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Economia

Sayonara, Schin

Cervejaria brasileira vendida para grupo japons Kirin por quase R$ 4 bilhes; famlia Schincariol marcada por traumas, como o assassinato do fundador Jos Nelsone a priso dos herdeiros, como o presidente Adriano (foto)

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247_Sayonara, Schin. Mais uma cervejaria brasileira foi desnacionalizada. Depois da brasileira Ambev, vendida para o grupo belga Interbrew, e da Kaiser, alienada para a mexicana Femsa, foi a vez da Schincariol, de Itu, que acabou sendo adquirida pelo grupo japonês Kirin, por R$ 3,95 bilhões. O negócio causou espanto no mercado cervejeiro brasileiro. A venda da companhia brasileira era dada como certa para a SabMiller, dona da marca Heineken, que chegou até a iniciar uma due dilligence (procedimento que analisa toda as contas de uma empresa que será comprada). Os japoneses, porém, foram pacientes e esperaram o momento certo para adquirir a segunda maior fabricante do mercado brasileiro com, aproximadamente, 11% das vendas.

A Kirin comprou o controle da Aladre-Schinni, sociedade que pertencia aos irmãos Alexandre e Adriano Schincariol, donos de 50,45% das ações. Os acionistas minoritários continuam sendo os primos José Augusto e Gilberto, que manterão os 49,55% de participação. O negócio será finalizado ainda no terceiro trimestre deste ano. Com a desnacionalização da Schin, resta um único grupo cervejeiro de capital nacional: o Petrópolis, que produz a marca Itaipava.

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A venda da cervejaria pelos irmãos Alexandre e Adriano era uma operação que vinha sendo preparada há alguns anos. Desde 2005, quando eles foram presos pela Polícia Federal na operação Cevada, que buscou acabar com uma rede de sonegação de vários impostos, como o Imposto de Renda e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, Alexandre e Adriano queriam passar a cervejaria para frente. Na época, eles acusaram os concorrentes insatisfeitos pelo avanço da Schin de armar a operação que teria um único objetivo: atender a interesses privados. Era um segundo drama para uma família que ainda não tinha se recuperado do traumático assassinato de José Nelson Schincariol, fundador da companhia, e vítima de um crime ainda não esclarecido, em agosto de 2003, quando tinha 60 anos. A soma desses dois problemas fazia os Schincariol desejarem se ver livres da sua fábrica de bebidas.

O certo é que nos últimos seis anos, a Schincariol ameaçou abrir seu capital na bolsa de valores e foi cobiçada por grandes grupos cervejeiros globais, que desejavam crescer no Brasil via aquisição. Enquanto fazia o papel da noiva do mercado cervejeiro, a Schin fez um bem-sucedido plano de negócios para comprar pequenas cervejarias que caíram no gosto popular. Com fabricação artesanal, produção limitada e distribuição para um seleto grupo de cidades e bares, em pouco tempo a Schin adquiriu as cobiçadas Devassa (Rio de Janeiro), Baden Baden (Campos do Jordão, SP) e Eisenbahn (Blumenau, SC). Ao invés de concentrar as atenções no mercado das cervejas pilsen, onde a concorrência com marcas como Skol, Brahma, Antarctica e Kaiser era mais complicada, a empresa passou a ter uma carta de bebidas premium, que geravam um valor maior de venda – embora a Nova Schin continuasse como o carro-chefe.

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O que muitos apreciadores temiam não aconteceu: a Schin não mexeu na fórmula de sucesso das cervejas premium. Aportou capital para fazê-las crescer e chegar a um grupo maior de consumidores. Além disso, aproveitou a marca Devassa para lançar uma bebida pilsen com todas as provocações que o nome permitia. A primeira garota-propaganda foi Paris Hilton, a bilionária herdeira da rede de hotéis que se envolve em polêmicas amorosas pelo mundo. A mais audaciosa contratação, porém, foi da cantora Sandy, filha do sertanejo Xororó, que de papel de moça recatada se transformou em mulher-veneno ao associar a sua imagem à da revista. A estratégia de marketing deu tão certo que o retorno com as propagandas da Sandy renderam 40% mais para a Schin do que a primeira tentativa com a internacional Paris Hilton, dizem pessoas próximas à empresa. Os irmãos Adriano e Alexandre tinham deixado os planos de venda para trás?

Não, não tinham. Agora, a japonesa Kirin, com faturamento de R$ 40 bilhões no ano passado, vai ficar com uma empresa fundada em 1939 em Itu, cidade do interior de São Paulo, com 13 fábricas no Brasil, todas as marcas populares e premium, além das unidades de fabricação das bebidas não-alcóolicas. Sayonara, Schin.

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