilidade desse sistema. A excessiva autonomia com que os fornecedores trabalhavam e a contínua pressão para reduzir custos comprometiam a qualidade dos produtos, avaliavam os críticos.

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Agora, com o terremoto da sexta-feira, 11, o sistema japonês de produção mostra mais uma de suas falhas. Como dependem de uma infraestrutura de transportes perfeita, com estradas em excelentes condições, além de portos, ferrovias e aeroportos funcionando em sua plenitude, as montadoras viram-se de uma hora para outra sem autopeças para montar seus carros. Suas linhas de montagem ficaram comprometidas imediatamente e sem condições de retomar a operação. E isso justamente num momento em que o país mais precisa produzir para enfrentar o fantasma da recessão que apareceu com os abalos sísmicos da sexta-feira.

É leviano condenar por isso o sistema japonês de produção. Foi ele, a partir de 1945, um dos responsáveis pela espetacular recuperação econômica de um país devastado por uma guerra prolongada e por duas bombas atômicas. Mas, sem dúvida, essa fissura no método de produção pega as montadoras num momento particularmente ruim, em que os recalls abalaram sua reputação, os concorrentes, como Ford e GM, ensaiam sua recuperação e os países emergentes (onde sua atuação ainda é tímida) aparecem como os mercados mais atraentes do mundo. Enfim, mais um desafio para um país habituado a encarar (e vencer) desafios gigantescos.

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