Problemas à frente para a maior economia do mundo
Após o crash de 2008, o FED resolveu inundar o mercado com liquidez e, ao invés de deixar o mercado solucionar seus problemas e se recuperar, resolveu amenizar o caos, criando uma nova bolha
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Após o crash de 2008, o FED resolveu inundar o mercado com liquidez. Ao invés de deixar o mercado solucionar seus problemas e se recuperar, o FED resolveu amenizar o caos que estava na época, criando assim uma nova bolha.
Esse primeiro QE surtiu algum efeito e proporcionou ganhos no mercado acionário e de bônus. Claro, esses ganhos foram nominais, já que, se comparados a algum ativo real (ouro ou prata), houve perda.
O maior problema desse tipo de ajuda é que ele privilegia alguns poucos às custas da maioria. Bancos como o Goldman Sachs, JPMorgan e Bank of America, que sofreram bastante com títulos podres em suas carteiras, saíram da crise muito mais fortes do que entraram, graças à ajuda do governo. Enquanto mais de 1000 bancos iam à bancarrota nos últimos anos, alguns poucos bancos adquiriram outros fortalecendo-se ainda mais.
Foi um jogo de cartas marcadas: os bancos médios e pequenos que fizeram o "dever de casa" e não participaram da folia do subprime, perderam uma grande chance de ganhar dinheiro nos anos anteriores a 2008. Quando veio a crise, esses bancos estavam em uma posição vantajosa e pensavam que poderiam crescer rapidamente, adquirindo bancos menos cautelosos. Infelizmente isso não aconteceu, já que o governo ajudou os grandes, punindo os que trabalharam bem com aumento da burocracia e regulamentação. Os bancos médios e pequenos que participaram da folia, esses sim quebraram e não receberam ajuda do governo.
E isso sem contar com as montadoras e empresas ligadas à chamada "energia limpa", claramente favorecidas pelo governo.
O "moral hazard" gerado com esse movimento do governo é perigoso, já que ele permite que as grandes empresas não tenham um controle de risco adequado, aumentando ainda mais as chances de um novo caos no mercado.
Os QEs subsequentes tiveram efeitos menores - como era esperado - e vão acarretar em problemas muito maiores para o país, como os da estagflação.
Uma das razões pelas quais os títulos do tesouro norte-americano estão tão baixos deve-se à compra agressiva do FED e do Banco Central Japonês. É algo interessante ver que, com o último programa de QE, conhecido como QE infinito, o FED se propõe a comprar US$ 85 bilhões/mês de títulos do governo e de hipotecas, o que equivale a cerca de US$ 1 trilhão/ano – valor do déficit anual americano.
O governo norte-americano precisa diminuir os gastos e deixar que o mercado faça seu trabalho. Com o objetivo de adiar o fim da festa (Bull market) e evitar a ressaca (correção), o governo continua a fornecer bebida (dinheiro barato) para as pessoas – o que ele ignora é que a ressaca (correção) será ainda maior quando passar o efeito do álcool (excesso de liquidez).
O modelo keynesiano não funciona, mas os políticos parecem ser incapazes ou não querem perceber isso.
Vale a pena lembrar que a Grécia ia bem, até o dia que o mercado impôs um aumento na taxa de juros dos títulos gregos. Quando os investidores perceberam que não iriam conseguir seu dinheiro de volta, começaram a vender os títulos gregos, e fizeram com que os yields disparassem, causando a crise naquele país. A grande causa da crise grega foi justamente o excesso de gastos do governo.
Com uma dívida de US$ 16 trilhões - sem contar com as hidden liabilities, como o Social Security, Medicaid & Medicare, etc -, o governo americano consegue pagar anualmente juros um pouco acima de US$ 300 milhões. Se a taxa de juros voltar a subir (e essa tem sido a tendência, especialmente agora que o Japão, o segundo maior comprador de títulos norte-americanos, vai começar o seu próprio programa de QE), o valor a ser pago pelos EUA em juros vai disparar. Se imaginarmos juros na casa dos 6% ao ano, o montante a ser pago somente de juros (sem contar com amortizações), subiria para praticamente US$ 1 trilhão ao ano, valor suficiente para impor maiores restrições a gastos naquele país e possível aumento de impostos – o abismo fiscal seria imposto aos EUA, não seria mais opcional.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: