O dolar não para de aterrissar no Brasil

O Brasil está presenciando uma enxurrada de dólares na economia. Só entre 1 de janeiro de 2001 e sexta-feira passada, mais de US$ 30 bilhões tinham entrado no País, US$ 6 bilhões a mais do que em todo o ano passado. A média por dia útil em março atingiu US$ 1,06 bilhão. Trata-se da maior média diária deste ano. Em janeiro, a média, por dia útil, atingiu US$ 738 milhões e, em fevereiro, totalizou US$ 205 milhões.A informação é do Banco Central e acentua a pressão sobre o Ministério da Fazenda para adotar medidas contra uma valorização ainda maior do real. Curiosamente, a divulgação da enxurrada de dólares vem um dia depois do ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciar o adiamento de uma série de ações para conter a perda de valor do dólar frente ao real. O governo avalia que o terremoto de sexta-feira provocou instabilidade no cenário econômico global e, por isso, seria temerário anunciar qualquer medida nesse momento.

O câmbio é apontado como um dos grandes desafios do mandato da presidente Dilma Rousseff. O dólar desvalorizado estimula as importações, derruba as exportações e provoca o receio de desindustrialização no País. Apesar disso, até agora, os indicadores mostram que os eventuais efeitos dessa situação ainda não se manifestaram. Na terça-feira, o Ministério do Trabalho anunciou um recorde histórico na geração de empregos para o mês de fevereiro. A balança comercial também tem apresentado superávits maiores do que os do ano passado.

O governo já adotou, no passado, várias medidas para conter a entrada de dólares no Brasi. Em outubro do ano passado, o governo aumentou o IOF para aplicações de estrangeiros em renda fixa de 2% para 6%, além da elevação do tributo sobre a margem de operações no mercado futuro. Nada disso, conteve a apreciação do real.