Os dobrões do Vaticano

A crise vai braba na Europa. Tão braba que o pessoal resolveu apelar ao Vaticano. Foi comovente o pedido de ajuda dos bispos gregos ao papa Bento XVI – inocência que há muito não se via numa diocese. É duro admitir, mas não faz sentido que uma instituição religiosa se desfaça de dinheiro exatamente no momento em que se fazem mais úteis suas promessas de que tudo ficará bem desde que se acredite no que ela quer que você acredite.

Se falta dinheiro para comida, também falta para o dízimo. A crise pega todo mundo, até a Igreja, que não vai começar a pagar impostos logo quando ninguém tem ofertas para lhe dar. A lição aqui é simples: não se tira dinheiro da igreja, mas junto com ela. Mirem-se no exemplo do governo brasileiro, que não me deixa mentir.

Marcelo Crivella no Ministério da Pesca foi golpe de mestre. É a multiplicação dos peixes, no melhor sentido bíblico. Se não pode abortá-los, junte-se a eles, ou algo assim. Está dado o exemplo e cabe aos europeus se inspirar nele. É preciso estar ao lado de Deus, principalmente nos momentos ruins. E se estiver faltando ideias a gregos e italianos, vai uma que eu tirei dum livro do André Gide.

Em se tratando de religião, quanto mais esdrúxula a história, maior a chance de convencer. O plano é o seguinte: o papa foi sequestrado. Substituído por um sósia do mal, Joseph Ratzinger é mantido nos porões do Vaticano e só sairá de lá graças a uma mirabolante operação que, naturalmente, vai custar uma fortuna.

O assunto, para o bem de todos, deve ser tratado da forma mais sigilosa possível, sob o risco de atrapalhar o plano de resgate e decretar o fim do pontífice. Arrecadada uma soma considerável – o bastante para pagar as contas do Velho Incontinente, digamos –, lideres religiosos e seculares repartem os ganhos e tranquilizam as boas almas que se prestaram a salvar o papa em segredo.

Ou você tem uma ideia melhor?

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