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      “O vento no mundo não sopra mais a nosso favor”

      Em entrevista, ex-presidente FHC alerta para o novo cenário da economia internacional, ironiza o que chama de Bolsa Empresa do BNDES, pede condenação aos réus do mensalão e critica decisão tomada pelo Brasil no caso paraguaio

      “O vento no mundo não sopra mais a nosso favor” (Foto: Reprodução)
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      247 – Sempre polêmico, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu entrevista ao jornalista André Petry, correspondente da revista Veja em Nova York, em que falou sobre temas como Mercosul, mensalão e o novo quadro internacional, que, a seu, ver já não sopra mais a favor da economia brasileira. Leia alguns dos principais trechos:

      Nova percepção externa sobre o Brasil:

      “A mudança começou quando apareceram alguns sinais de que o Brasil talvez fosse se desviar do caminho anterior, com as intervenções tópicas do governo na economia. Depois, a balança comercial deixou de ser tão favorável. O sujeito que tem bilhões de dólares investidos no Brasil começa a ficar com receio. Mas a situação não é tão negativa quanto está sendo pintada.”

      Sobre o estilo Dilma na economia

      “O governo da presidente Dilma é mais voluntarioso no que diz respeito à sua relação com o mercado. É o comando do estado sobre o mercado, mas não é estatista. Tanto que acabou de fazer a concessão dos aeroportos. O que se percebe é que o DNA do governo atual é outro. O presidente Lula procurava disfarçar o seu DNA, se é que tinha. A presidente Dilma é mais conseqüente com aquilo em que acredita. E ela acredita mais na regulação.”

      Os desafios para crescer

      “O vento no mundo não sopra mais a nosso favor. Então, o desafio do governo da presidente Dilma é retomar algumas reformas e fazer o que o governo do presidente Lula não fez durante o bom momento do crescimento econômico, que é cuidar do investimento e da poupança. No vento a favor, Lula cuidou do consumo, não da produção, do investimento. A produtividade da nossa indústria perdeu em comparação com a de outros países. Mas não é a produtividade de dentro da fábrica. É de fora. São as estradas, o custo da energia, os aeroportos, o sistema tributário, a educação.”

      Concentração de renda para cima

      “A transferência de renda saudável é para baixo, mas também temos a transferência para cima. O BNDES pega dinheiro do Tesouro e empresta a empresas com juros subsidiados. Quem paga o subsídio. Nós, os contribuintes. Dá cerca de 20 bilhões de dólares. A Bolsa Empresa está forte no Brasil. O Brasil hoje é o país da Bolsa Família e da Bolsa Empresa, o que resultou na felicidade geral. Daí o apoio ao governo. Mas a classe média ficou de fora.”

      O julgamento do mensalão

      “Não sou juiz e não sei qual deve ser a sentença. O que sei é que, se houver algo a ser corrigido, e for, será um marco histórico. Até hoje, o povo sente que gente importante pode fazer o que quiser e não paga o preço. Uma absolvição, se for percebida como algo por baixo do pano, vai referendar isso. É um julgamento histórico porque uma sociedade se forma de símbolos.”

      O afastamento do Paraguai do Mercosul

      “Faltou diplomacia, mas não só brasileira. De todo mundo. Se eu pudesse ter interferido, aconselharia evitar o afastamento faltando dez meses para o fim do governo. A ação do Paraguai foi muito rápida, o que é politicamente inconveniente, mas não foi ilegal.”

      A Venezuela no Mercosul

      “Grave também foi a entrada da Venezuela no Mercosul na ausência do Paraguai. Sou a favor da Venezuela no Mercosul. Mas ela tinha que ter cumprido o requisito básico de adotar a tarifa externa comum.”

       

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