Preços predatórios de importados ameaçam setor químico brasileiro
Indústria química brasileira está em crise devido aos preços baixos dos produtos químicos importados, que ameaçam a produção nacional e a estabilidade do mercado interno

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247 — A indústria química brasileira está enfrentando uma crise sem precedentes devido aos preços predatórios de produtos químicos importados, que ameaçam desestabilizar o mercado interno e colocar em risco a produção nacional de produtos químicos essenciais para diversas cadeias de valor. A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) alerta para a situação crítica que a indústria enfrenta e pede medidas urgentes para combater essa ameaça.
Desde o início de 2023, as importações de produtos químicos pelo Brasil atingiram níveis recordes, chegando a valores mensais entre US$ 5 e US$ 5,5 bilhões, um aumento significativo em relação aos valores pré-pandemia, que oscilavam entre US$ 3 e US$ 4,5 bilhões. No entanto, esse aumento nas importações não se traduziu em um aumento nos preços, pois houve uma redução de 17% no preço médio dos produtos importados até agosto deste ano.
O que é ainda mais alarmante é a redução de 39,1% nos preços médios dos produtos importados, caindo de US$ 1.569 por tonelada em agosto de 2022 para US$ 955 por tonelada em agosto de 2023. Esse drástico declínio nos preços está desequilibrando o mercado interno e levando a aquisições predatórias e desleais por parte de empresas estrangeiras que estão se aproveitando da competitividade artificialmente sustentada devido à guerra no leste europeu.
As exportações brasileiras de produtos químicos também estão sofrendo com a crise, registrando uma queda de 17,8% em comparação com o ano passado. A situação econômica na Argentina, que é o principal mercado de destino dos produtos químicos brasileiros, está contribuindo para o declínio nas exportações, aumentando o nível de ociosidade em grupos de produtos estratégicos fabricados no Brasil.
O resultado disso é um déficit na balança comercial de produtos químicos de US$ 32 bilhões nos primeiros oito meses de 2023, um valor superior à maioria dos déficits anuais das últimas duas décadas. Nos últimos 12 meses, o déficit comercial atingiu a marca de US$ 51,7 bilhões, destacando a urgente necessidade de medidas para combater importações predatórias e proteger o mercado doméstico.
A Diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, enfatizou a importância de adotar uma abordagem pragmática e ágil para preservar e fortalecer as cadeias de valor nacionais estratégicas, como a indústria química. Ela destacou a necessidade de o Brasil incorporar as melhores práticas e experiências internacionais para elaborar uma agenda de comércio exterior emergencial que responda aos desafios atuais, especialmente no combate às importações predatórias que ameaçam a produção nacional.
A Abiquim, que representa a indústria química brasileira, está fazendo um apelo às autoridades para que tomem medidas imediatas para proteger a indústria nacional e garantir a estabilidade do mercado interno de produtos químicos. A situação atual é vista como uma ameaça à fabricação local de produtos químicos essenciais para várias indústrias, incluindo a agropecuária, transporte, construção civil, saúde e higiene.
O setor químico desempenha um papel vital na economia brasileira, e a pandemia apenas ressaltou sua importância, fornecendo insumos essenciais para a produção de itens críticos, como luvas, seringas, máscaras e oxigênio.
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