O país está melhor
Embora eu ache que o voto em Obama é o voto certo, não sei se ele será bem sucedido já que, se os republicanos tiverem maioria na Câmara ou Senado, a paralisia continuará
O verão no hemisfério norte foi muito bom para o mercado acionário e as dificuldades da economia mundial não afetaram os investidores. Nos últimos quinze dias, o Banco Central Europeu anunciou seu programa de compra de títulos, o Congresso alemão aprovou o mecanismo de socorro, os holandeses rejeitaram os candidatos que eram contra a União Europeia e o FED anunciou QE3.
As ações subiram 2% somente na semana passada, atingindo níveis não vistos desde 2007. No dia 19, o Banco Central do Japão anunciou mais estímulo, ajudando ainda mais as ações.
Nos EUA, as eleições presidenciais estão se tornando mais interessantes que os movimentos da bolsa. As recentes pesquisas apontam Obama na dianteira e particularmente em três estados muito importantes (Florida, Ohio e Virginia).
A eleição está chegando - alguns estados já até começaram a votar - e há ainda muitos independentes indecisos e, o pior, democratas que não sabem se querem mais quatro anos de Obama.
Há eleitores jovens que não querem votar, entre eles meu filho. Eu achei que devia convencê-lo a votar em Obama e decidi compartilhar minhas razões com vocês.
Vou começar respondendo a pergunta que Paul Ryan fez no discurso da convenção: sua situação está melhor agora do que há quatro anos? Claro que os republicanos querem que a resposta seja não, mas não vejo como alguém pode sinceramente responder não a esta pergunta.
Eu não tenho duvidas de que estou melhor, mas isto não vem ao caso. A discussão não deveria ser individual. Assim como eu estou melhor, tenho consciência de que milhões de americanos não estão, ainda há milhões de desempregados, pessoas cujas dividas nas casas valem mais do que as casas, estudantes que não conseguem pagar os empréstimos que fizeram para ir para a faculdade.
Ainda que os republicanos perguntem se VOCÊ está melhor - e a resposta vai variar de acordo com a situação de cada um - a questão deveria ser se o país está melhor. Acredito que sim.
Quatro anos atrás estávamos soterrados em duas guerras que quebraram o país - patrocinadas pelos republicanos -, jovens estavam morrendo no Iraque, Osama Bin Laden e a Al-Qaeda eram uma ameaça concreta. Famílias e empresas estavam enterradas em dívida, a indústria automobilística e bancária à beira do colapso e as pessoas com medo do futuro.
Com Obama na presidência, Osama Bin Laden foi assassinado, Al-Qaeda foi enfraquecida e hoje está quase desaparecendo, a indústria automobilística está indo bem assim como os bancos (mesmo que eu não concorde com as operações de socorro, este é um fato e não se pode questionar). Os Estados Unidos estavam isolados e eram odiados. Não é mais assim, exceto pelos trágicos episódios provocados por aquele abominável filme na semana passada.
Portanto, o País está melhor.
É interessante notar que tudo que Obama conseguiu foi feito sem o apoio dos republicanos, entre outros:
- A lei Lilly Ledbetter de pagamento justo, obrigando empresas a pagar igualmente homens e mulheres.
- O estimulo
- A reforma do setor de saúde
- A regulação do setor financeiro
- Rejeição da politica "don't ask, don't tell"
- A legalização dos jovens imigrantes
Um dos argumentos usados pelos republicanos e aceito em silêncio pelos democratas é que Obama não é um líder, não procura soluções bipartidárias etc... Minha resposta a este argumento é a seguinte: como você pode trabalhar em conjunto com políticos cujo único objetivo é fazer com que você não se reeleja? Como você pode liderar políticos, que mentem descaradamente sobre suas propostas? Os republicanos não querem cooperar e na verdade esta decisão foi tomada no dia da posse de Obama. Neste dia, enquanto Obama fazia o juramento, o líder da minoria republicana no senado Mitch McConnel disse: "nosso objetivo é que Obama seja Presidente de um termo só". Wau! Ou seja, o objetivo não era procurar soluções para um País em crise, trabalhar junto para reduzir o déficit ou criar empregos. O objetivo era destruir a administração. Quanto pior, melhor. Este é o lema dos republicanos. Os republicanos argumentam que o estímulo não funcionou e para aqueles interessados em saber mais sobre isto recomendo o livro The New New Deal de autoria de Michael Grunwald. Como mostrado pelo New York Times no último domingo, a crítica ao estímulo vem na sua maior parte da ignorância. Por exemplo, poucos nova iorquinos sabem que o dinheiro do estímulo está ajudando a construir o subway da segunda avenida ou a ligação entre a estação central (Grand Central) e a Estação Ferroviária de Long Island (LIRR).
Os republicanos adoram falar em responsabilidade fiscal. Eu sou totalmente a favor. Entretanto Paul Ryan não tem qualificação para falar sobre o tema. Paul Ryan votou a favor de duas guerras para as quais não havia recursos e ao mesmo tempo votou por corte de impostos: ou seja, ele votou por aumentar despesas e cortar receitas ao mesmo tempo. Isto é responsabilidade fiscal? Acho que não. Infelizmente a maioria das coisas que os republicanos acusam Obama foi causada por eles mesmos, como prova a discussão sobre o aumento do teto de endividamento.
Por fim, é muito triste que corte de impostos seja o maior apelo para se votar em Romney. É triste ver pessoas inteligentes e educadas dispostas votar em um candidato só porque ele promete diminuir o que você paga de imposto. Voltarei a este tema em breve.
Embora eu ache que o voto em Obama é o voto certo, não sei se ele será bem sucedido já que se os republicanos tiverem maioria na Câmara ou Senado, a paralisia continuará.
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