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Presidente da Shell diz que governo Trump prejudica investimentos

Colette Hirstius defende regulamentação previsível e continuidade de projetos de energia limpa já autorizados nos Estados Unidos

Presidente da Shell diz que governo Trump prejudica investimentos (Foto: Reuters/Michaela Rehle)

247 - A presidente da Shell nos Estados Unidos, Colette Hirstius, afirmou que a decisão do governo de Donald Trump de interromper projetos de energia eólica offshore previamente autorizados é “muito prejudicial” para os investimentos e a economia do país. A declaração foi dada em entrevista ao Financial Times.

Segundo Hirstius, o setor de energia precisa de uma regulamentação “mais previsível”. “A incerteza no ambiente regulatório é muito prejudicial. Por mais que o pêndulo balance para um lado, é provável que ele balance igualmente para o outro lado depois”, disse a executiva, referindo-se às ordens do governo Trump de suspender o trabalho em parques eólicos offshore.

Ela acrescentou: “Eu certamente gostaria de ver aqueles projetos que foram autorizados no passado continuarem a ser desenvolvidos. Da mesma forma, se você pensar no negócio que administro offshore [Golfo da América], esse tipo de incerteza de licenciamento tem sido utilizado para minar as licenças que temos no passado, e isso é igualmente prejudicial”.

Um parque eólico offshore é formado por turbinas instaladas em alto-mar, aproveitando a velocidade e constância dos ventos marinhos para gerar energia limpa e renovável. A eletricidade é transportada por cabos submarinos até a costa, integrando-se à rede elétrica.

Restrições no setor e histórico da Shell

Colette Hirstius assumiu a presidência da Shell nos EUA em agosto deste ano, mantendo ainda seu cargo de vice-presidente executiva do Golfo da América, região responsável por cerca de 15% da produção petrolífera do país. Em janeiro, Trump renomeou o Golfo do México para Golfo da América, uma medida seguida por diversas empresas do setor.

“Previsibilidade sobre vendas de concessões, previsibilidade sobre licenciamento. Esses são elementos realmente importantes que contribuem para a confiança que temos nesta bacia. Acho que o Golfo como um todo sofreu com restrições de concessão de Biden”, afirmou Hirstius, destacando que as regras herdadas do governo anterior ainda impactam os negócios.

Shell mantém investimentos nos EUA

Com quase 80 anos de presença nos Estados Unidos, a Shell é a maior produtora de petróleo no Golfo, com 11 instalações offshore e mais de 11 mil funcionários e colaboradores. A empresa investe cerca de US$ 10 bilhões anualmente no país (aproximadamente R$ 53,5 bilhões, pela cotação atual).

Apesar das restrições, a presidente da Shell reforçou que a companhia não vai recuar em seus planos de negócios. “Quando falamos sobre a cultura dentro da Shell e a cultura de desempenho, acho que um dos aspectos que está em cada fibra – e não apenas nos EUA, mas globalmente – é a ideia de diversidade, inclusão para desbloquear oportunidades de negócios. É difícil se afastar disso. Não gostaríamos de fazer isso”, concluiu.