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Segunda virada?

A preocupação demonstrada pelo governo, e confirmada via ata do COPOM, é que o orçamento não deverá se expandir em gastos, e sim teremos um custeio da maquina pública no atual patamar

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Em alguns artigos anteriores, comentei que a presidenta Dilma estava afastada do noticiário, e que esperava em breve uma resposta progressista para a economia brasileira. Ao que tudo indica, tivemos algumas notícias positivas para combater a paralisia econômica interna resultado das complicações mundiais. A equipe econômica atuou e apresentou propostas para fazer girar a economia.

As principais ações apresentadas foram um plano de mobilidade urbana para as médias cidades, que injetará bilhões de reais no lado real da economia e notícias sobre um novo movimento de apoio a indústria (desoneração de PIS COFINS, barateamento do custo de energia e outras medidas), que chegou a ser chamado por muitos jornais como uma segunda virada do Governo Rousseff.

Devo lembrar que muitos dos ajustes que serão apresentados pelo governo federal são frutos da reunião com os empresários e outras lideranças do setor privado com a presidenta.

As medidas apresentadas pelo governo vêm no momento de piora do cenário externo, ocorrida com a constatação de que o motor econômico alemão demonstrou nos últimos dias um desaquecimento, além de níveis de desconfiança crescente frente a manutenção do EURO como moeda única na zona européia. Há registros, na própria Alemanha, de utilização do antigo Marco Alemão como moeda, fato que comprova a perda de confiança no Euro.

No cenário externo, devemos somar ainda a provável desaceleração econômica da China. O governo chinês já sinalizou que sua temperatura econômica baixou, e fará ajustes internos para reequilibrar as demandas comerciais.

Sabemos que este "resfriado" chinês atingirá às grandes economias exportadoras, leia-se Alemanha (que já sentiu o movimento) e o Brasil, através de sua carteira de commodities.

Outro ponto é a alteração de algumas variáveis produtivas internas na China, como por exemplo, a elevação do custo de produção naquele país, que mesmo ainda muito abaixo dos patamares de alguns outros concorrentes vem sofrendo uma constante elevação, impulsionada pelos salários reais crescentes.

No Brasil, acompanhando todas estas movimentações negativas, o governo reconheceu que o PIB no acumulado do ano não passará de 3%, bem abaixo da taxa de crescimento estimada em 4,5%.

Este diagnóstico vem de encontro a queda das expectativas dos empresários, que já começaram a desenhar um cenário com um consumo das famílias mais retraído, endividamento crescente e inadimplência seguindo uma leve tendência de alta.

Em consonante a tudo isso, o relatório do FMI apresentou mais uma vez preocupação frente à visão de longo prazo para a economia brasileira, ou melhor, criticou a ausência de tal visão de longo prazo, a ausência de estratégias econômicas que construam um crescimento econômico sólido e constante.

Para as medidas propostas por Dilma, que se traduzem em um segundo movimento de reativação da Economia (lembro que o primeiro movimento pode ser considerado a quedas das taxas de juros, que ainda não chegou ao fim) não podemos deixar de lado o programa Minha Casa Minha Vida, que também receberá reforço de caixa para ampliar sua atuação.

Para o Plano de Mobilidade Urbana funcionar, é importante que as cidades médias enquadradas nos requisitos técnicos, apresentem projetos sérios, honestos e com capacidade de atendimento real a população.

Significa dizer que, as cidades, leia-se seus prefeitos e equipe, precisam viabilizar tais projetos/obras. Caso contrário, será mais um plano do governo federal que fica emperrado, sem resultados práticos.

Estes esforços em prol de mais empenho de verbas canalizados a programas estratégicos virão acompanhados de uma moderação no custeio da máquina pública. Veja, isto é a intenção do governo e deveria ser a forma correta: o governo abre as torneiras do investimento e fecha a outra ponta das despesas com sua burocracia e ineficiência. Se isso acontecer, estaremos no caminho certo.

A preocupação demonstrada pelo governo, e confirmada via ata do COPOM, é que o orçamento não deverá se expandir em gastos, e sim teremos um custeio da maquina pública no atual patamar. Porém, os investimentos para potencializar a economia deverão se manter em crescente proporção.

O governo tenta ativar a economia com alguns programas de investimento, que, por um lado, acabam enrijecendo seu orçamento, pois deixam pré estabelecidos as alocações de recursos para alimentar tais projetos, impedindo novas ações de ajuste e folgas, caso a crise se acentue e a arrecadação federal baixe.

As medidas para uma segunda virada do governo estão esboçadas, com as ideias e focos traçados. O desenrolar destas ações serão vitais para aquecer a economia brasileira.

Antônio Teodoro da Silva Junior é economista e professor

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