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Economia

Odebrecht X Gradin: guerra envolve juíza

Grupo baiano pede a substituio da magistrada do processo bilionrio movido pela famlia Gradin; ela teria manifestado predileo antes de bater o martelo; Marcelo Odebrecht quer pagar US$ 1,5 bilho para tirar Bernardo Gradin da companhia

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Márcio Kroehn, Brasil 247_ Cada vez mais as poderosas famílias Odebrecht e Gradin falam línguas diferentes – e crescem as desavenças entre elas. Desde o ano passado, ambas brigam entre si por uma fatia de 20,6% do capital social do Grupo Odebrecht, que concentra 12 diferentes negócios e faturamento de mais de R$ 40 bilhões ao ano. A desavença em uma sociedade tão duradoura, que nasceu há mais de 40 anos com Norberto Odebrecht e Victor Gradin, está no acordo de acionistas assinado em 2001. À época, ficou acertado que o executivo e o conselheiro que atingisse as idades de 65 e 70 anos, respectivamente, deveria vender sua participação acionária para a companhia pelo melhor preço avaliado pelo mercado. Com isso, as ações voltam para o caixa da empresa e podem ser utilizadas na política de incentivo aos novos executivos: reter talentos com a participação no grupo. O vendedor sai com uma bolada que servirá para aumentar os ganhos na aposentadoria.

Dez anos depois da assinatura do acordo, porém, as duas famílias estão em pé de guerra. E os contornos atuais não indicam qualquer possibilidade de conciliação. Na segunda-feira 30 de maio, a Odebrecht pediu a substituição da juíza Maria de Lourdes Oliveira Araújo, da 10ª. Vara Cível de Salvador, que está à frente de um processo movido em dezembro do ano passado pela Graal Participações, holding que concentra os interesses dos Gradin, principalmente de Bernardo, Miguel e Ana Maria, os três filhos de Victor. Na petição de número 0113259-09.2010.805.0001, que o Brasil_247 teve acesso, protocolada na tarde de segunda-feira, a Odebrecht alega que já existe o comprometimento da juíza para resolver o conflito. Ela teria manifestado sua posição favorável à Graal diversas vezes antes do julgamento final. E, para a Justiça, esse seria um indício de favorecimento a uma das partes envolvidas no processo.

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A disputa entre as duas tradicionais famílias de empresários começou quando a Odebrecht quis exercer o direito pela opção de compra das ações do patriarca Victor Gradin que, aos 78 anos, ultrapassara a idade limite acertada naquele acordo de acionistas. Marcelo Odebrecht, neto de Norberto e atual comandante dos negócios do grupo, contratou o banco Credit Suisse para avaliar quanto ele precisava desembolsar pela participação de pouco mais de 20% do sócio. O resultado da avaliação mostrou que os US$ 60 milhões que as ações valiam em 2001 foram multiplicados por 25, ou seja, US$ 1,5 bilhão. A evolução é um claro sinal da prosperidade do Grupo e do crescimento do Brasil. Esse, aliás, é um dos motivos que levam os Gradin a não querer ceder sua participação: a economia brasileira entrou em um ciclo virtuoso e eles querem continuar repartindo esse bolo.

Sentindo-se acuado com a decisão unilateral da Odebrecht, Bernardo Gradin iniciou o período de revolta e entrou na Justiça com um processo de arbitragem contestando a avaliação feita pelo banco contratado e o valor de US$ 1,5 bilhão pelas ações da família. Ele alega que os 20% valem, pelo menos, o dobro da oferta. “Essa discussão não é caso de arbitragem, mas de um acordo que não precisava ocorrer na Justiça”, diz uma pessoa próxima à Odebrecht. Mas a disputa saiu da fase de conciliação. Desde o final do ano passado, nenhum integrante da família Gradin está à frente de qualquer negócio do Grupo Odebrecht. Bernardo, que presidia a Braskem, empresa petroquímica, foi substituído por Carlos Fadigas. Miguel, que comandava a Odebrecht Petróleo e Gás, foi trocado por Roberto Ramos.

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Agora, o processo aberto pela Graal, da família Gradin, ficará parado até que o pedido da Odebrecht seja avaliado. Em 30 páginas, a Odebrecht enumera algumas das posições da juíza Maria de Lourdes Oliveira Araújo consideradas contraditórias e prejudiciais ao prosseguimento do julgamento. Não há prazo para que uma conclusão aconteça e a resolução, enfim, encerre essa disputa bilionária.

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