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Economia

Petroleiros denunciam venda de refinaria na Bahia por metade do valor real

Fundo árabe comprou por US$ 1,65 bilhão uma refinaria que valeria pelo menos US$ 3 bilhões, apontam os petroleiros

(Foto: ABr)
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Da Federação Única dos Petroleiros – O valor da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, pela Petrobrás para o Fundo Mubadala, de US$ 1,65 bilhão, comprova que a privatização da unidade está sendo feita sem sua devida valoração. A avaliação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) se baseia em cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que, usando o método de fluxo de caixa descontado, apontou que a refinaria valeria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. Ou seja, a RLAM está sendo vendida pela metade de seu real valor.

Além disso, como a FUP e seus sindicatos vem apontando há pelo menos oito meses, a venda da RLAM vai criar um monopólio regional no estado e em toda a região Nordeste, com combustíveis mais caros e risco de desabastecimento para os consumidores. Tal problema foi apontado por estudo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, encomendado pela Associação das Distribuidoras de Combustíveis – Brasilcom, que avaliou ainda outras cinco refinarias que estão à venda e indicou o mesmo risco para todas as plantas.

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“A RLAM recebeu investimentos de R$ 6 bilhões somente em hidrotratamento nos últimos dez anos. No entanto, a refinaria está sendo vendida por pouco mais que isso, num momento economicamente ruim em todo o mundo. E não é apenas da planta de refino que está sendo vendida a preço de banana, mas toda a infraestrutura de armazenamento e escoamento da RLAM. São quase 800 quilômetros de dutos, fora os tanques de armazenagem. É um péssimo negócio para a Petrobrás, para a Bahia, para o Nordeste e para todo o Brasil”, aponta Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.

Bacelar ainda reforça o quanto a população baiana e de todo o Nordeste poderá sofrer ainda mais com combustíveis mais caros com a venda da refinaria. Se a política da atual gestão da Petrobrás de Preço de Paridade Internacional (PPI) já vem penalizando a população – hoje a empresa anunciou o terceiro reajuste da gasolina e o segundo aumento do óleo diesel e do gás de cozinha no ano –, o Fundo Mubadala terá total liberdade de cobrar o preço que quiser pelos produtos que a RLAM produzir – ou mesmo optar por vender os produtos no mercado internacional, provocando desabastecimento.

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A venda da RLAM é ainda mais grave, lembra a FUP, porque a refinaria tem sido peça-chave para equilibrar o desempenho financeiro da Petrobrás durante a pandemia. A planta baiana tem respondido por cerca de 30% da produção da Petrobrás de óleo combustível para navios (bunker) com baixo teor de enxofre, atendendo exigência da Organização Marítima Internacional (IMO, sigla em inglês), combustível que tem sido bastante demandado no mercado internacional. As exportações de bunker amenizaram os resultados financeiros ruins da Petrobrás nos três primeiros trimestres de 2020.  

“A gestão da Petrobrás vai entregando ativos lucrativos e importantes para o resultado da empresa. Com a venda de tantos ativos que dão lucro, o que será da Petrobrás? Por isso afirmamos que a empresa está sendo privatizada aos pedaços. Não vai sobrar nada. A Petrobrás vai ser tornar uma empresa pequena e mera exportadora de petróleo cru, sujeita a perdas imensas com o sobe-e-desce das cotações internacionais de petróleo”, reforça Bacelar.

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Com o anúncio da venda da RLAM, o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-Bahia), filiado à FUP, está mobilizando trabalhadores e trabalhadoras da refinaria e poderá iniciar uma greve em protesto contra a venda da unidade, como aprovado em assembleias em dezembro passado.

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