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Economia

'Setor energético tem que ser propriedade do Estado', diz Iury Paulino

Dirigente do Movimento dos Atingidos por Barragens defende que soberania e democratização da energia dependem de controle público

Iury Paulino (Foto: Reprodução)
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Opera Mundi - No programa 20MINUTOS ENTREVISTA desta sexta-feira (16/07), o jornalista Breno Altman entrevistou o coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Iury Paulino, sobre a questão energética no Brasil. 

Para o geógrafo, o setor energético "tem que ser propriedade do Estado, porque é estratégico em todas as dimensões, e porque só o Estado pode garantir um preço justo para toda a população”.

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Paulino defendeu, além de um modelo estatal, um modelo energético popular, que discuta com a população os elementos que compõem o modelo para que as pessoas possam escolher as matrizes a serem utilizadas em função da qualidade de vida da população, “vendo energia como um bem, não como uma mercadoria”.

Ele explicou que, atualmente, a questão é tratada como técnica, quando, na verdade, é política, “não é uma questão de matriz”.

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“Claro que temos que usar as diferentes fontes disponíveis, a solar, a eólica. Mas a matriz tem que ser usada para enriquecer o Brasil, gerar riqueza que seja distribuída e sob controle popular. Hoje, energia é mercadoria, é uma fonte de enriquecimento de grandes corporações, não é algo usado para garantir qualidade de vida ao povo. Não tem sentido criar uma série de impactos ambientais para não dar qualidade para o povo brasileiro”, argumentou.

O geógrafo reforçou que não é contra o desenvolvimento de nenhuma fonte, mas, sim contra a forma como é feita sua apropriação, que não discute e não tem parâmetros ambientais, sem levar em conta a realidade da população, não só consumidora, mas atingida. “E quanto falamos em atingida, não é só a comunidade ribeirinha que é alagada, é o comerciante que vendia para aquela comunidade, a professora que ia dar aula ali e de repente não pode mais”, ressaltou.

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Por isso, para ele, a esquerda brasileira deve liderar uma perspectiva de desenvolvimento mais saudável, “pensando para o que e para quem se toca na natureza”. Paulino acredita que o campo progressista cria espaço para o debate, mas este ainda é muito técnico.

“É preciso politizar o debate, ele ainda tem pouco alcance, é pouco priorizado. Só que sem discutir energia não se discute desenvolvimento, nem soberania, nem qualidade de vida”, enfatizou.

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Da ditadura a Bolsonaro

Paulino analisou a evolução do modelo energético brasileiro desde a época da ditadura militar (1964-1985), quando foram realizadas grandes obras hidrelétricas, até as privatizações “perversas” de Jair Bolsonaro. 

“Antes, o fornecimento de energia era função do capital privado, que não deu conta da demanda. Então o governo militar entrou em uma fase de construção de grandes hidrelétricas, muitas sem utilidade nenhuma”, contou o coordenador da MAB.

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Esse modelo começou a ser mexido após a redemocratização, atingindo seu primeiro ciclo neoliberal, com privatizações e o surgimento das primeiras empresas distribuidoras de energia.

“O período neoliberal dividiu o negócio, perdemos as distribuidoras públicas, vendidas a preço de banana. Aí houve tarifaço, explosão da conta de luz e racionamento de energia”, explicou.

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Em seguida veio um terceiro modelo, estabelecido pelos governos petistas. Paulino lamentou que durante os governos Lula nada mudou com relação aos atingidos, não foram criadas políticas de reparação, por exemplo. “Mas teve processo organizativo, e aí não faltou energia para ninguém”, ponderou.

No governo Dilma, por outro lado, houve conquistas mais importantes. Ela renovou as concessões das usinas públicas, evitando que fossem à leilão e privatizadas, garantindo o preço mais barato para a população. “Só que não houve diálogo com a população, não entendeu a importância disso”, discorreu.

“O governo teve a possibilidade de dialogar, podia ter feito mais. O próprio Lula admite que o governo tem uma dívida histórica com a população atingida”, agregou.

Com Bolsonaro, o geógrafo acredita termos chegado no ciclo mais cruel do neoliberalismo com relação à energia. Não só o governo deixou que se esvaziassem os lagos, as caixas hídricas, mas quer privatizar a Eletrobras e incentivar a construção de usinas termoelétricas, “sem nenhuma viabilidade econômica”, que são muito mais poluentes e cuja energia é vendida a preços mais altos.

“Está ocorrendo a deseletrificação do país, a conta de luz está explodindo, apagões estão acontecendo. Lembremos do Amapá. No MAB vemos que está havendo um controle total dos agentes privados sobre o setor e aí é um salve-se quem puder, não dá tempo nem de entender o que está acontecendo”, revelou.

Paulino destacou que muitas pessoas já não conseguem mais pagar a conta de luz, desligando a luz de casa, o que piora significativamente a qualidade de vida da população: “Não tem como comer, não tem como viver. E o que é mais grave é que vai ficar pior. Ou o povo brasileiro se revolta, se recusa a pagar a conta e não deixa que a luz seja cortada, ou o consumidor vai continuar sendo prejudicado”. 

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