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Economia

Quem é Terry Gou, que promete criar 100 mil empregos no Brasil

O CEO da Foxconn no nenhum santo, j teve empregados que se mataram e paga salrios irrisrios, mas costuma cumprir a palavra

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247 – O Brasil merece conhecer melhor o homem que na terça-feira 12 apertou a mão da presidente Dilma Rousseff, em Pequim, e se comprometeu a investir aqui US$ 12 bilhões e criar 100 mil novos empregos. O empresário Terry Gou reúne todas as condições para patrocinar esse milagre econômico, mas, definitivamente, não é nenhum santo. Aos 60 anos, nascido em Taiwan, ele é a versão último tipo dos work-a-holics, aqueles viciados em trabalho que não pensam em outra coisa. E ele não exige menos que isso de seus mais de 800 mil funcionários espalhados pelo mundo. Fundador e CEO da Foxconn, a maior fabricante de componentes eletrônicos do planeta, sua lista de clientes incluiu todas as grandes marcas da tecnologia, começando pela Apple, passando por Nokia, Motorola, Samsung, Phillips e Sony, chegando a IBM, Cisco, Compaq, HP e Dell. Todas elas usam as linhas de produção da Foxconn, especialmente as que ficam dentro da China, na cidade de Shenzhen, na super fábrica de Longhua. Ali, no primeiro semestre do ano passado, extenuados por jornadas de trabalho em torno de 16 horas diárias e salários mensais de, em média, US$ 120, nada menos que 11 trabalhadores se mataram. O procedimento foi simples e comum a todos os casos: depois do trabalho, um a um, em dias próximos entre si, eles deixaram suas camas nos grandes dormitórios anexos à fábrica e ... adeus, pularam pela janela.

“Eu não entendi o primeiro, o segundo e o terceiro casos como algo realmente sério”, disse Gou (pronuncia-se GUO) à revista Blomberg Business Week, em reportagem publicada na edição de setembro do ano passado. “Naquele momento, eu não se senti responsável, mas hoje me sinto culpado”, continuou, argumentando que comanda um império com 800 mil empregados. Só a partir do quinto caso do suicídio, ele achou melhor agir. “Decidi fazer algo diferente”, assumiu na mesma reportagem. Uma medida foi estabelecer um aumento de 30% nos salários. Outra foi a criar um centro de acompanhamento psicológico para os empregados, com mais de uma centena de profissionais treinados para atendê-los. Uma terceira, contratar uma empresa de relações públicas, a americana Burson-Massteler, para contribuir na mudança do perfil corporativa. Nos 35 anos de existência da Foxconn, era a primeira que se recorria a serviços de terceiros nas áreas de comunicação e imagem. Vigiada por guardas armados, vestidos como policiais de ruas, com uniformes azuis e distintivos, a fábrica de Shenzen é um colosso de dois e meio quilômetros quadrados, à qual o mundo exterior praticamente não tinha acesso. A reportagem da Bloomberg Business week só pode ser feito no novo contexto de abertura, após os suicídios. Constatou-se, então, que, entre outras providências, uma foi de esticar mais de dois quilômetros de redes junto às janelas, a uns dez metros do solo, para impedir que novos saltadores de janelas chegassem ao chão.

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A despreocupação, até então, do CEO Gou com as condições de trabalho em suas fábricas tem uma profunda razão de ser: o fato de ele próprio mal pensar em outra coisa, a não ser em trabalho. A Foxconn foi fundada por Gou em 1974 com US$ 7,5 mil tomados emprestados de sua mãe. O primeiro passo foi alugar um galpão na cidade de Taipé, o maior coração industrial da China, no bairro Tucheng, que, em mandarim, significa sujeira. Ali, ao lado de indústrias que iam crescendo com a fabricação de brinquedos, ele comprou com o dinheiro materno duas máquinas de moldagem de plástico e passou a fabricar botões para televisores preto-e-branco. Fornecia para a americana TV Almirante, de Chicago, seu primeiro cliente, mas rapidamente fechou contratos com a RCA, Zenith e Phillips. Pouco depois, passou a fazer conectores para o famoso console de videogames Atari. Nos anos 80, com um pouco mais de musculatura industrial, sentiu-se apto a dar o seu pulo de gato. Tomou um avião, alugou um automóvel Lincoln e foi ser caixeiro viajante de sua empresa nos Estados Unidos. Ao longo de 11 meses, visitou mais de 30 companhias de tecnologia, oferecendo componentes a preços imbatíveis. Para baixar os custos de sua própria viagem, ele dormiu muitas noites no banco de trás do carro alugado, conforme apurou a reportagem da Bloomberg Business Week.

“Terry é um líder forte, com paixão pela excelência”, disse à revista, sobre o CEO chinês, o diretor de operações da Apple, Tim Cook. O histórico de relacionamento entre a Foxconn e a companhia americana de computadores, iPhones, iPods e iPads data dos tempos em que ele batia de porta em porta, nos EUA, oferecendo seus serviços de alto nível por preços imbatíveis por quaisquer outros. Hoje, como já se viu, sua lista de clientes tem todas as grandes companhias de tecnologia do mundo. Além de simplesmente montar aparelhos, Gou direcionou sua indústria para a produção dos materiais necessários para os mesmos componentes, ganhando não apenas em escala, mas em todas as etapas do processo. Assim, a Fioxconn, hoje, é capaz de tanto de fazer as carcaças de computadores Dell, como os chips que estão dentro dos telefones Motorola, por exemplo.

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No Brasil, o plano inicial da Foxconn é fazer uma grande fábrica para construir os iPads da Apple. Sob a promessa de investir US$ 12 bilhões em cinco anos e criar 100 mil empregos nesse período, Gou tende a repetir a fórmula que fez sucesso na China, com a contratação de mão de obra vinda do meio rural, com idade entre 18 e 25 anos e disposta a ganhar salários que não podem, em nenhuma hipótese, serem considerados altos – sua fábrica em Taiwan chega a remunerar trabalhadores, mensalmente, com o equivalente a 30 libras esterlinas (cerca de R$ 150). Por aqui, em razão da legislação trabalhista que impõe garantias como o salário mínino (R$ 540) e a jornada de oito horas diárias, ele não poderá bisar, literalmente, sua fórmula de sucesso. Mas é bom os sindicatos ficarem de olho: Gou se disse capaz de abrir sua fábrica no Brasil, provavelmente no interior de São Paulo, já em novembro.

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